Décimo Primeiro Capítulo: Distress

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      Logo após meu expediente, sigo em direção ao bar onde encontraria Mingi. Durante todo o percurso relembro de tudo que havia acontecido até o momento, e o que mais me perturbava nem era o escândalo que o Sunghoon fez e sim o fato de eu ter dormido com o loiro. Não sabia com que cara iria encarar o menor, me sentia envergonhado pelo que fiz, mesmo que isso soe hipócrita já que eu tinha gostado. Respiro fundo enquanto estaciono meu carro em frente ao local, desço do carro indo até a mesa em que o loiro estava, mas não sem antes admirar a beleza do mesmo.
     
     Me sento ao lado de Mingi, ainda sem dizer nada, mantenho minha cabeça baixa, não tinha coragem de encará-lo.
    

  —Vai me dizer que 'tá com vergonha? — o loiro me fitava com uma sobrancelha arqueada.

    —Talvez... Mas a gente precisa conversar mesmo assim. — suspiro pesado, pensando em quais palavras iria usar para aquela conversa.

     —Olha, Yunho. Eu 'tô ligado que é complicado, depois de tudo que aconteceu, não esperava nem que você quisesse falar comigo. 'Tô ciente que teu filho é a razão da sua vida, então não vou julgar por ter se afastado de mim. — Mingi dizia enquanto bebia sua cerveja.

    —Mas, não fui eu que me afastei... Você deixou de buscar seu irmão, e nem me mandou mais mensagens. Achei que queria ficar longe, depois do que aconteceu lá em casa. — digo desanimado.

      Mingi me olha confuso, o que fez com que eu também ficasse da mesma maneira.

     —Eu achei que não quisesse mais me ver, mas aí também foi erro meu, foi mal, devia ter conversado antes. — Mingi suspira pesado.

    —Eu também devia ter dito algo, desculpa. — fico pensativo diante aquela situação, jamais pensei em passar por isso.

    —Você e o seu menor já se entenderam? Não queria causar nenhuma briga entre vocês dois... — o loiro bebia sua cerveja sem emoção.

     —Eu conversei com ele, mas... —suspiro pensativo. — Sunghoon anda diferente, não sei o que aconteceu 'pra ele agir desse jeito. Eu disse que iria desistir de você se fosse necessário 'pra manter as coisas em paz, mas não sei o que fazer.

     Eu estava exausto, não sabia o que fazer para melhorar a situação. De um lado eu tinha Mingi, eu tinha total certeza de que estava apaixonado por ele, e de outro tinha Sunghoon, meu filho, que era a razão da minha vida. Era uma escolha difícil.

    —É isso que você quer? — o silêncio é quebrado pelo menor, que me encarava triste.

    —Não, mas... — já tinha desistido de falar algo, sentia que eu poderia desabar ali mesmo, caso a conversa seguisse nesse rumo.

    —Yunho... eu entendo que você tenha medo de perder seu filho, mas não pode deixar ele controlar sua vida. Daqui um tempo, ele já vai ser um adulto, vai seguir a vida dele, você também tem que seguir a sua. Não 'tô dizendo 'pra ignorá-lo, mas fazê-lo entender que nem tudo é como ele quer. — Mingi acariciava minha mão, enquanto eu refletia as suas palavras. Era verdade, Sunghoon logo seguiria sua vida, eu não podia fazer tudo para agradá-lo sempre.

   
     Tudo aquilo me doía, ter meu próprio filho contra mim era algo que jamais imaginei. Suspiro pesado, eu sabia que já tinha feito tudo que podia por ele, dei o meu melhor para criá-lo, dei uma vida boa, nunca deixei faltar nada para o mesmo.
     
     Fecho os olhos, lembrando de todos os momentos com Sunghoon. Desde quando o mesmo era bebê até o determinado momento, tudo que passei para criá-lo sozinho, todas as humilhações que sofri dos meus pais, os julgamentos, as piadas de mal gosto que era obrigado a ouvir.

  
    —Você tá certo, por mais que eu queira, jamais vou conseguir fazer de tudo 'pra agradar o Sunghoon... —deito minha cabeça no ombro do loiro, deixando algumas lágrimas escaparem. Nada daquilo era culpa minha, por mais que minha mente dissesse que era sim.

