All About You • Yungi

Nono Capítulo: Loneliness

        Sunghoon era um adolescente complicado. Era isso que o próprio pensava enquanto andava pelas ruas de Itaweon depois da escola, com uma carteira de cigarro quase vazia em sua mão. O garoto só queria ignorar tudo que aconteceu dias antes, era algo ainda doloroso. Ele nunca foi de fumar, mas resolveu fazer aquilo por puro desespero. Aqueles dias distorcidos e impiedosos lembravam o cheiro do cigarro que fumava, enquanto o vento gélido batia contra seu rosto. Sentando-se no meio fio da calçada que ficava à poucos metros da escola, o jovem deixava os pensamentos fluírem.

     —Sua voz era a coisa mais preciosa 'pra mim e eu a fiz ficar muda...—  Sunghoon  murmura baixinho para si mesmo, pensando em tudo que havia dito para o pai.
  

     O adolescente se sentia totalmente envergonhado pelo que fez, não queria ter feito nada daquilo, mas no calor do momento acabou dizendo coisas imperdoáveis na visão do próprio. Jogando fora o último cigarro, o menor suspira pesado, enquanto a chuva caia sobre sua cabeça. O garoto só queria poder escapar da realidade e de todas as consequências que suas ações haviam trazido para si. Ao contrário dos sonhos que terminavam quando acordava, seus problemas  não iriam sumir do mesmo modo, ele sabia disso.
      Uma parte de sua mente gritava algo como "Não evite seus problemas de jeito nenhum, você apenas tem que encarar isso, mesmo que te faça sofrer" , enquanto a outra parte insistia em dizer "eu sei que isso não é minha culpa".  O adolescente estava confuso, não sabia como iria resolver aquilo. O desespero começava a tomar conta de seu ser, a angústia o fazia lembrar de todos os momentos bons que teve com seu pai. Como do dia de sua formatura do fundamental, aquele foi a primeira vez que tinha visto o pai emocionado.

       —Quando tudo isso acabar, vou te abraçar forte como no dia da minha formatura do fundamental. Tudo vai ficar bem... — Sunghoon dizia incerto. — Lembro de todas as vezes que rimos e choramos juntos, acho que essas emoções simples eram tudo 'pra mim. — Sua voz era embargada, enquanto fitava o chão.

     Quem passasse por ali diria que o adolescente era louco por estar falando sozinho, mas a rua estava deserta, o que fazia o garoto agradecer internamente. Não demorou muito para que seus pensamentos fossem mais além e logo o jovem desabava em lágrimas. Tudo que ele queria era entender o porquê teve aquela reação, porque disse coisas tão duras para a única pessoa que sempre o ajudou. Sunghoon não era homofóbico, na verdade era longe disso, sempre defendia San e Jongho das frases preconceituosas que eram ditas contra os dois. Então aquilo era ainda mais confuso, por que fez tudo aquilo com seu pai?
         Se levantando do meio-fio, decidiu que talvez agora era a hora de encarar o problema criado por si mesmo. Tomando o rumo de casa, o caminho todo foi de reflexão, teria que pensar no que dizer para o pai. A chuva só aumentava, deixando o adolescente ainda mais deprimido.
        Ao chegar em casa, percebeu que estava sozinho, já que Yunho ainda não tinha voltado do trabalho. Suspirando pesado, largou sua mochila em algum canto da sala, tirando seu uniforme e seguindo direto para o banheiro. Logo após seu banho, fez algo para comer, mas mal encostou na comida, estava angustiado.
         Pegou seu celular, com o pouco de coragem que tinha, mandando uma mensagem para o pai.

Melhor pai do mundo♡

Oi, pai
Vai demorar pra chegar?

       Depois de ter mandado a mensagem, bloqueou seu celular, o jogando em cima da mesa. Passando as mãos pelo rosto, estava inquieto, aquela era a primeira mensagem que mandava para o pai desde o dia do ocorrido, há uma semana atrás.
       Não sabia o porquê estava com medo do que o outro responderia, era seu pai afinal, por mais que soubesse que Yunho era alguém calmo, estava receoso.
       Após alguns minutos, esses que pareciam anos, o celular de Sunghoon tocou indicando uma notificação. Respirou fundo, tomando coragem, logo desbloqueando o celular.

Melhor pai do mundo♡

Oi,pai
Vai demorar pra chegar?

Aconteceu algo?
Estou quase chegando.

Não aconteceu nada demais.
Já cheguei em casa, tô te esperando.

      
        Depois de tentar tranquilizar o pai, pois sabia que se o outro ficasse preocupado era capaz de bater o carro, largou o celular novamente em cima da mesa.
        Suas pernas balançavam insistentemente enquanto roía suas unhas, fitando a porta de entrada.
       Não sabia porquê, mas seu coração disparou assim que ouviu o barulho da porta de abrindo, vendo seu pai passar por ela. Yunho tinha uma expressão cansada, suas olheiras estavam aparentes, e tinha um sorriso triste no rosto. Tudo isso era sua culpa, assim pensava o adolescente.

       —Achei que tinha acontecido algo com você 'pra ter me mandado mensagem. — a voz de Yunho tinha um tom preocupado.

      —Eu... só queria conversar. — Sunghoon soava receoso, não sabia como iria começar aquela conversa.

      Yunho se senta à mesa ao lado de Sunghoon, segurando as mãos do menor. O adolescente sente seu peito aquecer com o toque do mais velho, não iria dizer em voz alta, mas sentia falta dos carinhos que recebia do pai. Sentia o choro preso em sua garganta, tentava não parecer tão frágil mas era em vão, no fundo sabia disso.

      —Eu sei que você não quer que eu arrume alguém, então... eu desisti do Mingi. —Yunho tenta tranquilizar o filho.

     Sunghoon se sentia ainda mais culpado, por causa das suas ações, seu pai tinha desistido do amor. Não que o adolescente quisesse manter contato com Sumin, já que se Yunho realmente tivesse algo com Mingi, o outro vinha incluído no pacote. Apesar disso, não queria que o pai largasse tudo por causa dele. Era injusto.