Quarto Capítulo: Thoughts

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         Já passavam dias que eu tinha adiado a tal conversa com Sunghoon. Eu sabia que tinha que conversar com ele, mas minha mente dizia que eu não estava preparado para ouvir algo que não me agradasse. Porém, iria aproveitar a minha folga de hoje para ter a bendita conversa, não poderia fugir para sempre.
         Sunghoon assistia algo na sala, então ali estava o momento perfeito. Me sento ao seu lado, pensando em como começar aquele diálogo.

      
       —Filho, a gente precisa conversar sobre o incidente do carro... —suspiro pesado

      O adolescente se vira para mim, sua expressão é de exaustão, em seus olhos tinham uma tristeza imensa que jamais havia visto.

    
      —Desculpa pai, eu não 'tava pensando direito naquele dia, não sei porque eu fiz aquilo. Também não deveria ter mentido e jogado a culpa no tio San... —Ele desviava o olhar, envergonhado demais para olhar em meus olhos.

       —Quero saber o porquê daquilo. —embora tentasse não parecer irritado, minha voz saiu como se fosse um início de sermão.

       O garoto se remexia no sofá, inquieto. Ele parecia estar pensando no que dizer e aquilo me deixou aflito, provavelmente era algo bem grave.

      —Eu queria impressionar meus amigos 'pra que eles não me abandonem... —tudo bem, aquilo me deixou preocupado. Já imaginava que um dia, Sunghoon poderia desenvolver algum medo do abandono, já que foi abandonado pela própria mãe. Só não esperava que fosse assim que eu fosse descobrir.

      —Você sabe que não precisa disso, se eles são seus amigos de verdade, eles nunca te abandonariam. —tentava soar convincente.

     —Desculpa... O senhor vai me abandonar pelo que eu fiz? —seus olhos estavam marejados, fazendo eu sentir um aperto em meu peito.

       —Nunca vou te abandonar, você é a minha vida. —deixo um beijo em sua testa, o abraçando de lado. Aquela frase me deixou pensativo pelo resto da semana.

      Alguns dias depois

      Depois daquele dia, eu acabei por pagar um psicólogo para Sunghoon. Já fazia uma semana que ele estava tendo consultas e eu espera que aquilo o ajudasse.
       Enquanto tinha resolvido o problema em casa, na empresa tinha mais um deles. O problema em si era que eu tinha uma rotina e por conta de Mingi, tinha acabado de quebrar ela. O motivo era que o Song vinha buscar Sumin todos os dias, porém, hoje acabou não vindo buscar o adolescente. Não que fosse uma grande coisa, já que o garoto sabia voltar para casa sozinho. A questão era que Sumin estava preocupado com o irmão, já que o mesmo jamais deixava de avisar o mais novo, caso não fosse buscá-lo.
         E no final, eu também estava preocupado. Não sabia exatamente o porquê, mas pensava tudo de ruim que possa ter acontecido para Mingi nem sequer atender o celular. Sumin estava sentado ao meu lado no meio fio da calçada em frente a empresa. O adolescente se segurava para não chorar e eu percebia isso, aquilo me doía o coração, já que com o passar dos dias, eu acabei me apegando ao garoto.
        Decido então, perguntar sobre como eram as coisas na casa dos dois, para poder entender o que podia ter acontecido.

      
       —O Mingi é bartender em uma casa noturna aqui perto, moramos só eu e ele, nosso pai foi preso por violência doméstica e foi morto dentro da prisão. Nossa mãe é uma viciada que assim que eu nasci, me deu para o meu irmão criar. —o mais novo contava com a voz embargada. Ele também já tinha me contado onde morava, casa essa que ficava num dos bairros mais pobres de Seoul.

      —Hoje você vai dormir lá em casa, não vou te deixar sozinho. E depois eu vou atrás do seu irmão, 'pra saber o que houve. —digo me levantando do meio fio, vendo o garoto fazer o mesmo. Entro em meu carro e o adolescente faz o mesmo, agradeço internamente por Bang Chan ter conseguido arrumar ele. Sigo em direção a minha casa, Sumin olhava pela janela admirado com o bairro, talvez por ser um bairro classe média.

      Assim que chegamos, descemos do carro. O adolescente estava fascinado com meu apartamento, assim que entramos, Sunghoon estava pondo a mesa do jantar. Sumin estava escondido atrás de mim, o que me dava vontade de rir, já que o garoto normalmente não calava a boca, e agora não dizia uma única palavra.

      —Eu fiz lasanha, achei que o senhor não iria mais voltar. 'Tava ficando preocupado, até liguei 'pro tio San e ele me disse que você já tinha saído da empresa. —Sunghoon dizia enquanto servia a lasanha, mas logo sua atenção foi toda para o garoto de cabelos esverdeados. —Quem é ele? — ele pergunta com uma sobrancelha arqueada.

     —Esse é o Sumin, ele trabalha comigo, como o irmão dele não apareceu 'pra buscar ele, acabei trazendo junto. Ele vai dormir aqui hoje. —digo meio receoso, torcia para que os dois se dessem bem.

     Sumin sai de trás de mim, sorrindo pequeno para Sunghoon que o fitava curioso. O de cabelos esverdeados se aproxima do mais velho, abrindo um sorriso.

  —Fala tu, meu vulgo é Sumin, seu coroa me disse 'pra dormir aqui já que meu velho não deu sinal de vida. Você é da turma B, né? Eu sou da turma A, já te trombei várias vezes na penitenciária infantil, vulgo escola. 'Tô torcendo 'pra gente se dar bem, meu santo bateu com o teu. —Sumin dizia com calma, mas todas aquelas gírias o faziam parecer que tinha acabado de sair de um reformatório, era engraçado.

     Sunghoon ri baixo, fitando o garoto. Internamente eu torcia para que os dois ficassem amigos ou pelo menos se tratassem igual seres humanos.

     —Senta na mesa, tem lasanha. Mas, já vou avisando, não sou empregado. Serve aí. —Sunghoon diz apontando para a mesa, e logo bagunça os cabelos do mais novo. Acho que ali surgia uma amizade.

         Depois de ter jantado, acabo deixando os dois adolescentes em casa. Volto para o centro, a procura de Mingi. Vou até a casa noturna onde Sumin disse que o irmão trabalhava. Mas, não foi preciso entrar, já que Mingi estava sentado no meio fio em frente a mesma. Desço do carro, me sentando ao seu lado. O Song tinha o rosto machucado, seu pulso tinha marcas. Meu estômago embrulha, estava me preparando mentalmente para o que o mais novo fosse dizer.

      —Quer saber o porquê eu não fui buscar o Sumin, né? Ele deve ter ficado preocupado. —o Song suspira pesado antes de continuar. —Tinha um velho bêbado, acabou que a gente saiu no soco por alguns motivos aí. —Mingi fitava o chão, eu sabia que iria vir algo pior que aquilo.

     —E que motivos foram esses? — pergunto, mas não queria de fato receber aquela resposta.

     
     —Ele me tirou do armário na frente do meu chefe. — Não fazia ideia do que fazer com essa informação.

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