    —Um dia ele vai entender, eu sei como é... Quando minha coroa deixou o Sumin comigo, ele não deixava eu ficar com ninguém por medo de eu abandonar ele do mesmo jeito que ela fez. Mas, com o tempo, ele aceitou de boas, talvez porque sempre deixei claro que nunca iria deixar ele... Meu pivete é tudo 'pra mim, não consigo imaginar como seria minha vida sem aquela peste me infernizando vinte e quatro horas por dia... — Mingi ria baixinho, sua fala era cheia de amor, aquilo me confortava. Se Sumin, sendo um dos adolescentes mais difíceis que conheço, aceitou, por que Sunghoon, que é mais fácil e calmo, não aceitaria também?

      Acabamos perdendo a noção do tempo, conversávamos sobre tudo que havia acontecido e também planejavamos um futuro juntos, eu faria de tudo para que Sunghoon entendesse e aceitasse o loiro.

    
      Em um determinado momento me sinto estranho, um pressentimento ruim, uma angústia súbita toma conta de mim. Respiro fundo segurando a vontade de chorar, não sabia o porquê daquilo de repente.

     —'Tá tudo bem? — Mingi pergunta preocupado, enquanto acariciava minhas mãos.

  
     — Não sei explicar, 'tô com um pressentimento ruim... — digo com a voz trêmula.

     
   
      No mesmo momento em que termino de falar, meu celular toca. Era um número desconhecido, atendo preocupado.

      — É o seguinte, estamos com seu filho aqui. Queremos um bilhão de wons pelo resgate, vou te passar o endereço. Vem sozinho, caso contrário, o garoto morre. Não tenta nenhuma gracinha Jeong! — o sequestrador falava enquanto de fundo dava para ouvir os gritos desesperados de Sunghoon. Assim que o criminoso me passa o endereço, a ligação é encerrada.

       Minhas mãos tremiam, as lágrimas caiam sem que eu me desse conta, aquela sensação de sufocamento. O tempo pareceu parar naquele momento, tentava a todo custo puxar o ar, mas tinha dificuldades para respirar.

     Eu estava totalmente aéreo, não percebi que já estava em meu apartamento junto de Mingi. Provavelmente, o loiro me trouxe dirigindo meu carro, mas eu não conseguia raciocinar mais nada. Eu sentia uma mistura de tristeza, raiva e negação.

      Me sento no sofá com a ajuda de Mingi, o menor me olhava preocupado. Eu não conseguia pensar em absolutamente mais nada a não ser em Sunghoon, precisava vê-lo, saber se estava bem, se estava machucado, aquilo me causava uma angústia sem fim.

     Desisto de resistir aquele sentimento, deixando minhas lágrimas caírem em um choro desesperador, fazendo com que eu tivesse ainda mais dificuldades em respirar. Me levanto subitamente do sofá, jogando tudo que via pela frente direto ao chão, gritava na intenção de dissipar aquele sentimento, mas de nada adiantava. Vendo que nada daquilo iria me ajudar realmente, comecei a chorar ainda mais. Mingi me abraçava tentando me acalmar, me sentia um completo inútil naquele momento, tudo que havia acontecido era culpa minha.

     Demorou algumas horas para eu estar totalmente "calmo", já estava mais controlado, agora pensava onde iria arranjar um bilhão de wons. O loiro chama minha atenção, o que me forçava a tentar lembrar em como havia voltado ao meu apartamento.

    —Não se esforça muito... — Mingi acariciava meus cabelos. — Você me contou que o Sunghoon foi sequestrado no momento que desligou o celular, eu te trouxe no seu carro, tive que ligar 'pro Sumin porque você não dizia nada com nada e ele sabia seu endereço. —o loiro suspira pesado. — Eu sei onde podemos pegar esse dinheiro, tenho uns contatos... Mas, acho que seria bom contar tudo isso que aconteceu 'pro seu chefe e 'pro seu irmão, eles são os mais próximos que você tem de uma família... — respiro fundo fechando os olhos, como que iria dizer algo assim para San e Jongho? Os dois no mínimo surtariam...

    
     —Quem são esses seus contatos? — pergunto receoso, sabia que era loucura e que talvez os tais contatos de Mingi sejam agiotas e gente envolvida com todos os tipos de crimes possíveis, mas naquele momento não me importava mais nada.

    — Confia em mim? — o loiro se levanta do sofá, estendendo a mão para mim.

   
    — Confio. — pego em sua mão, levantando junto.

      Agora não tinha mais volta, iria fazer o possível e o impossível para recuperar Sunghoon, nem que fosse preciso me envolver com coisas que jamais iria aceitar normalmente.

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