Enigma do Avô

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Versão de Jasper

Depois de Sophie perguntar sobre meu avô, digo a ela para não se preocupar e ir dormir. Quando estava saindo do quarto dela, os meninos estavam com uma cara engraçada. Conhecendo eles, sei que estavam atrás da porta ouvindo nossa conversa, Victor finge um bocejo enquanto Fergus me questiona:

- Qual é Jasper, você disse que não ia mais guardar segredo, anda, desembucha! - Fergus
- Sério? Ouvindo atrás da porta? Não é do seu feitio.
- Tem razão, tenho costume de dar um pisão na porta ao invés de perguntar! - Fergus.
- Quanta agressividade, você está na minha casa, recebendo auxílio meu, e agora me ameaça?
- Não é isso Jasper, só estamos curiosos, seu avô era tão sombrio assim? - Sebastian.
- Sua mãe disse que ele era enigmático, mas não disse mais nada quando perguntamos mais. - Anderson.
- Venham comigo. - Digo indo em direção às escadas, descemos até o andar de baixo.

A Lua lançava uma luz como um véu de prata sobre a antiga mansão no campo, enquanto me recostava na poltrona de couro gasto, pronto para compartilhar a história que assombrava minha família há gerações. Meus olhos, profundos poços de melancolia, refletiam a tristeza que minha voz evocava enquanto começava a narrativa sobre meu avô, o assassino solitário. Nas páginas amareladas do livro da família, as linhas se desenrolavam como fumaça espectral, revelando os segredos sombrios que permeavam o passado.

- Meu avô era um homem marcado pelo peso do mundo - comecei, minha voz carregada de pesar. - Um artista atormentado pela escuridão dentro de si. Ele vagava pelos corredores silenciosos desta mansão como uma sombra, seu silêncio era mais ensurdecedor do que qualquer grito.

Enquanto as palavras fluíam, o vento sussurrava pelas janelas entreabertas, como se tentasse capturar os ecos do passado. Continuei minha narrativa pintando imagens vívidas na mente dos meninos, como se o passado estivesse vivo novamente.

- Ele nunca falou sobre seus crimes, mas as paredes desta mansão ecoam os sussurros dos segredos que ele guardava. Dizem que ele vagava pelos campos à noite, como um espectro faminto por redenção, ele matou várias pessoas e escondeu seus corpos em algum lugar da mansão, dizem que ele fazia isso por puro prazer. Seus olhos, janelas para a alma torturada, revelavam mais do que suas palavras jamais poderiam.

Cada palavra parecia carregar o peso de séculos de dor e arrependimento. Descrevia meu avô como um enigma envolto em mistério, um homem cujo passado sombrio lançava uma sombra sobre o presente da família.

- E mesmo agora, décadas após sua morte, sua presença ainda paira sobre nós como uma névoa densa. - Concluí, meu olhar perdido no horizonte distante. - Meu avô, um melancólico assassino, deixou sua marca indelével nesta casa e em nossas almas, um legado de tragédia e mistério que nunca será esquecido. Seu crime permanece um mistério envolto em sombras, perdido nos corredores do tempo. Nenhum detalhe específico sobre seus atos foi revelado, apenas sugestões e rumores que ecoam pelas paredes da antiga casa de campo. Seu legado é marcado pela melancolia e pelo peso da culpa, deixando para trás apenas perguntas sem resposta e segredos sombrios.
Após o seu falecimento, um enigm emergiu, lançando uma sombra ainda mais densa sobre a família. Uma carta lacrada, encontrada entre os pertences do meu avô, continha um enigma intrincado, escrito em uma caligrafia antiga. As palavras eram como um labirinto de símbolos e códigos, desafiando qualquer tentativa de decifração imediata.
O enigma entrou na minha imaginação e de meus parentes, lançando-nos em uma busca desesperada por respostas. Mesmo após inúmeras tentativas de decifrar o código, o mistério permaneceu intacto, como se meu próprio avô estivesse sussurrando um desafio do além-túmulo. Anos se passaram, e ainda assim o enigma permaneceu não resolvido, tornando-se parte integrante da história da família. Alguns acreditavam que a resposta poderia revelar os segredos ocultos dele ou até onde ele escondeu os corpos das suas vítimas, enquanto outros viam o enigma como uma metáfora para as sombras que assombravam suas próprias vidas.
Assim, o enigma deixado pelo meu avô permaneceu como um testemunho silencioso de um passado enigmático, desafiando aqueles que se atreviam a decifrá-lo e lançando uma sombra eterna sobre a linhagem da família.

