Sangue Forte

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Derivamarca

Joffrey Velaryon acordou com o som das ondas quebrando na costa de Derivamarca. O sol ainda não havia nascido, mas ele podia sentir a promessa de calor no ar salgado. Joffrey estava acordando em Derivamarca novamente pelas últimas semanas, e por conta dessa rotina, isso o fez ficar cada vez mais familiarizado com a rotina e principalmente com as intrigas internas da ilha. Levantou-se da cama, vestindo-se rapidamente com as roupas leves que se tornaram habituais desde que chegara à ilha.

A rotina matinal de Joffrey era sagrada. Caminhava pela praia, sentindo a areia fria sob seus pés, enquanto o céu se tingia de laranja e rosa. Ele amava aqueles momentos de solidão, onde podia esquecer as responsabilidades que sua linhagem lhe impunha. E quando não estava, estava com sua só e Baela. Sua vó governava Derivamarca com mão de ferro e sabedoria, sua prima Baela Targaryen estava sempre ao seu lado, e ele ficava próximo a Baela.

Joffrey estava sempre observando tudo dos bastidores desde que chegou na ilha. Sua mãe, grávida e ocupada com os deveres de herdeira em Porto Real, raramente tinha tempo para ele. Seu pai, Laenor, estava em uma viagem com Lucerys, deixando Joffrey aos cuidados da ilha e de seus habitantes. Mas ele não se importava; Derivamarca era um lar tão verdadeiro quanto Pedra do Dragão.

Recentemente, a ilha ganhou mais vida com a chegada de seu dragão, Tyraxes. Joffrey ficou imensamente feliz por isso, passava horas observando os treinamentos, maravilhado com a força e a beleza da criatura alada. Em segredo, sonhava com o dia em que o montaria pela primeira vez o próprio dragão, voando alto acima das preocupações do mundo. Assim como seus irmãos mais velhos, Jacaerys e Lucerys.

No entanto, nem tudo era paz em Derivamarca. Durante os treinamentos, Joffrey notou olhares pesados sobre ele. Os soldados da casa Velaryon, que sempre o trataram com respeito, agora o encaravam com uma hostilidade velada. E seu tio Vaemond, irmão de seu avô, era uma presença constante, agora que lorde Corlys estava longe, e o observava com uma intensidade que fazia Joffrey se sentir como uma presa.

Ele sabia que os rumores sobre sua legitimidade corriam entre os homens de sua família. A hostilidade de Vaemond não era segredo, mas sentir o peso daqueles olhares era uma lembrança constante de que sua posição era frágil longe dos seus. Mas Joffrey decidiu que não deixaria o medo governar seus dias.

Ele era um Velaryon, e Derivamarca era seu refúgio, seu lugar de força.

"Olá pequeno príncipe." – Disse uma voz doce.

"Olá." – Disse Joffrey, soando receoso ao observar a mulher bonita, de cabelos platinados, pele clara e olhos lilases. A pura beleza valiriana irradiava dela, Joffrey tentou se manter firme para que não fosse intimidado pela graciosidade.

"Por que está aqui tão sozinho?" – A mulher perguntou.

"Eu... só estou passando o tempo aqui na praia..." – Joffrey falou, tentando não gaguejar.

A garota deu um sorriso, e era encantador.

"Por que não caminha comigo então e me faz companhia?" – Perguntou a moça, com um belo sorriso em seu rosto.

"É ... é claro minha senhora..." – Disse Joffrey.

A jovem mulher ofereceu a mão e Joffrey a segurou, notando o quanto sua mãe estava um pouco fria em comparação a da mulher.

O príncipe caminhava pela praia de Derivamarca, acompanhado pela figura graciosa da moça cuja beleza rivalizava com o esplendor do mar. Ela era mais velha que ele, e havia algo em seu olhar que o fazia sentir-se vivo de uma maneira que ele não conseguia explicar. A conversa fluía tão naturalmente quanto as ondas ao redor deles.

O Príncipe ExiladoOnde histórias criam vida. Descubra agora