08 - Fantasmas sempre voltam

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Celine

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Celine

Se Choso algum dia desconfiou do motivo do meu choro repentino daquela vez, nunca demonstrou. Apesar que duvido muito que ele tenha de fato descoberto o que se passou.

Depois de Alanis e Grazi abrirem meus olhos, comecei a reparar pequenos detalhes que antes eu não via. Não foi de imediato, precisei de algumas noites bebendo vinho e escutando músicas sobre garotas que se iludem sozinhas em relacionamentos fracassados para poder compreender que elas realmente tinham razão.

Nós ainda corremos juntos, e se ele notou algum tipo de indiferença da minha parte, também não demonstrou. Novamente, duvido muito que ele tenha notado qualquer coisa.

Em contrapartida, os dias de trabalho no escritório do senhor Kamo estão cada dia mais intensos. Na área criminal, trabalho muito e recebo o equivalente (o que é quase um milagre, se me permite a liberdade de um breve desabafo). Às vezes, a dor de cabeça me faz pensar se compensa ou não, mas só a ideia de ter que me enfiar num outro escritório meia-boca para ganhar metade do que ganho e continuar trabalhando o mesmo tanto me faz engolir o choro e continuar seguindo em frente.

Haibara, meu colega de trabalho, continua insistindo em me chamar para sair. De início, fui somente como amiga. Então notei as investidas dele e comecei a evitá-lo, mas acabei cedendo de qualquer forma. Ele é gentil, é educado e cavalheiro. Ele é o tipo de homem que meu pai ficaria feliz em ver ao meu lado. O fato de eu não sentir nada por ele não me incomoda tanto assim. Acho que prefiro a segurança de um relacionamento gentil, mas sem amor, do que a desolação de um coração partido.

— Celine, está ocupada? — Alguém bateu à porta do escritório e eu ergui o queixo no mesmo instante.

Fiquei tão perdida nos meus pensamentos que esqueci completamente que ainda estava trabalhando.

— Oi, um pouquinho. — Mentira, nem lembrava que estava no trabalho. — Mas pode falar.

Era Kento Nanami, um dos advogados do escritório de Hideki. Vez ou outra ele sempre aparecia no nosso para negociar diretamente com o senhor Kamo. Era um homem gentil e de boa aparência. Seu cavalheirismo era tão grande quanto a aliança dourada no dedo dele.

São tempos difíceis para as mulheres solteiras. Todos os bons homens já estão casados.

— Nós recebemos um processo no nosso escritório, mas ele é confidencial e tem que ser tratado unicamente aqui. O senhor Kamo me disse que é você quem cuida da área criminal agora.

— Sim, sou eu. — Sorri, mas o tamanho imenso da pasta na mão dele me fez engolir em seco.

— Posso deixar com você?

— Claro, à vontade!

Com um sorriso de agradecimento, ele apenas acenou e saiu, me deixando sozinha com meu novo processo.

Inesquecível IrinaOnde histórias criam vida. Descubra agora