feelings | miles fairchild

trinta e dois

Zalia

Acordei com uma enorme dor de cabeça, olhei para o lado e vi que miles não estava mais ali. Me espreguicei e me levantei rapidamente, antes que a vontade de ficar na cama me controlasse novamente. Eu precisava pelo menos fingir 'pra mim mesma que eu não era uma fracassada e que tinha força de vontade mesmo que meu psicológico tivesse uma merda.

Calcei meus chinelos e caminhei até o banheiro que tinha no quarto de miles. Escovei meus dentes e fiz todas as minhas higienes, que demorou menos de 10 minutos. Sai do banheiro e caminhei em direção ao espelho que tinha no quarto do cacheado, sentando no chão para conseguir me enxergar no objeto. Desamarrei o cabelo e coloquei o lacinho em meu pulso, pegando uma escova e alisando a parte de cima dos meus cachos ruivos, pegando o resto e prendendo em coque despojado com suas mechinhas soltas. Coloquei meu uniforme e um tênis, passando perfume e desodorante. Eu não estava afim de passar nada no rosto, eu estar levantada ja era um grande marco.

—bom dia, rox. —me agachei ao lado da gata, acariciando seu pelo. —quando eu chegar da escola, te dou um sachê de petiscos. —sorri para a felina e depositei um beijo em sua cabecinha, a mesma se roçou em meu rosto e eu me levantei.

Caminhei até minha mochila e a joguei sob minhas costas, andando até a porta, a abrindo e fechando novamente. Comecei a andar pelo corredor em direção as escadas esperando encontrar miles la em baixo, quando escutei uma voz que me fez congelar no lugar que estava.

Ma...mamãe?

Me virei vagarosamente olhando para o quartinho que estava no final do corredor. Miles havia me dito para nunca entrar la em hipótese alguma, e eu apenas obedeci..bom..até agora. Quando vi, ja estava dentro do local. Era escuro e um sentia a poeira inundar meu nariz, procurei por alguma luz ali, mas não encontrei nada.

—zalia...

Sua voz doce invadiu meus ouvidos novamente e eu recoeei para trás em um sobresalto, sentindo meu coração pulsar rapidamente dentro do meu corpo.

—fugir...

—mamãe!? —gritei. —você esta aqui!? Me fale onde, porfavor! —disse andando pelo local, tentando encontrar algo, mas era apenas vazio...

—você...precisa...

—do que? Mamãe, onde você esta!? Eu preciso de você! Porfavor, esta sendo tudo muito doloroso, apareça, me fale que isso não e uma ilusão. —disse sentindo as lágrimas quererem descer dos meus olhos.

—você...pre-precisa...ser forte, querida. En-entenda...eu ja não existo mais.

Senti uma agonia imensa invadir meu peito e recoeei para trás novamente.

—fu-fuja...antes que-q-que...seja...tar-tarde...

—PARE COM ISSO! —gritei. —NÃO DIGA QUE ESTA MORTA, ISSO É A ÚLTIMA COISA QUE EU QUERO, PORFAVOR! —tampei meus ouvidos, me agachando de uma vez no chão.

—voce...sempre fo-foi t-tão co...corajosa, querida. E...eu se-sei que v-vai conseguir... eu estarei com você. M-mas de outra...outra forma.

—isso é apenas uma alucinação, não é!? Meu sub consiente esta apenas tirando uma com a minha cara, não é!?

—m-me escute...fu...fuja c..com...miles.. antes que seja tarde.

—EU NAO QUERO MAIS ESCUTAR ESSA VOZ! EU NÃO ACREDITO EM NADA QUE ESTOU ESCUTANDO, PARE! —berrei, tampando os ouvidos e chorando descontroladamente.

—eu..preciso que...se-seja for...forte. eu não tenho muito tem..tempo. eles...encontrarao meu corpo...onde menos esperam.

Levantei meu rosto em direção a voz, sentindo meus joelhos doerem pelo baque que dei no chão a alguns minutos atrás. Nada que eu estava escutando era verdade, não é? Eu tenho certeza que minha mãe esta em algum lugar, bem...é apenas o meu sub consiente tirando uma com a minha cara, eu tenho certeza disso!