04 - O filho do meio

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Choso

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Choso

— Ah, caralho!

Vesti a camiseta rapidamente assim que vi o Audi E Tron GT do meu irmão estacionado na frente da minha casa. Não era para ele vir hoje, o que caralhos ele veio fazer aqui?

Abri a porta e tirei os sapatos na entrada. A luz que entrava pela enorme janela da cozinha iluminava a sala e o degrau onde me sentei. Eles ainda não sabem da minha tatuagem, e tenho certeza que isso vai se tornar um caos grande demais muito em breve.

Na estante de sapatos, os de Asuka ainda estão intocados, o que indica que ela ainda não saiu para a faculdade. Na cozinha, o bule de chá apita, indicando que é lá que eles estão. Preciso respirar fundo antes de confessar que vou faltar de novo na faculdade.

Não... é melhor fingir que fui. Vou até o campus e fico matando o tempo. É melhor do que ouvir mais um sermão do velho.

— Saiu para correr muito cedo hoje, filho. Bom dia!

Minha mãe se aproximou e me beijou na bochecha. Sempre carinhosa, senti minha boca amargar em imaginar quão decepcionada ela ficará quando ver as minhas costas.

— Queria ver o nascer do sol.

— Falei pra sua irmã que era melhor deixar para comemorar o aniversário dela no fim de semana, mas você sabe como ela é. Tudo tem que ser no dia exato!

Apenas ri de canto e ela passou com o cesto de roupas sujas na direção da lavanderia. Tentei seguir direto para as escadas e me enfiar no quarto, mas meu irmão apareceu no meio do corredor repentinamente.

Hideki tem vinte e seis anos, é mestre em direito empresarial, um advogado renomado e foi considerado um filho bom o suficiente para abrir uma filial própria do gigantesco escritório de advocacia que nosso pai fundou. Sempre com ternos de grife e o cabelo bem penteado, ele é tudo o que um pai asiático e com a cabeça muito fechada sempre desejou.

— Bom dia, Choso.

— Bom dia, Hideki.

— Não vai tomar café com a gente? O nosso pai também quer a sua companhia.

Engoli em seco a empatia que sempre desceu azeda pela minha garganta.

Hideki não é bobo, ele sabe que é o filho dourado, então sempre tentou ser um intermediário de afeto entre mim e meu pai. Sei que não é por maldade, mas isso só torna as coisas ainda mais desconfortáveis. Se meu pai quer minha companhia, então ele mesmo que fale isso com a própria boca.

— Tenho que correr pra ir pra faculdade, também vou deixar a Asuka na aula.

— Eu tinha oferecido uma carona pra ela, se quiser...

— Eita, tô atrasado. Depois a gente se fala!

Subi as escadas pulando os degraus até chegar no meu quarto e tomei o banho mais rápido do mundo, apenas para me livrar do suor fedorento da corrida matinal.

Inesquecível IrinaOnde histórias criam vida. Descubra agora