No dia seguinte..
Já era manhã novamente, manhã de mais um dia normal.
Papai e eu conversamos brevemente, estava tudo bem, mas ele teve que ir resolver algumas coisas do outro lado do reino, no vilarejo que temos. Papai vai uma vez na semana, para ajudar o povoado e repor o que falta, ele ajuda muitas pessoas ali, pelas mensagens que Frederico traz, todos o amam.
Andei observando meu pai, ele sai às sete da manhã, e volta ao meio-dia, o que quer dizer, que tenho seis horas para fazer algo que não vou dizer a ele.
Já disse que papai me privou de muitas coisas depois do desaparecimento de minha mãe, por isso, que quando ele não está no castelo, eu tiro esse tempo para aproveitar, ou pelo menos, tentar aproveitar. Todos ficam de olho em mim aqui, Joana e Frederico sempre estão por perto, e recebem ordens para dizer a meu pai o que eu fizer de errado.
Agora, Joana está arrumando os quartos, e eu a estou acompanhando.
- Vamos Joana, por que não posso ir à floresta? Papai nem está em casa.
- Princesa Amara, por favor, estou ocupada e preciso me concentrar. - Joana diz dobrando alguns lençóis.
- Me diga que posso e eu a deixo em paz.
- Princesa, a floresta é um lugar perigoso, já não basta o que aconteceu com sua mãe?
- Se eu não for, nunca descobrirei o que aconteceu!
- Então que fique sem descobrir! - Ela me diz terminando o último lençol. - Agora, por favor, deixe esse assunto para trás, vá ler um livro ou toque algum instrumento.
- Não irei! Sairei escondida deste castelo e vou até a floresta. - Digo decidida.
- Não passará dos portões, os guardas não a deixarão ir, sabe bem disso. - Ela se vira para mim.
- Está mais chata do que nos dias passados, Joana, com todo respeito, é claro. - Ela ri e põe as mãos na cintura, sei que não conseguirei convencê-la, então paro. - Certo, estou indo para a sala de música, me chame quando meu pai chegar.
- Claro, vossa alteza.
Saio do quarto sem dizer mais nada, queria ser como eles, conseguir deixar para trás algo que marcou tanto nosso reino. Mamãe dava vida a este lugar, lembro que já tivemos bailes, festas extraordinárias, e mamãe convidava as rainhas sempre para tomar chá, elas conversavam a tarde inteira.
A música estava sempre tocando, e tudo era tão mais..claro.
Vivendo tudo isso, como posso deixar isso para trás?
Em meio a esses pensamentos, chego à sala de música, nossa sala favorita, minha e de minha mãe, cada momento era mágico.
Ando até perto de alguns instrumentos, e antes de tudo, abro as janelas, o ar fresco da manhã que entra na sala é maravilhoso, mas ninguém nunca as abriu. O vento era forte, e fez algumas cortinas balançarem, mas uma cortina específica, me chamou atenção. Atrás do piano, fica essa cortina, essa única cortina na parede, e quando o vento entrou na sala, ela balançou, descobrindo uma porta.
- Uma porta? - Me aproximo do piano.
As janelas nunca são abertas naquela sala, isso nos impossibilita de ver o que tem atrás das cortinas, mas agora, eu vi. Passo pelo piano e chego até a porta, não era grande, mas eu passaria sem esforços.
Tento abrir a porta, porém está trancada. A moldura da fechadura é diferente das demais do castelo, isso me fez ficar mais curiosa, porque teria uma porta desconhecida na nossa sala de música? Sem perder tempo, vou à procura dessa chave, talvez deva estar por aqui, mas também me faz questionar se está em outra sala, será que meu pai sabe desta porta? Por que ela não está aberta? O que será que tem depois dela?
Muitas e muitas perguntas, até eu passar pelo piano, e ver que dentro, tem uma caixinha.- Deve estar ali, mas que óbvio, por que alguém esconderia algo tão na cara assim? - A caixa está tão longe, mas com muito esforço, consigo pegá-la, e para minha felicidade, era a chave que estou procurando. Levo até a porta e coloco na fechadura, elas se encaixam perfeitamente e a porta se abre, me mostrando uma escada que levava para baixo.
