3 - Querido Diário

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O Início

2010

12/03/2010
Querido Diário
Depois de entrar pelos portões da escola senti muitos calafrios, estou com medo, não quero ter que morar aqui, mas se eu não for mamãe terá que ficar sozinha no hospital e nós combinamos de que quando a bebê nascesse eu daria o nome dela, mas só se eu ficasse na escola e não chorasse, espero que eu consiga...
A diretora me cumprimentou e me mostrou a escola, é enorme, tem as salas comuns, as salas de matemática e laboratórios de ciências, tem salas para clubes como de dança, xadrez, matemática, astronomia, culinária, esportes... Fiquei até cansada de tanto andar e ouvir ela falar.
Ela me mostrou meu dormitório, disse que eu ficaria com um quarto todo pra mim, não tive que me preocupar com colegas de dormitório, me senti aliviada, mas um pouco solitária.
Quando tive minha primeira aula, era a de história, o professor falava tão bem, é como se nos teleportassemos para as antigas brigas em Wisconsin, quando o prefeito foi deposto, parecia que eu conseguia não só imaginar as pessoas saindo pelas ruas como protesto, mas também como se estivesse lá. Foi a melhor aula que tive há anos, ele passou uma prova surpresa, um pouco ruim pra mim que tinha acabado de chegar, mas pelo menos na minha antiga escola teve a maioria dos assuntos da prova.
Espero ter tirado pelo menos 9 na prova, acabei deixando uma questão em branco, não sabia como respondê-la.
Depois da prova, notei que um grupo estava me encarando, eram 4 pessoas, 3 meninos e uma menina, eles estavam sentados no meio da sala, me encolhi na cadeira e deitei minha cabeça sobre a mesa, esperando que não viessem até mim.
Depois de um tempo, um garoto veio até minha mesa, ele estava sentado no fundo da sala, perto da janela, tinha cabelos escuros e um corte de cabelo undercut, tinha olhos azuis, parecia importante, quando me viu encarando ele, deu um sorriso, perguntou se eu gostaria de ficar com ele no almoço, eu disse que iria pensar, ele riu e disse que eu deveria tentar não ficar tão tensa, que ninguém iria machucar a filha do novo delegado. Senti minhas bochechas queimarem, esqueci totalmente que nós aparecemos no jornal depois do que houve na outra escola, meu pai fez questão de participar de uma entrevista só para não acontecer mais isso.
Os outros alunos olharam, uns com cara de deboche, outros meio surpresos, o grupinho deu algumas risadinhas baixas, eu fiquei com mais vergonha ainda e bati a cabeça contra a mesa.
Um dos professores tinha acabado de entrar, eu estava sentada perto da parede, do lado direito da sala, 3 mesas antes da porta, ele olhou diretamente pra mim, parecia cansado, como se tivesse corrido para me encontrar, ele me chamou, fiquei confusa, quando saímos da sala, ele me disse que minha irmãzinha tinha acabado de nascer e que meu pai veio me buscar, fiquei muito feliz, corri pra dentro da sala, organizei meu material, fui até o meu dormitório coloquei uma roupa bonita e corri para a diretoria, meu pai estava sentado numa cadeira, mechendo os dedos de ansiedade, corri para os braços dele e sorri, ele deu uma gargalhada alegre e disse que deveríamos correr pra ver a bebê, ele estava de uniforme, então deve ter perdido o parto, mas ele estava muito feliz pela mamãe e a bebê estarem bem.
Papai estava em alta velocidade, passou por dois semáforos vermelhos e um radar, ele ficou maluco!
Está tentando descer de posto?
Achei que ele iria capotar o carro quando parou numa vaga as pressas, corremos até o quarto onde mamãe estava, papai usou as credenciais dele para entrar comigo.
Quando entramos, uma enfermeira estava cuidando da mamãe, enquanto ela estava alimentando a bebê, a recém nascida estava coberta de sangue ainda, quase desmaiei, fiquei com medo dela estar machucada, mamãe e a enfermeira riram, papai estava aos prantos, ele chorou de felicidade enquanto acariciava o rosto de mamãe, depois que a bebê foi alimentada a enfermeira a pegou, fez uns exames e a limpou, quando a bebê voltou, mamãe me deixou pegá-la no colo, ela era linda, inocente e muito fofa, ela bocejou e deu um pequeno sorriso, me apaixonei por ela, foi aí que lembrei, eu daria um nome à ela.
Olhei para meus pais, eles estavam se beijando, um pouco nojento, quando eles olharam pra mim eu disse: "Pietra". Eles se entre olharam sem entender, então repeti: "O nome dela é Pietra".
Eles sorriram e acenaram com a cabeça em sinal de concordância. "É um nome lindo", disseram juntos, sorri e dei Pietra para papai, ele pegou ela como se pegasse um dos meus ursinhos de pelúcia, com cuidado, a mão dele era maior que o corpinho frágil dela, ele a segurou contra o peito, olhou pra mim e disse: "Minhas preciosidades".
Passei algumas horas no hospital, papai trouxe lanche escondido das enfermeiras, foi muito legal, pena que eu tinha que voltar pra escola, papai me levou de volta e quando entrei pelos portões da escola, estava um silêncio ensurdecedor, parecia uma cena de filme de terror, passei pelo corredor dos dormitórios, a escola não tinha uma ala separada da outra, como a ala dos meninos ou ala das meninas, os quartos eram separados assim: um quarto de meninos, um quarto de meninas, assim por diante.
Passei na frente de um quarto, onde escutei uns suspiros, e algumas brigas, parecia que os meninos estavam discutindo, mas havia uma voz de menina lá, cheguei um pouco perto da porta, pra tentar ouvir, foi quando a porta abriu, eu sai de perto rápido o suficiente pra pensarem que eu estava zanzando pela escola, quem saiu foi uma garota ruiva, ela estava com os cabelos emaranhados, havia, dois garotos observando ela, um deles disse que ela deveria ir dormir ao invés de se meter na briga deles.
Parece que ela ouviu eles discutindo e resolveu entrar para apartar, ela me encarou, depois deu um sorriso, se apresentou, seu nome é Arteise, começamos a conversar enquanto andávamos, assim do nada, o assunto foi ficando cada vez melhor, quando notei estava na frente do meu dormitório, convidei ela para entrar, por fim resolvemos dormir juntas, haha.
Até mais diário, acho que fiz uma nova amiga, eu gostei dela, é muito divertida. Estou esperando ela sair do banheiro para mim poder tomar um banho, estou com cheiro de hospital.

O quarto onde estávamos no Hospital

O quarto onde estávamos no Hospital

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O corredor dos dormitórios

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Meu Privado Mundo - Parte 1Onde histórias criam vida. Descubra agora