Capítulo 4

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Ouvi a campainha tocar, enquanto tomava o pequeno-almoço e pelas fortes pancadas ao ritmo da música "Radioactive" dos Imagine Dragon, percebi logo quem era. Abri a porta e deixei-me contagiar pelo sorriso alegre de Kate.

— Bom dia, amiga do meu coração — cumprimentou ela, a cantarolar.

— Bom dia — respondi de sobrancelha franzida.

Kate nos domingos de manhã, normalmente, fica com o namorado ou realiza outras coisas que a mim não me dizem respeito. Para ela estar aqui é porque algo se passou, talvez o namorado a tenha deixado. Não. Se isso tivesse acontecido, ela não estaria tão feliz.

— O que vais fazer hoje?

— Não sei, talvez veja uns filmes. — respondi, encolhendo os ombros.

— Nesse caso, veste um casaco. Sei de algo muito mais divertido para fazermos.

— O que é?

— Surpresa.

— OK — virei-me para ir buscar as minhas coisas, mas depois virei de volta para Kate — Não podes dar só uma pista?

Kate franziu o rosto, fingindo estar a pensar.

— Bem, posso dizer-te que envolve uma atividade ao ar livre e muita diversão. Mas o resto é segredo!

Eu sorri e abanei a cabeça.

— Está bem, está bem. Confiarei em ti desta vez. Mas só porque és a minha melhor amiga.

Kate soltou um riso animado e segurou o meu braço.

— Não te vais arrepender, prometo! Teremos a melhor tarde de todas!

Busquei o meu casaco de cabedal preto, peguei na minha mala e fechei a porta atrás de mim. Segui Kate até ao seu carro, onde Evelyn já estava sentada no banco do passageiro. Entrei no banco traseiro ao lado de Mel, ajeitando-me no assento enquanto ajustava o cinto de segurança.

— Ela, por acaso, não te disse para onde é que nos vai levar? — perguntou ela, curiosa, com uma expressão de expectativa no rosto.

— Sabes bem como ela é. — respondi, com um sorriso de cumplicidade.

Mel cruzou os braços e amuou, franzindo o cenho.

Kate ligou o carro e iniciamos a viagem, com um olhar determinado no seu rosto.

— Já que não podemos saber para onde nos levas, podes ao menos dizer-nos quanto tempo demora? — perguntou Evelyn, com uma expressão de curiosidade e impaciência.

— Não. — respondeu Kate, com um sorriso enigmático nos lábios.

— Só espero que a surpresa seja mesmo boa, para valer todo o sofrimento que me estás a causar! — exclamou Melody, com uma expressão de descontentamento e sarcasmo.

— Por favor, Mel, podes deixar de ser tão chata? — perguntou Kate na brincadeira, com um olhar brincalhão e divertido — Consegues sempre tirar a vontade de fazer alguma coisa especial.

No começo da viagem esforcei-me por prestar atenção às conversas das minhas amigas, mas independentemente do esforço a minha mente desviava-se para a conversa que tive com Ian. Não percebo se posso confiar nele.

Será que não há nada mais por trás das suas intenções?

Por um lado, ele colocou a sua vida em perigo mais do que uma vez por mim, mas pelo outro ele é um lobisomem, a espécie dele é inimiga da minha família há quase quatro séculos.

Esta situação está a começar a deixar-me confusa, tal como o facto de ter a sensação que o conheço há anos. Conheço aqueles olhos azuis, mas de onde?

Aliança Improvável: entre sombras e segredosOnde histórias criam vida. Descubra agora