Estava tudo escuro, só conseguia ver o primeiro degrau por causa da iluminação da sala, mas tenho coragem o suficiente para descer, então é isso que farei. Dou o primeiro passo para o primeiro degrau, e duas tochas se acenderam nas paredes, mostrando que era tudo pedra, mas espera, elas acenderam sozinhas.. magia!
A cada passo dado, duas tochas se acendiam, me mostrando o caminho; Parecia longe, mas em alguns minutos, cheguei em outra porta, a mesma porta da sala de música, mas diferente dela, essa estava destrancada. Abro a porta e ela me revela uma pequena sala, linda e já iluminada, com certeza papai não sabe deste lugar, assim como eu mesma não sabia.
Apesar de ser pequeno, parecia aconchegante, entro e sinto uma sensação tão estranha, porém boa! Na minha frente, há um grande espelho, me mostrando por inteira, do lado uma escrivaninha e alguns papais nela, acima tinha um relógio, que já marcava oito e vinte.
- Quem será que fez esse lugar? - Olho mais ao redor e me aproximo da escrivaninha, vendo uma carta e alguns comunicados que estão ali. Não conheço as letras de quem escreveu os comunicados, mas a carta me chama atenção. - "Para: Amara" - "para Amara" estava escrito na carta que havia ali, ela estava fechada e celada, ninguém havia lido ainda.
Será que mamãe a deixou para mim?
Meu coração acelera pensando na possibilidade disto ser verdade, mas, por que ela deixara uma carta para mim aqui? Por que não me entregou? Será que não deu tempo? Penso em respostas que poderiam ser respondidas as minhas perguntas, mas não consigo nada.
No celo, havia a letra C, provavelmente C de Clifford, o sobrenome de nossa família. Papai não vinha a esta sala com frequência, ele sabia que era especialmente de mim e de minha mãe, será mesmo que mamãe fez esta carta para mim? Se a fez, é melhor eu abri-la.Abro a carta e tenho uma grande decepção, estava toda manchada de tinta, não consigo ler nada, apenas o começo, que dizia: Querida Amara..
O que será que aconteceu para ficar assim? Talvez a tinta tenha caído na folha e ela a deixou aqui, mas por que deixou celada e já com meu nome? Olho para o relógio novamente e já davam nove horas.- O quê? Eram oito até uns instantes atrás! - Falo surpresa, mas depois não me importo tanto. - Deve estar quebrado, meu objetivo agora é achar mais cartas como está.
E assim fiz, procurei por toda sala, mas todas as gavetas estavam vazias. Quando já estava cansada de procurar nos mesmo lugares, decidi parar, se este lugar é mágico, na próxima vez que eu voltar, outra carta estará aqui.
Deixei tudo devidamente como estava, peguei a carta e voltei para a sala de música, assim que fecho a porta do lugar secreto e arrumo a cortina, ouço Joana me chamar.- Majestade! Me responda, estou a bons minutos lhe chamando, peço que abra a porta, seu pai já está lhe esperando para almoçar.
O quê? Já é meio-dia? E eu não tranquei esta porta.
- Desculpe Joana. - Vou rapidamente até a porta e a abro. - Devo ter trancado sem perceber, estava tocando e nem vi o tempo passar.. - Menti, claramente.
- Tudo bem princesa, mas agora temos que ir, seu pai a espera.
- Certo, podemos ir. - Dou uma última olhada para dentro da sala, e as janelas estão fechadas, não fechei as janelas, assim como não fechei a porta.. - Vamos, Joana. - Digo e saio da sala, Joana fecha a porta e me acompanha.
Escondi a carta em meu vestido, depois do almoço com papai, vou ter mais coisas para me questionar no meu quarto, nada faz muito sentido, mas espero encontrar um alguma hora.
Acho que tenho muito a descobrir..
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Em um reino distante..
FantasyEssa história pode até parecer um conto de fadas, mas digo, não é um.. Mais longe do que vocês imaginam, existe um reino, o reino de Adhara. Onde se encontram coisas lindas, mas também esconde segredos obscuros, segredos aos quais Amara procura tant...