Lucerys Targaryen Part I

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Daemon Targaryen

A dor latejava como o rugido de um dragão enfurecido dentro do meu crânio. Abri os olhos com dificuldade, mas a visão estava turva, as sombras se misturavam e piscavam. Algo frio escorria pelo meu pescoço, e o cheiro metálico familiar do sangue invadiu meu olfato. Meu sangue.

Tentei me lembrar de como havia chegado ali. Fragmentos de memória voltavam de forma confusa. Eu estava procurando algo. Não... alguém. A voz do meistre Gerardys de Pedra do Dragão ecoou na minha mente, murmurando algo importante que não conseguia captar totalmente agora. Havia sombras em movimento, vozes abafadas, depois o ataque. Cinco homens. Não, seis.

Eu lutei. Sempre lutei, mas o golpe traiçoeiro nas costas da cabeça... não o vi chegando. Maldito covarde. A dor que agora pulsava em meu crânio me lembrava de cada segundo de humilhação que se seguiu.

Sentei-me com esforço, as correntes nos meus pulsos rangendo levemente enquanto ajustava minha posição. Uma raiva cresceu dentro de mim, uma fera pronta para explodir. O ar da cela era úmido e denso, o cheiro de mofo misturado ao meu próprio sangue e suor. As paredes frias da Fortaleza Vermelha agora me cercavam como uma prisão de aço.

Rhaenyra. A imagem dela invadiu minha mente, não como uma lembrança, mas como uma necessidade vital. Ela deu a luz? O que estava acontecendo com ela e a criança? O que ela estava fazendo agora? Estaria a salvo? Ou teriam esses malditos Hightowers agido contra ela também? Esse pensamento acelerou meu coração, e o medo transformou-se em um ódio que queimava em meu peito.

Com um grito furioso, levantei-me bruscamente, tropeçando um pouco, mas segurando firme nas grades.

"Rhaenyra!" -, berrei, minha voz ecoando nos corredores escuros dos calabouços. Bati contra as grades de ferro com toda a força que restava nos meus punhos. "Rhaenyra! O que aconteceu com minha esposa?" — gritei de novo, como se ela pudesse me ouvir do outro lado dessas malditas paredes.

O som da minha voz foi engolido pelo silêncio, apenas as gotas de água caindo de algum canto úmido responderam. As sombras me cercavam, as paredes pareciam mais próximas a cada segundo. Não podiam me manter aqui para sempre. Eu sou o príncipe Daemon Targaryen.

Faria qualquer um pagar pelo que fizeram, começando por quem me colocou nesta cela. Eu sairia dali, não importava o que tivesse que fazer, e quando isso acontecesse, Westeros saberia do poder de um verdadeiro dragão. Mas por agora, eu estava preso... aguardando o próximo movimento. E eu faria deles minha presa assim que a oportunidade surgisse.

Lucerys Velaryon

Eu me lembro do dia em que deixei Pedra do Dragão em direção a Winterfell pela primeira vez, e ainda me recordo da sensação. Mas diferente de antes, dessa vez o céu estava escuro, sem lua, e o vento cortava como facas. Cada rajada me fazia questionar minha decisão. Por que, em nome dos Sete, eu estava indo para Winterfell? Era um impulso, uma decisão tomada sem muita reflexão. Talvez eu devesse ter voltado, retornado ao calor de Porto Real, mas algo me puxava para o Norte.

Eu odiava assuntos inacabados, e talvez seja esse o motivo de eu estar indo vê-lo. Pois da próxima vez que eu p ver, serei o príncipe herdeiro. Enquanto voava em Arrax, a escuridão ao meu redor era opressiva. As estrelas, quando apareciam entre as nuvens, eram poucas e distantes. O silêncio da noite era interrompido apenas pelo som rítmico das asas de Arrax batendo sobre o vento gelado e pela minha própria respiração, que saia em nuvens brancas à minha frente.

A viagem era muito mais longa do que eu havia imaginado, e o frio... o frio era como uma entidade própria. Não era apenas a ausência de calor; era uma presença, uma força que parecia querer me envolver e me tomar. Não era nada parecido com o frio da muralha, mas ainda assim incomodava. Ao longo do caminho, vi pequenas vilas iluminadas à distância, sinais de que a vida continuava acontecendo independente das minhas indagações. De vez em quando, passávamos por uma comitiva de alguma casa importante, indo em direção a Porto Real.

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