Depois de minutos em silêncio, Anderson decide falar.

- Mas onde ele deixou os corpos? E por que a única coisa que sobrou foi esse enigma estranho? - Anderson diz pegando a carta onde haviam códigos, símbolos e alguns rabiscos.
- Verdade, se é tão horrível, por que nem a polícia entrou com um caso? - Sebastian.
- Dizem que meu avô pagou para os políticos não o procurarem, pagou para os policiais ficarem em silêncio e continuou com a vida até o falecimento dele. A única coisa que sabemos é que os corpos das vítimas nunca saíram da mansão.
- Isso é assustador! Do que ele morreu? - Victor.
- Os médicos disseram que foram de causas naturais, besteira! Eu tenho certeza de que aquele maldito tomou veneno.
- Por que tem tanta certeza? - Fergus.
- Eu vi. Na noite em que ele morreu, todos haviam se reunido para jantarem juntos, era uma das tradições da família, virem se reunir aqui para passar o domingo juntos. Ele se aproveitou disso, seria um ótimo álibi, se despediu e tomou veneno enquanto tomava uma garrafa de vinho. Ele colocou um tipo de pó na garrafa de vinho enquanto estava na cozinha, quando perguntei o que era ele disse que o seu médico havia lhe receitado e que não sabia quais eram os compostos que nele haviam.
- E por que só ele tomou se estava na garrafa? - Sebastian.
- Uma das coisas que meu avô odiava era dividir a garrafa de um bom vinho. Ele sabia que ninguém pegaria, tomou a garrafa inteira.
- Realmente é um enigma, e eu vou desvendar... - Anderson.
- Vai dar uma de detetive agora? Não esqueça que Robert e Matthew estão atrás de nós! - Victor.
- Não disse que seria agora. Talvez depois de derrotarmos Matthew e colocarmos ele e Robert na cadeia, eu possa vir aqui passar uns dias, para tentar resolver esse enigma. Posso? - Anderson diz olhando pra mim.
- Não faz mal, já que quer tanto desvendar esse enigma, vai que descobrimos algo... - Digo coçando a nuca.
- Bem se é assim, também entro nessa nova aventura. - Victor.
- Fazer o que... Não vamos ter mais nada pra fazer mesmo.
- Já que todos estão de acordo, por que não né? O que pode dar errado. - Fergus.
- Toda vez que diz isso da merda...
- Jasper tem razão!
- Calem a boca! - Fergus.
- Aí, mudando de assunto... Você e a Sophie vão mesmo se casar? - Victor.
- Claro que escutaram isso, não é?
- Victor, por que você tinha que ter uma boca tão grande? - Anderson.
- É sempre ele, não consegue ficar de bico calado! - Sebastian.
- Seu burro! - Fergus diz enquanto dá um tapa na cabeça de Victor. - Agora ele sabe que estávamos atrás dele enquanto ele conversava com a... - Anderson tapa a boca de Fergus com as mãos, enquanto Sebastian coloca as mãos sobre a própria cabeça e Victor tapa os próprios olhos.
- Se não quiser levar uma surra é melhor calar essa boca! - Anderson sussurra para Fergus.

Sem mais ter como esconder, acabo rindo de toda essa situação, óbvio que eles iam descobrir cedo ou tarde, só não pensei que seria tão rápido.

- Andem, vão dormir, temos um dia longo amanhã.
- Boa noite, Jasper.
- Boa noite, meninos.

Dou uma olhada em Sophie e depois em Phillip para ter certeza de que estão bem, entro no meu quarto, coloco um pijama confortável e me deito, em poucos segundos caio num sono pesado.

Meu Privado Mundo - Parte 1Onde histórias criam vida. Descubra agora