𝟎𝟒- 𝒕𝒉𝒆 𝒉𝒂𝒍𝒍 𝒐𝒇 𝒇𝒂𝒎𝒆

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𝑾𝑬𝑫𝑵𝑬𝑺𝑫𝑨𝒀 𝑨𝑫𝑫𝑨𝑴𝑺

Enquanto lavo as minhas mãos, noto como borrei minha maquiagem ao coçar o olho mais cedo. Deus, eu estou um desastre! Tento limpar um pouco do rímel escorrido, porém a coisa só piora. Eu poderia dizer que estou uma bagunça sexy, mas não sei, acho que esse reboco preto ao redor dos olhos está demais para me deixar atraente ou qualquer merda assim. Merda!

Faço o melhor para me limpar e quando vejo, mal sobrou maquiagem no meu olho. Isso quer dizer que toda aquela sombra e delineador que fiquei horas fazendo, escorreram com o corretivo. Rolo os olhos para mim mesma e pego o batom vermelho na bolsa, torcendo para que ele segure meu look por mais um tempo.

Termino de me ajeitar e saio do banheiro, pronta para mais uma etapa do meu plano “chegar perto da minha ídola’’. Estou animada e desatenta ao me virar à esquerda, para voltar para a sala de estar, onde acontece a festa, quando trombo com algo. Meu coração acelera e uma enxurrada de adrenalina é injetada em minha corrente sanguínea.

Sou tomada por um cheiro de cigarro misturado com perfume feminino que faz meu coração bater forte, mas é quando duas mãos me seguram pelo braço, fazendo-me encarar aqueles olhos azuis, que meu mundo cai. Bem aos meus pés.

Enid. Está. Tocando. Em. Mim. Talvez eu morra. Hoje. Nesse momento.

— Ah, hum... oi? — Minha voz quase sai irreconhecível. — Desculpa, não te vi aí.

— E tudo o que consegui fazer foi te ver, Wednesday. — Puta merda!

Minha mão vai até meu coração quase que imediatamente. Ele está frenético e bate tão rápido que até parece que vai parar. Não posso morrer, não agora. Depois, eu até aceito, mas neste momento, tudo o que preciso é viver isso com ela.

Não consigo acreditar que Enid Sinclair está bem aqui na minha frente, em toda a sua glória.

— Você sabe o meu nome — sussurro, quase como se isso fosse um segredo, enquanto tento respirar fundo. — Você sabe quem eu sou.

Tipo, puta que pariu! Ela sabe o meu nome. Ela estava me procurando.

Ela. A minha ídola. Ela me conhece!

É, talvez eu já tenha até morrido e ninguém me avisou.

— Você estampa revistas e sites de fofocas, acha que não vou saber o seu nome? — Poxa vida, olha essa voz.

O timbre rouco com o sotaque texano é algo que me deixa maravilhada. Assim como seus olhos. E sua boca. E ela. Enid por inteiro. Linda. Linda de morrer! A mulher mais linda do mundo. O que você quer comigo, linda?

— Uhum — respondo, ainda com a mão no coração. Vamos lá, sei como respirar. Não é possível que eu não consiga fazer isso só porque Enid Sinclair está na minha frente. Meu Deus! Enid Sinclair está na minha frente! E, não, eu não consigo acreditar nisso, de verdade. Não minto quando digo que sou fã dela e dessa banda. Sou mesmo e sou do tipo psicótica!

— Você é fofa, tenho que admitir. — Tadinha, não me conhece mesmo. A casca pode até ser fofa, mas o interior... Ah, esse já é do jeitinho que as psicólogas amam. Inclusive, a minha gosta de verdade. Às vezes, me pego refletindo sobre o que seria de mim sem a minha terapia todas as quintas…

— Preciso respirar só um pouquinho — murmuro, puxando o ar, tentando ficar calma.

Se Aimee me visse agora, iria gargalhar. Ele sempre apostou que eu travaria caso ficasse cara a cara com a mulher dos meus sonhos, já eu insistia que iria bancar a blasé. Olha eu aqui pirando como uma fã. Patética, Wednesday. Simplesmente patética.

Composition Of Our Lies - wenclair Onde histórias criam vida. Descubra agora