CAPÍTULO 9

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O esplendoroso salão de festas nem parecia o mesmo. As incontáveis mesas afastadas para o escuro das extremidades, e toda delicadeza enfraquecida nos arranjos de flores, eram como um lembrete da minha covardia. Como pude fazer isso com a minha própria mãe?

Como eu poderia ser tão hipócrita desejando proteger ela do Jungkook, quando tenho que protegê-la de mim mesmo?

— Caramba, estou cheio de fome - Taehyung confessou, olhando a equipe do buffet, enquanto todos formávamos uma espécie de grande roda ao redor dos noivos.

— Vai ter que esperar, ainda falta a valsa - Seokjin alertou, continuando a se afastar.

— Valsa? - os olhos do meu primo se arregalaram. — Pra que isso? Já não se casaram?

Jennie bufou, balançando a cabeça. Decerto, ela achava que essas dúvidas idiotas eram proferidas apenas para provocá-la, já que Taehyung também sabia sobre sua obsessão por casamentos.

Mas não era bem assim. Na verdade, Taehyung costumava ignorar os detalhes. Com certeza, sua cabeça de vento ficava sobrecarregada com várias informações ao mesmo tempo, por mais fáceis e essenciais que fossem.

Talvez isso explicasse a falta de compromisso em seus relacionamentos amorosos. Para ele, o básico seria ter o status de namoro, transar e oferecer atenção. Já os detalhes, um verdadeiro inferno: maturidade, responsabilidade afetiva, fidelidade, demonstrar sentimentos... e toda infinidade de requisitos.

Jennie não queria, mas forçou-se a encará-lo com irritação, exclamando:

—Aff, como você é burro! A valsa é uma tradição, uma memória especial e inesquecível para os noivos, padrinhos e todos os presentes. É a coisa mais linda do casamento, deixando-o único e mágico. Como você pode não enxergar isso?

— Porque isso é uma grande palhaçada. Nós passamos horas naquela cerimônia. Será que já não basta?

Jennie rolou os olhos e voltou a se concentrar nos noivos, que moviam-se lentos e elegantes sob o majestoso lustre dourado, guiados pelo som de Ed Sheeran: Photograph. O clássico mais previsível de todos os casamentos.

Era uma obra prima; facilmente a música mais romântica de todos os tempos. Nessa dualidade do amor, Jungkook nitidamente não curaria minha mãe, ele faria o amor doer.

Acompanhados pelos padrinhos e demais convidados, a valsa se prolongou por mais de quatro minutos. Ninguém aproveitou tanto esse momento quanto os fotógrafos, que capturavam cada passo com tranquilidade, como se sua única obrigação fosse eternizar parte de um conto de fadas.

Assim que a canção terminou, gritos e aplausos se expandiram. Mal liberaram a festa e Taehyung já estava correndo para as panelas. Seokjin e a maioria dos convidados, se organizavam no canto esquerdo, prestes a começar a sessão de fotos com o casal sob um arco florido que envolvia o resto da decoração.

Vi Jennie correr até Lisa quando meu olhar voltou para o lado direito. Eu estava praticamente girando em círculos; restando apenas eu e eu.

Respirei fundo e caminhei até a mesa mais isolada, no canto escuro daquele espaço. Um garçom circulava com taças de vinho e champanhe por perto. Eu não hesitei em pegar quatro só para mim. As coloquei na mesa e fui virando uma de cada vez.

— Você é fraco para bebida, vai mesmo misturar? - Taehyung perguntou, sentando-se ao meu lado com um prato de comida. — Tá querendo se embriagar é?

— Não me enche o saco, Taehyung.

— Ui - ele arqueou as sobrancelhas, e em seguida olhou para os lados, expressando preocupação. — Por que está aqui sozinho? Cadê Jennie e Seokjin?

O MESTRE MANDOU Onde histórias criam vida. Descubra agora