União Sinistra • Richard Rios

Capítulo 33

Hanna Muller

Entrei na minha sala, me sentei na minha cadeira e preparei um plano de exercícios geral hoje, pois ia ter que passar em campo. O Abel não pode vir hoje, pois teve que fazer uma viagem urgente para Portugal, então eu e o auxiliar dele iríamos coordenar o treino dos jogadores.

Quando chegamos ao campo, encontrei o auxiliar organizando os equipamentos. Conversamos rapidamente sobre o plano do dia e ajustamos alguns detalhes para garantir que tudo corresse bem. Aos poucos, os jogadores começaram a chegar. Notei algumas expressões de curiosidade e talvez um pouco de preocupação, mas sorri e os cumprimentei com entusiasmo.

Durante o treino, enquanto observava o desempenho de cada jogador, oferecia feedback e incentivava-os a dar o seu melhor, sentia Richard observando-me de tempos em tempos. Eu fingia não perceber, mantendo meu foco no treino. Mas sabia que ele estava lá, seus olhos seguindo meus movimentos.

Conseguimos manter o foco e a dedicação do time, mesmo sem a presença do Abel. Saber que posso contar com o apoio do auxiliar e que os jogadores confiam em nossa liderança me deu uma sensação de dever cumprido e de que estávamos todos no caminho certo para alcançar nossos objetivos. E, apesar dos olhares de Richard, consegui manter minha compostura e profissionalismo. Trabalhar realmente me ajudava a esquecer, pelo menos por um tempo, tudo o que Richard tinha feito.

O treino tinha acabado. Eu me sentei em um banco perto do gramado, aproveitando um momento de calma. Então, vi Rômulo se aproximando. Ele perguntou se podia se sentar, e eu acenei afirmativamente, oferecendo um sorriso cansado.

Rômulo: Dia intenso, hein? - ele comentou, sentando-se ao meu lado.

Concordei com um aceno de cabeça, sentindo a tensão do dia se dissipar um pouco.

Hanna: Sim, mas conseguimos manter o foco do time. Estou satisfeita com o resultado. - respondi, tentando ignorar o cansaço que começava a se manifestar.

Enquanto conversávamos, notei Endrick, Veiga, Piquerez e Richard ainda em campo. Eles não sabiam disfarçar e ficavam nos encarando. Tentei me concentrar na conversa com Rômulo, mas era difícil ignorar os olhares constantes.

Rômulo: O pessoal parece curioso - disse com um sorriso, percebendo também os olhares fixos.

Hanna: É, eles estão se perguntando o que estamos fazendo. - respondi, rindo um pouco. Mas é bom ver que o treino foi produtivo para todos.

A conversa estava leve até que Rômulo perguntou:

Rômulo : Hanna, e sobre o vídeo que o Richard postou...?

Imediatamente, senti um aperto no peito. Olhei para o gramado, evitando seus olhos.

Hanna: Prefiro não comentar sobre isso. - disse, tentando manter a voz firme. - Mas vou ficar bem.

Rômulo me observou por um momento em silêncio, depois se levantou e, com um gesto simples, abriu os braços, indicando que queria me abraçar. Hesitei por um segundo, mas depois me levantei e o abracei. Foi um abraço reconfortante, sem necessidade de palavras.

Nesse momento, vi Richard saindo imediatamente de campo, com os meninos indo atrás dele. Suspirei, sentindo uma mistura de emoções. Rômulo me soltou, mas manteve uma mão no meu ombro, oferecendo apoio silencioso.

Hanna: Obrigada. - murmurei, apreciando a gentileza de Rômulo em um dia tão turbulento. A presença dele me dava um pouco de conforto, mesmo em meio à confusão.

Rômulo: Hoje o time todo vai para um clube que vai inaugurar, não quer ir? - pergunta simples

Hanna: Não sei se tô em clima de festa, Rômulo. - digo triste