Capítulo 14

1 0 0
                                    

— Deixa-me ver se percebi. — declarou o meu pai de braços cruzados à minha frente — Um lobisomem criou uma alcateia em Nova Iorque, começou a perseguir-te e tu achaste melhor não dizer nada. Filha, por que é que fizeste isso? Sabes que estamos aqui para te proteger.

— Eu já não sou uma criança. — respondi irritada — Apenas pensei que poderia resolver isto sozinha.

Baixei a cabeça, pousando a testa nas mãos.

— