Ayanna
Que raiva! Paguei com a minha própria língua falando que não renderia pra ele caso a gente se visse de novo, e rendi. E pior, curti pra caralho. Arrisco dizer que foi a melhor transa da minha vida, mesmo sendo ali e daquele jeito tão apressado. Não dá pra negar que ele sabe fazer direitinho, do jeitinho que eu amava.
Quando eu peguei a porra do dinheiro da mão dele entrei à todo vapor pra dentro da casa da Raquel, nem me dei o trabalho de falar nada, só não quis continuar olhando pra aquela cara prepotente dele. Entrei no quarto seguida da Raquel e joguei meus saltos e bolsa no chão.
Raquel: tu nem pra mandar uma mensagem, Ayanna. Só fiquei tranquila porque um dos caras da contenção me avisou que tu saiu com o Ret, mas mesmo assim. — ela senta na cama e eu encaro ela
— tu tá cheirando a maconha misturado com algum perfume caro.Eu: eu dei pra ele — finjo um choro falso e ela sorri nasalmente — vou ter que esperar a farmácia abrir pra eu comprar a porra do remédio. — respiro fundo.
Raquel: tu deixou ele gozar dentro? — ela pergunta e eu assinto — corajosa. Por isso que ele te deu dinheiro, agora eu entendi.
E não precisa comprar não, eu tenho aqui.
Ayanna: ótimo. E tu, chegou que horas?
Raquel: faz uma hora, eu acho — ela olha pro meu pescoço - ele te deixou marcas.
— corro pra frente do espelho, e arregalo os olhos quando vejo as três marcas roxas no meu pescoço e clavícula.Eu: porra! — reclamo passando a mão.
Raquel: cobre com maquiagem — bufo — agora me diz, ele mete bem? — ela pergunta animada.
Eu: pior que esse filho da puta tem toda razão de ter um ego tão inflado desse jeito
— reviro os olhos — mete bem pra caralho, Raquel.Raquel: então ele faz jus à fama dele.
Transaram onde? Pegaram um motel? — sorrio irônica e ela me encara confusa.Eu: antes tivesse sido em um motel ou coisa assim, a gente ficou foi em um quiosque em Copacabana. — falo deixando ela boquiaberta.
Raquel: que delícia, Anna. Então valeu muito a pena a gente ter ido pro baile hoje.
Eu: sim, mas nem pense que eu esqueci que você me deixou plantada lá enquanto tu dava pro bofinho, eu nunca mais invento de ir pra um baile sozinha contigo de novo, tu me deixou na mão! — ela revira os olhos.
Raquel: é, mas graças a mim tu transou com o gostoso do Ret, nem vem.
Eu: e se ele não tivesse aparecido? — cruzo os braços e arqueio uma sobrancelha — Ou pior, se ele tivesse feito alguma coisa comigo? Lembre que ele é bandido, e o dono ainda.
Raquel: primeiro que eu sei que ele não iria fazer nada contra a tua vontade. Um, que isso é o tipo de coisa que ele mais abomina e todo mundo sabe disso, e outra, se ele fosse desse tipinho Dedé nem andaria junto, você conhece ele. E eu sei que você não ligaria dele fazer nada contigo, até porque tu passou a noite toda provocando ele, e não adianta negar, que eu vi, sabia que essa era a tua intenção e eu não te julgo por isso. E pra finalizar, eu não ia chegar agora de manhã em casa, eu fui atrás de tu tempinho depois que tu me mandou mensagem perguntando onde eu tava, quando eu cheguei lá que não te vi, comecei a te ligar mas tu não atendia, aí foi quando o Ph da contenção me disse que tu saiu com o chefe dele pra dar uma voltinha. Aproveitei que tu foi dar, e fui fazer a mesma coisa. Se tu pode, por que eu não?
Eu: porra, respira. — ela gargalha — e eu provoquei mesmo, gosto de uma diversãozinha de vez em quando, tu sabe né. — faço um coque com o meu cabelo — E outra, continuo não confiando nele, um que ele é homem, e dois, que é o dono do morro, nem preciso explicar mais, né? — começo a tirar a minha roupa — e a tua avó? — pergunto, e ela murmura um "hum?" — não disse nada?
