Capítulo 12

1 0 0
                                    

Passamos a tarde toda no meu apartamento. Ian tentou explicar a Kinley como se manter na forma humana. Fizeram alguns exercícios que consistiam em Ian irritar a pequena lobisomem para que não se transformasse em situações de grande 'stress'. Pude jurar por um segundo que Kinley lhe saltaria para cima e lhe arrancaria a cabeça à dentada. Até fiquei com medo. Nunca, subestimem alguém pelo tamanho.

Mantive-me a observar a uma distância segura. Ian era muito paciente. Sempre que Kinley ficava desanimada quando as orelhas ou a cauda apareciam, ele tentava fazê-la rir e desanuviar a tensão.

Tive de fazer um lanche de tamanho astronómico, mas como os meus dotes culinários nunca foram ótimos, Ian acabou por me ajudar. Ele fez umas tostas-mistas de lamber os beiços. Pode ser este homem ainda mais perfeito?

Fiz o chocolate quente que é basicamente algo que ninguém pode estragar, exceto eu. Bom, não digo que o tenha estragado, posso ter apenas posto um pouco de mais numa das canecas e Ian acabou por ter de passar o líquido de caneca em caneca para tentar misturar e dissolver o excesso. Durante o processo de fazer o lanche falamos entre nós ainda um pouco embaraçados. Kinley vestia-se no meu quarto porque na última transformação no exercício acabou por rasgar as calças com as garras.

— Acerca do beijo... — começou Ian olhando para a tosta onde colocava a manteiga — Peço desculpa. Devia ter-me controlado melhor. Entendo se não me quiseres por perto após levarmos Kinley ao pai...

Apoiei a cintura na bancada da cozinha, ficando de frente para as costas dele.

— Tenho de admitir, foste um pouco abusado ao beijar-me daquela maneira, mas não tem importância. Entendo estares num momento sensível e eu era quem estava mais perto. Só fiquei mais chateada porque me tocaste na ferida. Não foi a sensação mais prazerosa que já tive, acredita. Não sou fã de masoquismo.

— Desculpa, não queria ter-te magoado. — respondeu sem se virar.

— Ei, olha para mim. — foi o que fez — Não precisas de estar sempre a desculpar-te. Eu é que devia de te agradecer. Se não fosses tu sabe-se lá o que aquele Alfa me faria se me tivessem apanhado.

Ele assentiu e voltou à sua tarefa de pôr manteiga nas tostas. Ficamos em silêncio por alguns minutos em que ele terminava de colocar tudo perfeitamente arrumado na bancada/mesa da cozinha. No fim de organizar tudo, virou-se para mim.

— Posso fazer-te uma pergunta? — questionou ele.

— Claro. — respondi ao sentar-me numa das cadeiras em frente da bancada.

— Tu e Gabriel... vocês têm algum tipo de relação?

Sorri disfarçadamente. Se não soubesse que ele não me pode amar, acharia que ele está interessado em mim.

— Gabriel é meu ex-namorado. Namorei com ele por quatro meses sem saber que ele é lobisomem. Pode-se dizer que os europeus têm muito jeito com disfarces.

— Como descobriste?

— Apanhei-o sem querer na época de acasalamento. Na altura fiquei muito magoada com a descoberta, mas com o passar do tempo e a insistência dele acabamos por continuar amigos. É difícil ser caçadora quando conheço e interajo com os alvos. Não sou uma sociopata.

Ian sentou-se na cadeira à minha frente e apoiou os cotovelos na bancada.

— De que cor é o pelo do lobo dele? — perguntou Ian curioso.

— Castanho-claro.

— Faz sentido.

— O que faz sentido? — perguntei confusa.

Aliança Improvável: entre sombras e segredosOnde histórias criam vida. Descubra agora