Ainda esperando por Miranda, olho para um lado e outro tentando acha-la, mas ela ainda não voltou, será que foi embora? Não, ela não faria isso comigo, ela acreditou em mim! E por que toda essa demora?
Se bem que na verdade, eu que estou me precipitando, acho que só fazem dois minutos que Miranda saiu para buscar a coisa misteriosa que minha mãe deu a ela, talvez seja longe onde ela colocou, não é? Droga.. estou tão ansiosa que não consigo pensar direito! A única coisa que está claro em minha mente, é que mamãe esconde algo, e eu vou descobrir o que é.
Com muitos pensamentos me rodeando, não percebo, mas alguém se aproxima de mim.
- O que uma moça faz aqui sozinha? - Escuto a voz de um rapaz e me levanto pelo susto. - Não, me desculpe, não queria assustar você. - O rapaz se distancia e põe as mãos para trás.
- Se veio fazer gracinhas contra minha pessoa, sinto muito, mas não irei colaborar com isto! - Falo séria, não quero passar pela mesma situação que passei quando cheguei no vilarejo.
- Longe de mim fazer gracinhas com uma moça, só perguntei por que já está ficando tarde. - Ele diz em tom gentil, parece ser mesmo inofensivo.
- Perdão, não quis ser grossa. - Na verdade, eu quis, mas funcionaria em outras circunstâncias.
- Não tem por que se desculpar, uma dama deve mesmo receber respeito.
- Obrigada por entender, caro cavalheiro. - Rio e lhe faço uma reverência, o fazendo ir também.
- Por nada, bela moça. - Ele também faz uma reverência. - Mas bem, tenho que ir para casa, trabalhei tanto que quase não sinto meus braços.
Eu nem sequer percebi, mas agora que ele falou, vejo seus braços fortes e suados, as veias apareciam com facilidade e ele estava num entanto sujo, não só os braços, mas a roupa do corpo inteiro.
- Vá cavalheiro, tenha seu merecido descanso. - Brinco e ele dá um pequeno sorriso de lado.
- Vou, e cuidado bela moça, não volte tarde para casa, é bom estar segura.
- Estarei em casa antes do amanhecer, lhe garanto. - Ele arqueia uma sobrancelha, mas logo ri mais uma vez.
- Tenha uma boa noite. - Ele faz mais uma vez a reverência para mim.
- O mesmo para o rapaz. - Retribuo com outra reverência e ele vai embora. Ele me parece ser um bom homem, e vendo ele ir de onde estou, percebo Miranda voltando da sua "longa" procura.
O rapaz e ela se encontram, eles se falam e ele dá um leve beijo em sua bochecha, devem se conhecer a bastante tempo, mas não deveria pensar nisso agora, porém, quando Miranda chega até mim, minha primeira pergunta foi:- O rapaz é seu parente? - Me sento novamente na cadeira onde estava e Miranda me acompanha.
- É meu filho, percebi que ele veio de cá. - Não sei por que, mas acho essa informação muito interessante. - Estava falando com vossa alteza?
- Estava, estava sim, ele é um homem bem.. - Estava prestes a dizer besteiras, porém, controlo minha boca antes disso. - Mas esse não é o assunto que conversaremos, o que a senhora foi buscar? - Mudo o assunto e ela franze o cenho.
Tento imaginar o que ela está pensando, então faço uma cara curiosa, o que faz ela falar logo o que trouxe.
- Lhe trouxe isto. - Miranda tira de um pequeno saco de pano um lindo colar, com pingente de lua e uma pedrinha de luz azul. - A rainha pediu para que eu guardasse, disse que um dia essa pessoa viria até mim.
- Esta pessoa sou eu.. - Digo em baixo tom.
- Sim, eu não acreditava nessa história até a senhorita aparecer falando do mapa, agora sei que sua mãe falava as mais verdadeiras palavras.
- Ela lhe disse algo a mais? - Mamãe sabia de tudo, ela quer ser encontrada, eu sempre soube que tinha algo além de um simples desaparecimento.
- Não, apenas me entregou e pediu para que eu cuidasse tão bem como cuido dos meus filhos, e assim fiz, mas agora, ele é seu. - Ela coloca o colar em minhas mãos trêmulas, e eu observo o brilho da pequena pedra no pingente. - Fico honrada em realizar um pedido de nossa grande rainha.