Raquel: não, cheguei e ela já tava no décimo sono — me afasto terminando de tirar a minha roupa, e me enrolo na toalha — Mas não mude de assunto não, dona
Anna, quero saber de detalhes.Tomei o remédio pra não esquecer, e entrei no banheiro ligando o chuveiro enquanto Raquel estava sentada na tampa da privada ouvindo eu contar com detalhes o que aconteceu lá em Copacabana. Ela também me contou da transa dela com o bofinho que ela ficou, mas de acordo com ela, não foi tão melhor quanto a minha transa com o Ret.
[...]
Cheguei em casa um pouco depois do almoço, e só fui porque minha mãe já tava me ligando perguntando se eu não tinha casa. Depois de uma longa conversa com Raquel, a gente foi dormir, acordamos praticamente no horário de almoço com dona Leia chamando a gente aos berros.
Karina: já almoçou? — assinto, deixando minha bolsa no meu quarto — eu vou levar o almoço de Alex. Se o Igor ou o Gustavo perguntar, diz que o almoço tá na geladeira, só é esquentar no microondas.
Eu: sim senhora — deixo um beijo na bochecha dela e vou até a sala onde Bernardo tava deitado assistindo desenho
— ele não vai pra escolinha não?Karina: hoje teve reunião. Tão pensando que eu tô vadiando pra tá igual otária sentada ouvindo eles falarem as mesmas merdas — ela diz e eu sorrio me lembrando que ela nunca compareceu em nenhuma reunião que tinha na minha escola — tô indo, fica de olho nele — ela aponta pra Bernardo, e sai.
Peguei meu celular e me sentei no sofá ao lado de Bernardo pra fazer o cafuné que ele amava, chega ficava quietinho. Abri o WhatsApp e mandei mensagem pra
Raquel avisando que já tinha chegado em casa, e ela me mandou outra, dizendo que tava faxinando a casa.Igor: a mãe saiu? — Igor aparece na minha frente se espreguiçando com a cara inchada de pura ressaca.
Eu: foi levar o almoço do Alex. Ela mandou avisar que tem almoço na geladeira, é pra esquentar. — aviso e volto a minha atenção pro meu celular que vibrou na minha mão, destacando uma notificação de um número desconhecido. Franzi o cenho, e cliquei no perfil que tava sem foto e sem nome, tinha apenas um emoji de um lobo e nada mais.
+55 021******: tu nessa foto de perfil tá com uma carinha de anjo
+55 021******: o oposto do que tu é.Ayanna: quem é??
Mando e continuo na conversa esperando a pessoa responder, o que não acontece, a pessoa já não tava mais online. A mensagem foi mandada tem pouco tempo, o que significa que quem mandou não vai demorar pra ver.
Gustavo: cadê a mãe? — encaro o Gustavo que acabou de chegar do trabalho.
Eu: foi levar o almoço do Alex — desligo o celular e observo ele mexer com o Bernardo — ela colocou o almoço na geladeira.
Bernardo: sai Gutavo! — ele empurra o Gustavo, bravo e eu sorrio com a carinha que ele faz, é muito fofo.
Gustavo: vou almoçar e voltar pra oficina — ele larga o Bernardo.
Eu: mas a oficina hoje não vai até meio dia?
Gustavo: hoje os cara vai abrir até sete. — ele vai até a cozinha.
A minha atenção volta pro celular quando ele vibra de novo, mostrando outra mensagem do mesmo número.
+55021******: curtiu as marcas que deixei nesse teu corpo, moreninha?
Leio e arregalo o olho quando bate no "moreninha". Não era necessário nem se identificar mais, apenas uma pessoa me chamava assim, e é óbvio que é ele.
Mas me ficou uma dúvida. Como ele conseguiu o meu número?
Ah, Ayanna, porra. Ele é simplesmente o dono do Jacarezinho todo, consegue tudo o que quer.