𝟏𝟎- 𝒑𝒆𝒂𝒄𝒆 𝒊𝒏 𝒕𝒉𝒆 𝒕𝒐𝒘𝒆𝒓

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𝑾𝑬𝑫𝑵𝑬𝑺𝑫𝑨𝒀 𝑨𝑫𝑫𝑨𝑴𝑺

Bom, se ela me queria longe, pelo menos poderia ter me avisado. Uma mensagem cortando as minhas expectativas. Teria sido mais educado e menos idiota da parte dela.

Uma semana no vácuo! Mandei mensagem na noite do Grammy! querendo saber onde ela estava, mas fui ignorada. Mandei no outro dia, perguntando se estava tudo bem. Foi visualizada e... só isso mesmo, ignorada também. Na segunda, tentei novamente, querendo saber como ela estava. Aconteceu o mesmo. Visualizada e não respondida. Terça-feira, depois de uma certa agonia, tentei de novo, e adivinha o que descobri? Que estou bloqueada e não é só no WhatsApp, mas também de todas as redes sociais.

Eu. Fui. Bloqueada. Pela. Minha. Ídola.

— Finalmente o nosso novo vizinho vai se mudar — Aimeé diz, olhando pela sacada, com a testa enrugada, enquanto escuta as vozes que vêm do nosso vizinho do andar de baixo.

— Graças a Deus! Não aguentava mais o som da furadeira na minha orelha. Ficou o quê, uns 20 dias só reformando o apartamento?

— Acho que foi quase isso. Tentei descobrir quem comprou o apê, mas parece que é confidencial — resmunga, a  fofoqueira.

— Deve ser político.

— Ou algum empresário importante — complementa meu pensamento, ainda olhando pela varanda, tentando ver algo sobre o novo morador.

— Se fosse algum empresário, o seu pai saberia. Ele conhece a maioria desses caras.

— Eu o perguntei se sabia quem estava se mudando pra cá, mas ele negou. Acho que é político mesmo. — Ou seja, um velho chato que provavelmente odeia barulho.

Eu sou quieta, mal faço barulho em casa, exceto pelos sapatos de salto agulha que curto usar para trabalhar. Porém, não podemos dizer o mesmo de Aimeé, que adora dar festinhas, além de ser uma promíscua com uma necessidade irritante de ter muitas mulheres em sua cama de uma vez só.

— Mais um motivo para largar de ser bundona e ir atrás da Charli Você vê essa garota pelo menos uma vez por semana, não é possível que vai ficar com medinho de chamá-la para sair. — Me jogo em um dos três sofás da sala de estar enquanto minha melhor amiga se vira para mim e coloca as mãos na cintura, meio ofendida pelo que falei.

Mas menti? Não menti.

— Você não disse que eu tinha que ter certeza dos meus sentimentos? Então... estou tentando ter certeza antes de chamar a garota para sair.  Charli nunca namorou. Na verdade, ela nunca foi em um encontro — Aimeé suspira audivelmente. — Não posso fazer uma cagada com uma menina assim. Se for mesmo acontecer, serei a primeira mulher da vida dela, se eu fodo com tudo...

— Você fode com ela — concordo com sua fala.

Nossos corações são como uma taça de cristal; depois de quebrado, pode até ser remendado, mas nunca mais será o mesmo.

Nunca mais será inteiro.

Admiro que minha amiga não esteja brincando com a menina, mesmo que, na maioria das vezes, ela seja meio cuzona com as suas parceiras. Finalmente, ela está aprendendo a levar os sentimentos de uma mulher a sério.

— Exato! Não quero isso. Cansei de me sentir mal por ter sido uma escrota. Essa fase da minha vida já passou. Não sou mais uma menina, estou perto dos 22, sabe? Está na hora de lidar com esse tipo de coisa de uma forma mais séria.

— Acho que essas férias vão te fazer bem. Um mês na Europa limpa a mente de qualquer um. — Depois de ganhar mais um Super Bowl, Aimeé ainda teve algumas responsabilidades com as suas publicidades, mas agora está na hora de retirar o seu time de campo e descansar. O descanso é mais do que merecido depois de ser bicampeã.

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