- Obrigada senhora Miranda, irei lhe retribuir algum dia. - Digo a olhando.
- Não preciso de retribuições princesa, meu coração está limpo, só isso me serve.
- Maravilha, mas lhe retribuirei sim, e não mudarei de ideia tão cedo; mas precisarei ir agora, preciso desvendar este mistério que minha mãe me deixou.
- Vá com Deus princesa, faça o certo. - Ela fala se levantando e eu faço o mesmo.
- Voltarei aqui assim que puder! - Me aproximo e lhe abraço, sendo retribuída logo em seguida. - A senhora é uma grande mulher, minha mãe fez bem em ser sua amiga. - Ela ri e eu escuto sua risada alta.
- Não minta tão descaradamente princesa, não sou tão gentil assim.
- Mas é uma boa mulher. - Nos separamos e eu coloco o colar em mim, mas o brilho que ele emana, acaba no mesmo segundo. - Eu fiz algo? Por que não brilha mais? - Digo rápido, com medo de ter algo errado.
- Sinceramente, não sei, mas descubra isto em casa, certo? Está tarde, e não quero a princesa correndo perigos noturnos.
- Irei agora, obrigada dona Miranda, a senhora é um anjo! E por favor, não conte a ninguém sobre eu estar aqui, confio em sua pessoa.
- Não direi nada a ninguém, vá tranquila.
Sorrio para ela e saio de lá depressa, no caminho vejo as pessoas voltando para as casas, a música já não estava tocando, e as ruas estavam mais vazias, olho para o céu, e a lua já estava mais brilhante que nunca, o que me fez ter um leve desespero, preciso ir para casa, Joana sempre passa em meu quarto para checar se estou bem, se não me encontrar lá, princesa Amara virará mais um quadro para a parede.
Ando segurando o vestido e torcendo para chegar até a ponte em instantes, mas andei como uma condenada, mais cedo estava tão bom com a folia do vilarejo e a companhia de Roseta, que não me importei com o quanto nós andamos, mas cheguei na ponte. Meu cavalo ainda estava lá, fiquei surpresa pois ele estava acompanhado de uma linda égua, acho que estavam trocando carícias, mas infelizmente tive que atrapalhar, montei no cavalo e voltamos correndo o mais rápido que ele pôde.
Chegando lá, fiz o que tinha feito mais cedo, deixei o cavalo no mesmo lugar, passei pelo buraco mais uma vez, o fechei e voltei como uma ave para o quarto, sem fazer barulhos, é claro.Deito na cama e me sinto uma guerreira, sei que não deveria fazer coisas escondidas, mas aventura poderia ser o meu segundo nome. Me sinto tão alegre e lá fora estava tão livre, vendo pessoas novas, um lugar novo, música nova e tão mais animada, conheci até uma taverna, o que nem sabia o que era. Papai me protege tanto, que esquece que também preciso viver, preciso saber o que é a vida, se não, nunca saberei lidar com ela; se eu não fosse esperta o bastante, o homem velho que falei, poderia ter feito algum mal para mim, ainda bem que percebo o que é bom e o que mal.
Tiro todas as minhas peças de roupa e coloco no armário, escondendo somente a capa por debaixo da cama, coloco a camisola às pressas e tiro o colar, se Joana me ver com isto, amanhã será um dia de interrogatórios. Coloco o colar na gaveta onde está a carta e o mapa, e quando estou trancando, escuto os passos de Joana.
- Princesa Amara? - Joana diz ainda do lado de fora do quarto e essa é minha chance para correr até a cama e fingir um sono, exatamente o que fiz.
Joana entrou no quarto e me viu a "dormir", se aproximou e passou as mãos em meus cabelos, me deu boa noite e saiu do quarto novamente.
Sem abrir os olhos, sorrio vitoriosamente, não espero a hora de viver mais uma aventura.
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Em um reino distante..
FantasíaEssa história pode até parecer um conto de fadas, mas digo, não é um.. Mais longe do que vocês imaginam, existe um reino, o reino de Adhara. Onde se encontram coisas lindas, mas também esconde segredos obscuros, segredos aos quais Amara procura tant...