Capítulo 4:

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Ato 1:
"A chegada"

O sol estava nascendo no horizonte, as nuvens estavam laranjas e os pássaros cantavam como se estivessem saudando a nova manhã. O clima estava frio e agradável, a neblina da montanha causava uma sensação confortável e nostálgica, lembrava a Apuh o lugar de onde ele veio. Para Apuh, era estranho sentir saudades de um lugar que ele quase destruiu sem piedade.

Metendo a mão no casaco, o homem não achou nada além de algumas barrinhas nutritivas e um um isqueiro, a mochila dele também estava vazia e o único ítem que ele tinha era uma espada, melhor dizendo, a relíquia do caçador. Lg tinha saído no meio da madrugada alegando precisar resolver algumas coisas, apesar dele gostar da ideia de ficar longe desse Lg que era estranhamente assustador, Apuh estava curioso, ele ouviu histórias sobre esse mundo fantasioso, ouviu sobre belas construções e sobre mistérios intrigantes, sobre criaturas, monstros, poderes, outros mundos além do End e do Nether.

Com nada além de uma espada, três snacks e um isqueiro, Apuh decidiu dar vida à curiosidade, jogando terra na fogueira e marcando mentalmente muito bem a localização daquela caverna. Ao caminhar pela montanha, o homem percebeu que logo abaixo do penhasco havia uma construção luxuosa, um belo mármore polido e adornos em ouro.

A descida era íngreme, mas não o suficiente para ser um problema. Ao chegar no telhado da construção, Apuh procurou algum apoio para descer, achando uma janela que deu acesso ao que parecia ser um maquinário, observando com cautela aquilo era um elevador, um bem espaçoso. Sem muito problema ele descobriu que aquilo era um banco, tendo um único funcionário chamado Humberto, que não falava muito, mas cumprimentou Apuh com um leve aceno de cabeça.

- Nossa...

A vista foi de tirar o fôlego, uma fonte de água circular na entrada e uma ponte com várias árvores com folhas douradas que brilhavam com a luz do amanhecer. A ponte ligava a uma cidade, sem muito esforço e com as informações que Apuh recebeu de madrugada do Lg deste mundo, era fácil deduzir que esta era a cidade comercial de Pandora.

Os prédios tinham uma arquitetura única, cada um com seu respectivo letreiro de marketing.

- Caraca, o Lg não disse que esse lugar era tão bonito.

Completamente perdido entre as novidades, Apuh caminhou sem rumo, apenas apreciando a beleza de todo o lugar, as ruas bem estruturadas, os canteiros floridos, apesar da falta de sinalização os postes pareciam muito bem posicionados, e, pelo tipo de magia que ele ouviu falar, provavelmente a principal locomoção era voando e andando.

- Prefeito, eu finalmente te achei!

Aquilo era um problema, aquilo era um grande problema. O primeiro problema era que ele não reconhecia aquela voz, o segundo problema era que ele não era o prefeito desta cidade.

Quando ele virou para encarar, encontrou um homem jovem não muito mais alto que ele próprio, cabelos ruivos alaranjados, um terno vermelho e um chapéu também vermelho. O jovem parecia animado, mas tinha um cheiro estranho de sangue.

- Ah... você...?

- Eita, o que aconteceu com teu olho? Machucou? - O jovem se aproximou, indicando que iria tocar o tapa olho, mas não o fazendo.

- Não! Eu tô bem... só...

Apuh se afastou rapidamente, se este jovem puxasse o tapa olho dele, veria ali uma cicatriz antiga e muito bem cicatrizada que o Apuh pacífico deste mundo aparentemente não tinha.

- ... Ah... então... é estética?

- Isso! Er... ficou legal?

Apuh tentou fazer uma pose, sorrindo nervoso com a possibilidade de precisar matar alguém e atrair atenção para si.

- Ficou bonito, mas eu acho que essas coisas são jovens demais pra você usar.

- Como é a história?

Apuh começou a considerar a ideia de matar esse desconhecido, ouvindo o jovem rir animado com a irritação que o mais velho mostrou. Aliás, eles não deveriam respeitar o prefeito?

