O Último Adeus

409 48 82
                                    


Porto Real

Lucerys Velaryon

Eu abri meus olhos lentamente, a luz suave da manhã se infiltrava pelas cortinas pesadas de seus aposentos. Eu nem conseguia me recordar como eu havia acordado aqui, ou como havia chegado aqui. Pode ter sido o leite de papoula que eu pedi quando menti que estava com muitas dores, mas eu só queria dormir. Meu pai, estava ao meu lado, a expressão cansada e as olheiras profundas denunciando uma noite mal dormida.

O silêncio no meu quarto era pesado, carregado com o peso do luto não expresso.

"Você está acordado agora, Lucerys?" - A voz de seu pai era suave, mas havia uma firmeza nela que eu reconhecia bem.

Lucerys assentiu, sentindo a garganta apertar.

"Sim, pai." - ele respondeu, a voz rouca pelo sono e pela dor que ameaçava transbordar.

O filho do lorde de Derivamarca se inclinou para frente, os olhos fixos no meu rosto e na faixa a minha cabeça.

"Você se lembra do que aconteceu ontem?" – Sua voz era mais gentil agora.

As imagens vieram em flashes - o céu cinzento, o som ensurdecedor do combate, o grito de elmo do meu irmão cortando o ar como uma lâmina e caindo no chão. Eu fechei meus olhos, tentando afastar as memórias, mas elas eram persistentes.

"Eu... eu me lembro." - Eu disse finalmente, a voz quase um sussurro.

Seu pai assentiu, a dor refletida em seus próprios olhos.

"Nós perdemos muito, meu filho. Mas devemos ser fortes agora, mais do que nunca. Seu irmão... ele era valente. Ele morreu com honra." – Ele disse.

Lucerys olhou para seu pai, as palavras 'com honra' ecoando em sua mente. Ele sabia que seu pai estava certo, mas isso pouco fazia para aliviar a dor que sentia. A perda de seu irmão era uma ferida aberta, e ele não sabia como - ou se - ela iria cicatrizar.

"O que vamos fazer agora?" - Perguntei, a incerteza tingindo minha voz.

Meu pai se levantou, estendendo a mão para me ajudar a sair da cama.

"Nós vamos honrar a memória de seu irmão. Vamos garantir que sua morte não foi em vão. E você, Lucerys, você tem um papel importante nisso. Tudo muda a partir agora. Você sabe disso, certo?" – Ele disse.

Eu segurei a mão de meu pai, permitindo-me ser guiado para fora da cama. Eu não sabia o que o futuro reservava, mas com meu pai ao seu lado, sentia que poderia enfrentar qualquer coisa.

"Eu não quero falar sobre isso agora." – Eu falei.

"Tudo bem, não iremos falar sobre isso." – Ele disse, e então me abraçou.

O calor do abraço de meu pai, era um raro conforto em tempos tão turbulentos. Suas palavras que vieram depois, embora firmes, não eram duras.

"Vista-se, Lucerys. Você precisa comer algo antes de falar com sua mãe." – Ele disse.

Eu sabia que não era uma sugestão, mas uma ordem. A preocupação em sua voz era evidente, e eu não tinha forças para discutir. "Não estou com fome," murmurei, mas a expressão de Laenor não deixava espaço para argumentos. "Você está machucado, filho. Precisa de força." Sua mão em meu ombro me guiava, firme e inabalável.

Eu apenas assenti, obedecendo sem mais palavras. Vestir-me foi um processo mecânico, minha mente distante, perdida em pensamentos sobre o que me aguardava e dos quais eu estava tentando evitar. A refeição foi igualmente automática, cada garfada um lembrete da realidade que eu queria evitar.

O Príncipe ExiladoOnde histórias criam vida. Descubra agora