𝟎𝟔- 𝒐𝒓𝒅𝒆𝒓 𝒘𝒉𝒐 𝒄𝒂𝒏, 𝒐𝒃𝒆𝒚𝒔 𝒘𝒉𝒐 𝒉𝒂𝒔 𝒂 𝒔𝒆𝒏𝒔𝒆

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𝑾𝑬𝑫𝑵𝑬𝑺𝑫𝑨𝒀 𝑨𝑫𝑫𝑨𝑴𝑺

Me lembro perfeitamente de quando me apaixonei pelas passarelas: eu tinha 12 anos e fui com meu pai e tio Logan em um desfile da Louis Vuitton e fiquei fascinada. Me apaixonei perdidamente pela moda e pelos desfiles.

A revista Yuna passou a ser minha parceira de todas as horas, e os programas sobre moda, a minha maior diversão. Aprendi muita coisa sobre esse universo naquela época, mas tinha um problema: aprender a desfilar.

Muitas de nós, modelos, fazemos cursos para aprender o bom e velho catwalk. Ninguém nasce com dom para nada. Não acredito nisso. O que precisamos para ficarmos bons em algo é um amontado de treino e oportunidades para atingir tal objetivo.

Possibilidade, eu até tinha, mas precisava lidar com meus pais e a óbvia objeção deles com o meu sonho. Hoje em dia, olho para trás e sei que eles estavam certos. Esse mundo é hostil e perigoso. Não é algo que você sonha para a sua princesinha.

Depois de alguns meses e muito choro no processo, consegui ganhar de presente de Natal as tão esperadas aulas de passarela que eu tanto queria. Foi o primeiro passo. Ainda havia muitos pela frente.

Por mais que meus pais nunca tivessem me exposto na mídia, eu não era totalmente invisível. Tenho um sobrenome importante, uma herança relevante e um rosto que sempre chamou atenção. Ninguém havia me liberado para postar aquela foto no meu aniversário de 16 anos. Já eu, não esperava que ela fizesse tanto alarde.

Minha primeira publicação no Instagram foi um estouro. As pessoas queriam me ver. Elas queriam saber mais sobre a herdeira Addams. Elas se interessaram... e eu amei!

Comecei assim, como influencer digital, postando um pouco sobre beleza e moda, mostrando looks e maquiagens que eu gostava, e claro, um pouco da minha vida pessoal. Mas não queria estar apenas nas telas. Eu almejava estar nas passarelas, nas capas de revista. Eu sonhava com o mundo da moda. Foi então que consegui um contrato com uma agência de modelos em Nova York — para o desespero dos meus pais.

Fui muito desacreditada. Muito mesmo. Primeiro que eu não nasci em berço da moda. Minha família é, sim, muito rica e muito respeitada, mas a moda é um mundinho à. parte. Ninguém ali se importava que meu pai ganhou o Super Bowl inúmeras vezes, ou que minha mãe é a jogadora mais premiada. Ninguém se importava que eu era a herdeira direta
do império Addams.

Sobrenome não constrói talento. Dinheiro não compra prestígio. Eu precisava me provar. Precisava ser perfeita. E, bem... eu não fui.

No meu primeiro desfile profissional, no auge dos meus 17 anos, eu caí. Simplesmente caí como uma jaca podre em cima de um salto 22 quando estava representando uma das marcas mais prestigiadas do ano.

O que ninguém sabia é que o salto agulha do meu sapato estava quebrado e só notei quando estava na passarela. Foi uma tragédia. Chorei por dias, convencida de que tudo estava acabado e, por algumas semanas, acreditei em cada crítica que escutei e li. Foi um dos piores momentos da minha vida.

Foi numa quarta-feira chuvosa que recebi a ligação de Sabrina Dallas, na época, diretora artística da maior revista do mundo, e a minha favorita: a Yuna. Juro que quase morri quando ela se apresentou para mim com um tom de voz ameno e educado, dizendo que queria marcar uma reunião comigo para tratar de negócios. A mulher cortou caminho e não falou com meus agentes, muito menos com o meu empresário — que naquela época ainda era o meu pai.

Ela me ligou. Ela me quis.

Fui capa da revista mais famosa do mundo naquele inferno e consegui dar a volta por cima usando Chanel. Foi perfeito. Aquela capa ainda é a minha favorita e é ela que estampa o hall de entrada do nosso apartamento. Digo nosso, pois moro com Aimeé há algum tempo, nessa cobertura, no coração de Nova York.

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