CAPÍTULO 10

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Em grande parte alcoolizado, nem sei como me lembrei de que havia escrito algo em casa. Tateei os bolsos e, cuidadosamente, retirei o papel dobrado.

Minha mãe já se emocionava, antes mesmo da leitura. Naquela folha estavam escritos meus desejos para os noivos. Demorei horas para expressar toda gentileza e ilusões que criei sobre meu futuro padrasto.

Ali estavam palavras bonitas que Jungkook não merecia. Então, quase como um impulso, guardei o papel, começando a falar:

— Acho que este é oficialmente o nosso primeiro encontro, Jungkook.

Eu lhe dirigia um olhar apertado, olhos que lutavam contra as lágrimas.

— Que maneira inusitada de nos conhecermos, não é? Se tivéssemos nos encontrado antes, talvez eu nem te reconhecesse.

Minha voz soava irônica enquanto meu peito apertava. Sem controle, lágrimas começaram a escorrer, silenciando ainda mais a sala.

— Porque o jeito que minha mãe sempre falou de você era como se você fosse um príncipe, o melhor homem do mundo... e eu quero acreditar nisso - minha voz vacilou, ainda mais chorosa. — A minha mãe é a mulher que eu mais amo no mundo, e eu vejo como você a faz feliz...

Olhei para ela e forcei um sorriso triste, prosseguindo:

— Quem sabe um dia, eu e essas pessoas encontremos um parceiro como você. Alguém honesto, atencioso, que me faça tão feliz quanto ela está hoje, que me faça sentir vivo como você a faz sentir, alguém que se importe comigo como você se importa ela, alguém que me ame assim como você a ama... E, ah... que me mande flores no dia do casamento e horas depois me ligue tão inesperadamente - tentei soar o mais neutro possível, apesar das indiretas.

Me concentrei em falar mais sobre minha mãe, mencionando o casamento que teve com o meu pai, algumas dificuldades que passamos, até que limpei as lágrimas, dizendo:

— Jungkook é um criminoso.

Foi inesperado. Ele arregalou os olhos e engoliu em seco no mesmo instante. Lisa e Yoongi também tremeram. Eles se olhavam, sem saber o que fazer.

— Ele está roubando a minha mãe de mim... - finalizei em um tom leve e tristonho, mantendo meu olhar fixo no seu. Eu estava disposto a mostrar que, ao seguirmos com isso, não lhe daria paz.

Após a breve ameaça, a raiva visível nos olhos dele aumentava conforme ouvíamos: " ah... como o Jimin é fofo", " ah... que amor..." vindo dos convidados.

-— Parabéns, mamãe. Parabéns, Jungkook. Espero que vocês sejam muito felizes!

Todos aplaudiram; encantados pela minha dor disfarçada. Eu entreguei o microfone para a cerimonialista e, antes que eu fosse até minha mãe, ela veio até mim, chorando enquanto trazia seu noivo para a droga de um abraço coletivo. Nem preciso mencionar o quão sufocante foi o desconforto.

Agradeci aos céus quando nos separamos, ao som da voz da cerimonialista, que fez o anúncio que todos estavam esperando: finalmente, havia chegado a hora de cortar o bolo. Isso restaurou a animação dos convidados, mas o que realmente fez todo mundo explodir de alegria foi quando avisou que as piscinas seriam liberadas em breve.

Jennie e Seokjin se aproximaram ao me ver sozinho perto da mesa do bolo. Perguntaram se eu queria passar o resto da festa com eles na piscina. Assenti com um leve sorriso, sem desviar os olhos dos noivos, que cortavam a fatia perfeita, cercados por flashes e aplausos exagerados, assim como tudo que presenciei nesse casamento.

Mais tarde, quando liberaram as piscinas, Seokjin e eu fomos ao banheiro. Na privacidade da minha cabine, encarava as marcas do chicote estampadas na minha bunda. A ideia de usar sunga nem passava pela minha cabeça; seria impossível esconder aquilo. Minha única saída foi vestir um short curto e fininho que, ao menos, me livraria de olhares aterrorizados.

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