Acordei no quarto da mansão Weber, invadido por uma luz suave que entrava pelas frestas da persiana. Berenice, minha belíssima namorada, ainda dormia placidamente ao meu lado. A lembrança da conversa com Caio me assaltou como um pesadelo. A ideia de meu melhor amigo ter sentimentos por Helena me consumia por dentro.
Precisava me livrar daquela angústia. Sem fazer barulho, vesti-me, peguei o skate que Berenice guardava no quarto e escapei pela janela. A brisa fresca da manhã me acariciou o rosto enquanto eu deslizava a prancha de madeira pelas ruas vazias em direção à praia. A cada curva, o som das rodas no asfalto me transmitia força para me livrar dos pensamentos conflituosos, enquanto estou no skate consigo esquecer tudo.
Chegando na orla, meus pés descalços afundaram na areia fofa. O vento soprava em meus cabelos, levando consigo a névoa de pensamentos que me atormentavam. Respirei fundo, buscando acalmar a mente.
De repente, uma figura familiar chamou minha atenção. Era Helena, de pé na beira da praia, com seu violoncelo nas costas. Uma saia plissada rodopiava ao seu redor enquanto dançava com os olhos fechados com aqueles óculos escuros, como se estivesse em transe.
Sua silhueta gordinha, negra e radiante se movia com leveza e graça, transmitindo paz e serenidade. A música que imaginava fluir por todo o seu corpo, era suave e tranquila, como as ondas do mar que batiam em seus pés descalços.
Observei à distância, fascinado por sua beleza. Há tanto tempo a desejava estar perto dela, mas sabia que me rejeitaria se me aproximasse. Ela ainda carregava as cicatrizes do bullying que sofrera no passado, e eu era parte daquela lembrança dolorosa.
Ela abriu os olhos e correu ergueu o violoncelo de dentro da capa, sentando em uma pedra próxima a orla, começou a tocar uma melodia doce e suave. O som emitido da corda do violoncelo se misturavam ao barulho das ondas, criando uma sinfonia única e emocionante. Pessoas que passavam por ali pararam para ouvir, hipnotizadas pela música celestial.
Lágrimas brotaram em meus olhos enquanto observava Helena tocar. Sua música me tocava profundamente, despertando em mim sentimentos que eu nem sabia que existiam. Senti meu coração se abrir para a beleza e a sensibilidade que ela emanava.
Quando a última nota se dissolveu no ar, Helena abriu os olhos e sorriu timidamente para os aplausos que recebeu dos espectadores improvisados. Ela agradeceu com um aceno de cabeça, guardou seu violoncelo e se afastou pela praia, deixando um rastro de paz e inspiração em seu caminho.
Ao vê-la partir, senti uma profunda admiração por Helena. Ela era capaz de transformar seus sentimentos em lindas melodias, de tocar os corações das pessoas com sua música e sua força interior. Em meio à minha dor e confusão, a canção que ela apresentou me deu um vislumbre de esperança.
Talvez, um dia, eu pudesse aprender a ser como ela, a superar minhas próprias dores e me abrir para o amor verdadeiro. Mas, por enquanto, precisava me concentrar em resolver meus próprios problemas.
Retorno para casa, onde me preparo para ir para faculdade onde faço Educação física, e a mesma instituição que Helena e meus amigos estudam. Mesmo com toda a sensibilidade que me tocou mais cedo na praia, ainda tenho receio do que as pessoas irão pensar de mim sobre qualquer situação envolvendo Helena. Observo de longe sua interação com sua amiga Keite. Ela está sorridente e feliz, vejo Caio se aproximando de ambas, mas é perceptível que ela gosta da companhia dele. Parto para a aula, pois mais tarde tenho um vôo para São Paulo para sessão de fotos para uma revista a nível nacional.
Estou decidido não me envolver com Helena Queiroz. Abraço minha namorada e saímos da faculdade direto para o aeroporto. Essa é a vida que sempre sonhei, ela não faz parte disso.
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Flip para o amor
Romance✨Um amor guiado por melodias e por manobras da vida. Será que é possível reverter uma manobra mal realizada? Será que uma melodia já toca é possível ouvi-la novamente? Vamos conhecer a história de Helena Queiroz e Rafael Ávila, duas pessoas totalmen...