✨Um amor guiado por melodias e por manobras da vida. Será que é possível reverter uma manobra mal realizada? Será que uma melodia já toca é possível ouvi-la novamente? Vamos conhecer a história de Helena Queiroz e Rafael Ávila, duas pessoas totalmen...
As malas já estavam quase prontas. Amanhã seria meu casamento com o Juca e eu me mudaria para São Paulo. A vida seguia seu curso, mas uma parte de mim ainda pertencia a um passado que eu tentava desesperadamente deixar para trás.
Meu violoncelo, encostado no canto do quarto, me chamava com sua melodia silenciosa. Fazia um ano que não o tocava, desde que Rafael e eu nos beijamos na festa. Peguei o instrumento com cuidado e o coloquei no colo. Sentei na cadeira e fechei os olhos. Uma briga entre o coração e a razão se desenrolava dentro de mim.
Os dedos deslizaram sobre as cordas, buscando as notas certas para expressar a bagunça que se instalara dentro de mim. A música fluiu, lenta e melancólica, como um lamento. Tentei tocar algo que me distraísse, mas a melodia insistia em voltar para o mesmo lugar: Rafael.
Não importava o quanto tentasse, meu coração o tinha como a nota perfeita. Era como se cada acorde fosse um grito silencioso, um pedido de perdão por ter seguido em frente.
De repente, ouvi a porta se abrir. Abri os olhos e vi o Juca parado na porta, me observando. Seus olhos transmitiam uma mistura de surpresa e preocupação.
- Por que está tocando? - ele perguntou, se aproximando.
- Só... sinto vontade de tocar às vezes. - Respondi, tentando disfarçar a emoção.
- É por causa do casamento? - ele perguntou, sentando-se na cama.
Balancei a cabeça positivamente. Não queria magoá-lo, mas também não conseguia contar a verdade.
- É por causa da mudança, não é? - ele insistiu. Assenti com a cabeça, as lágrimas começando a escorrer pelo meu rosto.
- Eu sei que você não quer se afastar da sua família, Helena. - Ele me abraçou forte. - Mas precisa seguir em frente e mudar o foco.
Sabia que ele tinha razão. Mas seguir em frente não significava esquecer. E nunca o esqueceria.
Dois dias depois...
Diante do juiz, com o vestido de renda simples e os All Stars nos pés, eu me sentia estranhamente à vontade. Aquele não era o casamento dos meus sonhos, mas era o que eu havia escolhido. A festa, a pedido do Juca, havia sido simples e íntima, realizada no jardim da mansão da família dele. Meus pais estavam lá, com um sorriso amarelo no rosto. Sabiam que eu não amava o Juca, mas me apoiavam em tudo.
Agora, no aeroporto, com o violoncelo nas costas, me preparava para embarcar para São Paulo. A sensação era de estar indo para uma guerra. Uma guerra contra meus próprios sentimentos.
Antes de entrar no avião, me despedi da minha família. Minha mãe se aproximou e me abraçou forte.
- Cuide-se, minha filha. - Ela sussurrou em meu ouvido.
- E o Rafael? Como ele está? - Perguntei, a voz embargada.
- Está respondendo muito bem ao tratamento, querida. A família Ávila está eternamente grata a você por ter salvo a vida do filho deles. - Minha mãe sorriu.
Senti meu coração se aquecer com aquela notícia. Saber que o Rafael estava bem me trazia uma paz que não sabia que existia.
Com o violoncelo nas costas, embarquei no avião. Olhei pela janela enquanto a cidade de Balneário Camboriú se distanciava. Deixava para trás não só a minha família, mas também o meu passado, o meu grande amor.
Em São Paulo, uma nova vida me esperava. Uma vida ao lado do Juca, um homem bom e gentil que me amava de verdade. Mas, por mais que eu tentasse, eu não conseguia tirar o Rafael da minha cabeça. Ele seria para sempre uma parte de mim, uma melodia que ecoaria dentro do meu coração.
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