O demônio da luz vermelha

57 9 5
                                    

Aviso: o conteúdo a seguir é sensível, e trata de temas que podem ser gatilhos para você. Se você não gosta de temas pesados, por favor, não leia. 


(...)


 A Basílica de São Pedro podia ser listada entre as cinco maiores e mais belas construções feitas por seres humanos, de acordo com seu refinado gosto pessoal. De abóbadas altas, decoradas com pinturas e esculturas, e com frases em latim entalhadas em seus mínimos detalhes, a estrutura imponente, cujo a cor predominante era o pacífico bege, se tornou o ponto central do poder divino na terra dos humanos, e um portal de conexão direta com os anjos do Senhor.

Tibi dabo claves regni caelorvm... — Murmurou ao ler uma parte do texto, olhando para cima — Que belo, magnífico.

— Gabriel, fiquei surpreso ao saber que você gosta de algo feito por humanos. — Uma voz suave ecoou pelo vazio da basílica.

— Zadkiel, você também não gosta dos humanos, mas devemos ser maduros o suficiente para aplaudir suas construções mirabolantes. — Ele sorriu — Veja como é belo, inspirador, artístico.

— Gabriel, não viemos aqui para isso.

— Tem razão. — Ele o encarou sem desmanchar o sorriso — Viemos aqui para nos reunir com nossos irmãos e descobrir onde Miguel está.

Mesmo em seu corpo humano, Gabriel era assustador. Alto e de olhos esverdeados, ele tinha cabelos loiros e curtos, e usava dois brincos de crucifixo dourados em suas orelhas. A calça preta e larga, com bolsos grandes e um cinto de couro com furos duplos, ornava com o par de coturnos pesados, a camiseta de gola alta preta, e o casaco sobretudo preto, que o protegia do frio europeu. Era como a figura de um badboy descrito em livros de romance humano.

Zadkiel, ou Ezequiel, tinha uma aparência mais amigável. Sua forma humana era de estatura mediana, e ele tinha cabelos pretos e ondulados bem bonitos, e um par de olhos cor de mel. Vestia uma calça jeans larga e calçava um tênis. Em cima, usava uma camiseta de mangas curtas, com estampa de banda, por cima da camiseta de mangas compridas que lhe protegia do frio. Ele parecia mais jovem do que Gabriel e muitas pessoas os confundiam com um casal de namorados. Como se Ezequiel fosse louco o suficiente para namorá-lo.

— Eu recebi o chamado de Rafael. Ele disse que encontrou Abaddon na Coreia do Sul, e parece que Azrael também está lá. — Ezequiel explicou, e Gabriel passou as mãos pelo queixo de maneira caricata, como se estivesse pensando em algo.

— Soube que os mares deste país andam agitados, com muitos sinais demoníacos.

— Bom, é... — Ezequiel suspirou — Pedi ao Uriel para ir antes de nós, e investigar a situação.

— Tudo bem, eu confio no Uri. Somos mais inteligentes do que Rafael. Ele se apresentou em sua forma humanoide angelical, quando podia ter usado um corpo humano comum para investigar o paradeiro de Miguel sem se revelar aos aliados de Lúcifer. — Gabriel pontuou.

— Ele quis apressar as coisas, deu uma surra em Abaddon e estigmatizou o companheiro humano de equipe dele, depois de pressioná-lo a entregar-lhe o paradeiro de Miguel.

— Eles firmaram pacto? — Gabriel mudou bruscamente de feição, e seus olhos verdes se tornaram frios e opacos. — Se tiverem feito um pacto, vou denunciar Rafael ao Pai.

— Não sei, não conseguimos localizar Abaddon para confirmar essa informação. — Deu de ombros — Ainda que tenham firmado um pacto, essa briga não deve tomar nosso foco de Miguel.

O CaçadorOnde histórias criam vida. Descubra agora