Capítulo 36

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Richard Ríos

Já era noite, e eu tinha combinado de ir para a inauguração de um clube com os meninos. A verdade é que eu não pretendia ficar muito tempo por lá, já que não estava com cabeça para isso. O dia havia sido longo e cansativo, e tudo o que eu queria era um pouco de paz e silêncio. Mesmo assim, não quis decepcionar meus amigos, então resolvi aparecer, pelo menos por um tempo, para marcar presença.

Cheguei no clube e fui em direção ao canto onde estavam Piquerez, Veiga e Endrick. Assim que os vi, fui me acomodando e começamos a resenha. As risadas e piadas rolavam soltas, e por um momento, consegui me desligar dos meus pensamentos. Mas não demorou muito até que algo roubasse minha atenção.

Rômulo chegou, e ele não estava sozinho. Estava com Hanna. Minha Hanna, se é que ainda posso chamá-la assim. Meu coração acelerou ao vê-los juntos. Eu já tinha visto eles se abraçando mais cedo, mas agora, vê-los chegando juntos ali, lado a lado, era demais para mim.

Tentei manter a postura, disfarçando meu desconforto. Afinal, fui eu que aceitei esse maldito acordo para proteger ela e a imagem do Palmeiras. Eu tinha que aguentar as consequências. Forçando um sorriso, continuei interagindo com os meninos, mas minha mente estava a mil, lutando para processar a presença de Hanna com Rômulo.

Cada vez que olhava para eles, sentia um aperto no peito. Lembranças dos momentos que passei com Hanna inundavam minha mente, misturadas com a realidade dolorosa do presente. A resenha com os meninos agora parecia uma distração frágil, mal conseguindo esconder a tempestade que se formava dentro de mim.

Rômulo veio ficar com a gente e deixou Hanna no balcão de bebidas. Não demorou muito para que eu notasse aquele maldito jogador do Corinthians se aproximar dela, Yuri Alberto. Eles conversavam como se se conhecessem há anos, o que só aumentava meu ciúme. Eu tentava manter a calma, mas cada vez que olhava na direção deles, sentia uma pontada de inveja e frustração.

Rômulo percebeu meu desconforto e me chamou de canto.
Rômulo: Cara, você tem que parar de olhar para ela assim. - ele disse, sério. - Até porque foi você quem terminou. Deixa ela viver.

Tentei argumentar, mas ele continuou:

Rômulo : E quero deixar claro que não quero nada com ela. Vi como você ficou hoje mais cedo no CT, e eu não sou talarico, irmão. Eu nunca faria isso com você. Mas você vacilou demais, e ela é a mulher perfeita para qualquer um. Então, vai ter sempre alguém querendo ela. Agora, basta saber se você vai aguentar ver ela em outros braços.

Essas palavras ficaram ecoando na minha cabeça enquanto Rômulo se afastava, sumindo na multidão. Fiquei parado, perdido com tudo o que ele acabou de falar. Ele estava certo, mas admitir isso para mim mesmo era doloroso. Eu que escolhi esse caminho, eu que terminei, e agora tinha que lidar com as consequências.

Olhei novamente para Hanna, rindo e conversando no balcão, e percebi que essa seria minha nova realidade. Precisava decidir se conseguiria suportar vê-la seguir em frente, mesmo que isso significasse vê-la nos braços de outra pessoa.

{...}

Eu estava sempre a observando. Ela dançava com Yuri Alberto, se divertia e sorria lindamente. Era doloroso saber que aquele sorriso não era para mim. A noite foi passando, e graças a Deus, aquele maldito jogador corintiano foi embora, deixando-a sozinha, ainda se divertindo.

Logo, um cara encostou junto com a gente. Aparentemente, ele era amigo de Endrick. Começou a falar de Hanna, comentando o quão gostosa ela era e pedindo para Endrick arrumar ela para ele. Suas palavras eram repugnantes, e eu não consegui me controlar. Desci um murro nele, causando um alvoroço.

Enquanto socava a cara dele, escutei aquela voz inconfundível me chamando. Hanna. Ela olhava para mim, e naquele momento, caí na real sobre quem eu era e sobre o que estava fazendo. Não podia continuar assim.

Levantei-me rapidamente e me dirigi à porta de saída da boate, sentindo o peso das consequências de minhas ações. Eu precisava sair dali antes que perdesse completamente o controle.

Hanna veio logo atrás de mim, com uma expressão de preocupação que me atingiu profundamente.

Hanna: Você está bem? - ela perguntou, com a voz cheia de preocupação genuína.

Eu não conseguia responder com palavras. Em vez disso, a única coisa que consegui fazer foi abraçá-la, sentindo o calor do seu corpo contra o meu. Foi como se, naquele momento, todas as minhas defesas caíssem, e as lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos. Era um alívio doloroso, uma liberação de toda a frustração e dor que eu vinha acumulando.

Queria tanto dizer a ela tudo o que estava sentindo, explicar o motivo real de eu ter terminado com ela. As palavras estavam na ponta da língua, mas a promessa que fiz para proteger ela e a imagem do Palmeiras me impedia de falar. Meu coração estava em pedaços, lutando contra a necessidade de ser honesto e o dever de manter nosso segredo.

Então, como um fantasma surgindo no pior momento possível, Nicole apareceu. Seus olhos brilhavam com um cinismo quase palpável enquanto ela se aproximava. Logo ela se apresentou como minha namorada. A expressão de Hanna mudou instantaneamente. Vi a mágoa refletida em seus olhos, a forma como ela me olhava, buscando uma explicação que eu não podia dar.

Era um olhar cheio de perguntas: "Por que você fez isso? Por que está com ela?" Cada segundo que passava era uma tortura silenciosa. Tudo o que eu queria era confortá-la, dizer que ela era a única que eu queria, mas sabia que isso só complicaria ainda mais as coisas.

Nicole, percebendo a tensão, me puxou pelo braço, tentando me afastar dali.

Nicole: Vamos, Richard. Precisamos ir, já está tarde.

A autoridade na sua voz deixava claro que ela não estava pedindo.

Enquanto ela me arrastava para o carro, virei para dar uma última olhada em Hanna. Seus olhos estavam cheios de dor, confusão e um misto de amor e desapontamento. Aquele olhar me destruía por dentro, repleto de sentimentos não ditos e sonhos desfeitos.

Saí dali com o coração pesado, sabendo que o amor da minha vida estava ali, tão perto e ao mesmo tempo tão distante. Em meio à multidão e ao barulho, a única coisa que consegui pensar foi em como as coisas poderiam ter sido diferentes, se as circunstâncias não tivessem nos forçado a tomar caminhos separados.




























Aniversário do nosso colombiano, né gente? podem esperar que o próximo capítulo vai vim baseado nesse aniversário! 🫶🏻👀

União Sinistra • Richard RiosOnde histórias criam vida. Descubra agora