Um novo começo, um mesmo destino

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Porto Real

Lucerys Velaryon

Fazia uma semana. Uma semana desde que o mundo parecia ter perdido sua cor, desde que Jacaerys partiu e deixou um vazio em nossos corações. Eu não havia deixado o quarto de minha mãe desde então, cuidando dela e de nossos irmãos menores, que também se recusavam a sair do seu lado. Eles pediam constantemente pelo colo dela, mas a gravidez de risco a impedia de atendê-los como desejava.

Joffrey sempre me mostrou ser a criança mais paciente do mundo, ele me lembrava tanto de Jace. Sempre ao meu lado como um pequeno dragão, apenas me interrompendo quando sentia fome. Naquele dia, enquanto Joffrey dormia tranquilamente no sofá dos aposentos de nossa mãe acordou. Ela me chamou com uma voz fraca, quase um sussurro. Me doía vê-la daquela maneira.

"Lucerys," - ela disse, - "você precisa sair um pouco mais. Você não deixa esse quarto a quase uma semana. Saia um pouco, veja as pessoas, veja seu dragão, ele precisa de você."

Eu hesitei, e ponderei sobre seu pedido mas respondi com firmeza.

"Não, mãe. Eu preciso estar aqui, ajudar você a se recuperar." - Ela sorriu, um sorriso triste, mas cheio de amor, e me chamou de seu pequeno príncipe.

Mais tarde ela me chamou novamente.

"Lucerys, você se lembra daquela manhã em que Jacaerys não conseguia pronunciar 'consolador' em valiriano?" – Ela me perguntou com um pequeno sorriso.

Eu assenti, e um sorriso brotou em nossos lábios ao lembrarmos dele tentando, repetidamente, até que as palavras erradas se tornaram uma canção cômica. Mas então, o riso deu lugar às lágrimas.

"Eu sinto falta dele, mãe."- Eu confessei, a voz embargada pela emoção.

"Eu também, meu filho. Eu também sinto falta dele," ela respondeu, e nossas mãos se encontraram, se apertaram. Naquele toque, havia uma promessa silenciosa de que, apesar da dor, continuaríamos a lembrar de Jacaerys com alegria, mantendo sua memória viva em nossos corações.

Nos próximos dias a cadeira ao lado da cama de minha mãe tornara-se meu leito involuntário. As dores pelo meu corpo, resquícios das pancadas do torneio, eram agora companheiras constantes. Naquela manhã, despertei para o vazio; a cama de minha mãe estava desocupada, e um breve desespero tomou conta de mim. Mas então, a voz de Baelon, meu primo, cortou o silêncio.

"Lucerys," - ele disse, - "acalme-se. Sua mãe está bem. Ela foi tomar café com o rei Viserys."

Ainda estava um pouco desorientado, porém minha tensão se desfez um pouco com suas palavras.

"E o que você faz aqui, Baelon?" - perguntei, ainda confuso com sua presença.

"Princesa Rhaenyra ordenou que eu o levasse para um passeio." - ele respondeu, com segurança em sua voz.

Com uma expressão de desgosto, deixei os aposentos de minha mãe o ignorando completamente, mas Baelon ainda estava em meu encalço. Ao caminhar em direção aos meus próprios aposentos, notei os soldados da casa Velaryon que surgiram, seguindo-me de perto. Revirei os olhos, incomodado com a segurança excessiva.

"Baelon, por que ainda me segue?" - questionei, buscando entender suas intenções.

"Estou aqui por ordens da princesa Rhaenyra," - ele explicou. - "E só partirei quando cumprir minha tarefa de levá-lo para ver a luz do sol novamente."

"E você não tem mais o que fazer?" – Eu o questionei.

"Honestamente, eu tenho. . . mas eu tenho tempo até lá." – Ele respondeu.

O Príncipe ExiladoOnde histórias criam vida. Descubra agora