𝟏𝟏- 𝒆𝒗𝒆𝒓𝒚 𝒄𝒉𝒐𝒊𝒄𝒆 𝒉𝒂𝒔 𝒊𝒕𝒔 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒆𝒒𝒖𝒆𝒏𝒄𝒆

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𝐄𝐍𝐈𝐃 𝐒𝐈𝐍𝐂𝐋𝐀𝐈𝐑

Tomo um susto quando, ao tentar novamente passar minha digital na maldita porta do meu novo apartamento, ela se abre e, dela, sai uma princesa muito, mas muito irritada.

Ou seria um dragão?

— Posso saber o que está fazendo na minha casa? — questiona, visivelmente furiosa.

— Eu que deveria te perguntar isso, já que você está na minha casa. — Minha resposta faz seu rosto ficar ainda mais vermelho. Linda.

Como pode uma garota ser tão linda assim?

Passei dias lembrando desse cabelo, desses olhos, dessas covinhas fofas nas bochechas. Não tem um dia em que eu não pense em Wednesday. Não tem um dia que eu não tenha que me convencer de que fiz a coisa certa ao me afastar dela.

— Sua casa? Que eu saiba, minha mãe não passou o apartamento para ninguém. Ela nunca o venderia sabendo que Aimee e eu moramos aqui.

— Você mora com ela? — Por um breve segundo, sinto o ciúme corroer meu estômago. Ela mora com uma garota.

Foda-se que é amiga dela. Foda-se.

Hero se casou com a prima de segundo grau, e esse tipo de vínculo nunca impediu ninguém de acabar ferrando com tudo. Literalmente.

— Isso não é da sua conta — resmunga, quase fechando a porta na minha cara, mas coloco meu pé no vão, impedindo sua falta de educação.

— Você ia fechar a porta na minha cara?

— Ah, qual é... você não quer mais me ver e agora vai fazer drama porque não quero te ver? Me poupe. — Seus olhos magoados me pegam desprevenida. Odeio saber que ela se importou com meu distanciamento, assim como amo saber que ela se importa.

— Quando pensei que era uma princesa, achei que era a Frozen, não a maldita Fiona. — A mágoa que vi ali se dissipa, dando lugar a uma raiva que me faz querer rir.

Gostei de provocá-la. O que será que Wednesday vai fazer agora? Me dar um tapa ou me beijar?

Se eu fosse uma pessoa legal, escolheria o tapa, mas como não sou, fico louca para que ela me beije.

— Por que você não volta para o buraco de onde saiu? Claramente, essa não é sua casa.

— Dependendo de qual buraco for, prefiro entrar. — Está vendo por que fico em silêncio? Quando abro a boca, só sai besteira.

— Sai daqui antes que eu te jogue pela janela!

Quanta animosidade…

— Antes disso, uma pergunta. Estou em qual andar? — Com arrogância, ela vira os olhos para mim, mas responde, mesmo querendo me matar.

— Na cobertura.

— Ah, meu andar é o trigésimo nono.

A boca dela se abre um pouco, os olhos se arregalam, mas ela se recupera rapidamente.

Aí está a minha Frozen.

Adoro como ela congela o coração e paralisa todos ao seu redor. O gelo de Wednesday sempre me aquece.

Ela não sabe ainda, mas acabou de me atiçar.

Wednesday acabou de provar que dá conta de mim com maestria. Ela me idolatra, mas não a ponto de pisar em seu próprio orgulho. A garota simplesmente me odiou, sem desculpas.

Gostei disso.

Gostei muito disso.

Mulher brava me conquista tão facilmente, e ela nem sabe disso. Mas talvez descubra.

Entro no elevador sorrindo e suspirando.

[...]

— Calma, por favor! Não estou entendendo nada do que você está dizendo — Brianna praticamente grita, interrompendo meu raciocínio enquanto ando de um lado para o outro na minha cozinha, que ainda parece mais um campo de guerra do que uma casa.

— Estou dizendo que Wednesday é minha vizinha. Ela mora no andar de cima. — Por que minha voz está tão animada? E essa felicidade no meu peito? O que é isso?

Eu sei o que é: estou ferrada.

Essa garota conseguiu acabar comigo antes mesmo de começarmos.

— Enid... — minha amiga suspira, exausta. — Faz um mês que você fala dessa garota para mim todo santo dia. Você até fez um fake para segui-la nas redes sociais. Acho que ser vizinha dela está longe de ser o seu maior problema.

— Ela me odeia agora — digo, genuinamente feliz.

— Claro que odeia, você a ignorou sem motivo. Qualquer pessoa no mundo te odiaria. — Brianna revira os olhos, mas eu continuo sorrindo.

Não consigo parar de sorrir.

— Você está sorrindo como uma maluca.

— Se eu fosse maluca, não estaria com a barriga gelada agora. — Rio mais alto e Brianna arqueia as sobrancelhas. — Como eu não notei isso antes?

— Que você está obcecada por ela? Mas você sabia. Só não queria admitir.

— Brianna... — Sento no sofá, parecendo uma criança pedindo um presente impossível.

— O quê?

— Estou sorrindo, está vendo? Olhei para ela por menos de cinco minutos e estou sorrindo como uma idiota. Isso é algo.

— Como você se apaixonou por uma garota que mal conhece? — Brianna pergunta, com a testa franzida.

— Eu a conheço. Passei uma semana falando com ela o dia inteiro. Sei do que ela gosta, sei sua rotina. Sei o quanto ela valoriza a família e como é viciada em trabalho. E sei que Wednesday me faz sentir viva de uma forma que nunca senti antes.

Então é isso que as pessoas sentem quando se apaixonam? Agora entendo por que se dedicam tanto a isso.

— Mas, Enid... e sua promessa?

Eu sei... Não posso ter um final feliz, mas... eu quero tanto essa garota.

— E se fosse só um momento? Se eu me permitisse ficar feliz por um tempo, algumas horas? Ela me faz sentir... — Exaltada. Ansiosa. Wednesday me faz sentir como se estivesse diante da coisa mais excitante do mundo.

— Enid, você vai tentar conquistar essa garota?

— Não. Nada de relacionamentos. — Dou de ombros, sem querer pensar no futuro. — Ela é nova. Não quero um compromisso. Só quero...

Rir com ela.

Beijar.

Abraçar.

Foder.

Quero tudo isso, e agora que sei que ela está logo ali, não consigo mais deixar de querer.

Acho que é isso que um coração apaixonado faz: ele deseja. Então, por que não dar a ele o que anseia?

— Só espero que você não a magoe, Enid.

— Vou ser sincera com ela.

Brianna arqueia as sobrancelhas, cética.

— Eu juro! Vou ser sincera. Wednesday vai entender.

— Dificilmente. Mas... faça o que quiser. Só não esqueça que a última pessoa que fez Wednesday sofrer... bom, você sabe como foi.

E é isso que mais me deixa louca nela. Essa força, essa capacidade de se defender de qualquer dor.

Wednesday é incrível. Forte e doce ao mesmo tempo.

Preciso descobrir seu gosto.

— Agora eu entendo — digo, deitada no sofá.

— O quê?

— Porque as pessoas fazem loucuras por amor.

— Só não se esqueça de onde essas loucuras levam.

— Ao fundo do poço.

Eu sei. E quer saber? Prefiro o fundo do poço do que o vazio que enfrento todos os dias.

Quero aquela garota. E vou ter.

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⏰ Última atualização: Oct 10 ⏰

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