Acordo pela manhã tendo Mingi adormecido ao meu lado, minha mente fazia questão de me lembrar de todos os detalhes da noite anterior. Suspiro pesado sabendo que teria que enfrentar as consequências das minhas escolhas, mesmo eu não tendo cabeça para aquilo agora.
O loiro desperta assim que o barulho na cozinha se torna mais alto, obviamente que os adolescentes iriam acordar mais cedo, apesar de ser sábado e não ter escola.
—Bom dia, dormiu bem? — Mingi pergunta ainda sonolento, era adorável.—Convenhamos que o que menos fizemos nessa noite foi dormir, mas o pouco que dormi foi o suficiente. — digo com a voz calma, enquanto acariciava os cabelos do outro, em um ato inconsciente.
Me levanto da cama, juntando minhas roupas do chão. Vou até o banheiro que tinha em meu quarto, tomando meu banho calmamente, ou pelo menos tentando. Já que o barulho na cozinha só aumentava e com isso as vozes dos dois garotos também.
Após meu banho, reflito sobre o quão vergonhoso vai ser encarar os três ali presentes, isso porque era meio óbvio que os adolescentes ouviram os gemidos da noite passada, visto que os adultos ali se esqueceram completamente que não estavam sozinhos em casa.
Saio do quarto, sendo acompanhado pelo loiro, indo até a cozinha. Os dois adolescentes discutiam sobre algo, enquanto tinham uma espécie de pão, praticamente queimado, em cima da mesa.
— O que aconteceu? — pergunto de um modo calmo, já que pelo menos não atearam fogo na cozinha.
—Quer mesmo falar sobre isso? — Sunghoon pergunta debochado, eu não conseguia entender o porquê da ação.
—Cala a boca, Sunghoon. A gente já falou sobre isso. — Sumin praticamente gritava, o que me fazia ficar cada vez mais confuso.
—Sumin! —Mingi tentava repreender o irmão.
—Não, a gente tem sim que falar sobre isso. Vamos falar sobre o fato dessa casa ter virado um bordel de macho. — Sunghoon dizia debochado enquanto me olhava.
Aquelas palavras tinham me afetado, nunca imaginei que meu próprio filho iria ter aquele tipo de atitude comigo.
—Já te falei, mas que inferno. Deixa o seu pai em paz, ele tem que viver a vida dele, independente de ser com um homem ou uma mulher. — Sumin estava cada vez mais alterado.
—E você acha isso certo? Meu pai era um homem de respeito, depois que conheceu seu irmão virou uma porra de uma prostituta. — Sunghoon me olhava com desgosto, me causando uma enorme vontade de chorar.
—Você só tá assim, porque tem medo dele te abandonar, não é justo! — Sumin tentava me defender a todo custo, o que seria cômico se não fosse trágico, um completo "desconhecido" tendo que me defender de meu próprio filho.
—E você só 'tá pouco se fudendo 'pra isso porque você não tem pai, muito menos mãe, e o único que te quis foi o seu irmão gay. — Sunghoon dizia aquilo com um sorriso cínico, mas que logo foi tirado de seus lábios quando o Song mais novo deu um soco em seu rosto.
—Quem é você 'pra falar da minha família? Não sabe da minha história. Tenho pena do seu pai, porque ele é uma pessoa tão boa, e tem um filho cínico e hipócrita como você. Ele não merece isso! — Sumin praticamente cuspia as palavras, totalmente descontrolado, mas antes que pudesse continuar a bater em Sunghoon, foi segurado por Mingi.
—Vamos embora agora, Sumin. Pede desculpas 'pro Yunho! — Mingi diz sério, segurando o garoto pelo braço.
—Desculpa, Yunho! Mas as minhas desculpas são só 'pra você, o Sunghoon não merece ter um pai como você. Desculpa pela briga, mas seu filho merecia aprender a parar de falar bosta. — Sumin dizia com a voz embargada, o que era preocupante já que ele sempre era alegre.
Em questão de segundos, Mingi se despede e sai pela porta, praticamente arrastando o irmão. Assim que a porta fecha, eu olho para Sunghoon, o adolescente me olhava com descrença.
—Então é isso? Virou gay agora? — eu não entendia o porque das palavras tão duras direcionadas contra mim, Sunghoon nunca tinha tido comportamentos homofóbicos, ele conhecia San e Jongho que eram bissexuais, e também seu tio Jaebeom que era gay e casado com outro homem. Ao contrário do que estava fazendo comigo, com os outros ele não se importava com a sexualidade.
—Você tá chateado por causa disso? — pergunto calmo, na verdade eu queria desabar ali mesmo.
—E era 'pra ficar feliz, sabendo que meu pai 'tá transando com homem? — Sunghoon dizia com desgosto, fazendo meu coração apertar.
—Você nunca tratou o San ou o Jongho assim, porque 'tá fazendo isso comigo? — minha voz era embargada, sabia que não iria conseguir segurar o choro por muito tempo.
—Porque você é meu pai, era 'pra ser meu exemplo. Mas, ao contrário disso, se tornou um desgosto. — Sunghoon diz e logo entra em seu quarto, trancando a porta.
Respiro fundo, entrando em meu quarto novamente, deixando as lágrimas rolarem. Era angustiante ter ouvido todas aquelas ofensas vindas de meu próprio filho, ele era um pedaço de mim, independente de tudo. Se ele fosse gay ou qualquer outra orientação sexual do tipo, eu iria apoiá-lo, então por que ele não me apoia? O que eu fiz de errado para que ele me dissesse coisas tão baixas? Deixei passar algo? Não dei atenção o suficiente para ele? Eu sempre fiz o meu melhor, sempre fui carinhoso com ele. Fui compreensivo diversas vezes, sempre confiei nele. Eu mereço isso? Mereço ouvir que meu filho sente desgosto de mim?
Meus pensamentos são interrompidos com o som da notificação de meu celular, o pego vendo as mensagens de Mingi.
Mingi♡
Olha, eu peço desculpas
pelo que meu irmão fezNão queria causar mais problemas
Acho que você tem que conversar
com o seu filhoEspero que fique bem♡
Sorrio triste lendo as mensagens, tinha algo que percebi a pouco tempo: Mingi se culpava com tudo que envolvesse a educação do irmão.
Talvez por tê-lo criado, ele deve sentir que falhou em algo toda vez que Sumin se mete em confusão.
Eu também sinto isso, depois de ter ouvido tudo aquilo sair da boca de Sunghoon, acabei sentindo ainda mais. E para não piorar minha relação com ele, decidi que vou desistir do que sinto por Mingi.
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All About You • Yungi
FanfictionJeong Yunho, um empresário bem-sucedido e pai solteiro, carrega o peso de um passado doloroso. Sua ex-mulher o abandonou, deixando-o com a responsabilidade de criar o filho que naquela época era apenas um recém-nascido, sozinho. Ele se fecha para o...