- Relaxa, mesmo que você tenha 30 anos, seu espírito é jovem.

O jovem virou o corpo na direção de uma loja branca e com janelas grandes, o letreiro de marketing era "MentePotes", mas a principal causa de confusão foi a idade descrita pelo garoto, Apuh não lembra de ter feito aniversário de trinta anos, ele tinha 27, a não ser que o Apuh deste mundo fosse realmente um homem bem maduro.

- Seguinte, eu preciso falar com você sobre uma coisa. Eu pretendo abrir uma loja aqui na cidade e o pessoal disse que eu preciso comprar contigo uma escritura de terreno.

Apuh sorriu ainda mais nervoso, ele não entendeu nada, mas apenas sorriu concordando.

- Então, eu preciso pagar você aqui, no seu gabinete, ou no banco?

- Gabinete! - Ele falou tão rápido e desesperado que o jovem deu um pequeno salto para trás assustado. - Er... mais tarde vá no meu gabinete... eu... preciso resolver algumas coisas agora.

Mantendo a postura, Apuh estava rezando internamente para que a mentira funcionasse.

- Tá bom, às onze da manhã eu passo no teu gabinete.

- Ótimo, te espero lá.

Antes que mais alguém aparecesse, Apuh começou a correr em qualquer direção possível, ele havia acabado de chegar e possivelmente foi descoberto por pessoas que seriam possivelmente inconvenientes. Correndo rápido ele se viu no final de uma ponte, parando cansado e se apoiando na parede fria de concreto.

- Espero muito que esse Apuh daqui trabalhe no gabinete às onze da manhã.

Antes mesmo que ele pudesse suspirar, ele ouviu duas vozes animadas se aprimorando rapidamente, ele mal teve tempo de pensar, se jogando por entre os arbustos floridos.

- Dina, eu não sei você, mas eu acho que dessa vez os competidores vão levar uma surra pros bosses do panteão.

- Eu quero saber como a gente vai preparar a luta deles contra o Leviatã isso sim! Eu não quero encher a arena de água só pra um boss!

O homem riu alto, ambas as pessoas eram baixas, usando um tipo de fantasia de dinossauro, o homem usava a fantasia vermelho e moreno, a garota usava a fantasia roxa e tinha longos cabelos ruivos. Estes eram os Dinos, Apuh conhecia eles, no caso, eles eram um casal e moravam na vila Irmandade no mundo de Apuh, eles não eram inimigos nem aliados, apenas eram neutros um com outro, mas no mundo de onde ele veio, os Dinos eram meio réptil e ambos tinham olhos verdes, mas aqui, a parte "dinossauro" deles era apenas parte da roupa e os olhos deles eram vermelhos.

- Talvez devêssemos construir uma arena separada para monstros marinhos, ou quem sabe, criar um aquário embaixo da arena principal.

- Aaaah! Podíamos só não incluir monstros marinhos como desafio do Panteão.

O casal parou logo em frente ao arbusto que Apuh estava jogado sem poder se mover e em uma posição não confortável, além de que o homem podia sentir o sangue escorrendo do braço, indicando algum machucado grave.

- Mas sem o Leviatã não vai ter monstros tão difíceis, Dina!

- Mas sou eu quem... - O tom da mulher ficou baixo e ela fungou no ar, olhando em volta. - Dino... tá sentindo esse cheiro de sangue?

Aquilo gelou a alma de Apuh.

"Ah, o Dino e a Dina são vampiros junto comigo, sou o senhor deles."

Maldito Lajota! Maldito vampiro por ter transformado aqueles dois justamente em sugadores de sangue.

- O quê? - Dino fungou no ar, suspirando em seguida. - Algum vampiro deve estar ferido por aqui após um ataque, você sabe como o pessoal é com vampiros.

- Mas tá perto.

- Deve ser o vento te enganando. Vem, temos muito trabalho a fazer.

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//Autor aqui.

Eu disse que ia manter os capítulos curtos, não disse? Pois é, eu retiro o que disse, não sei escrever capítulos curtos.

O próximo vai demorar pra sair, mas não muito.

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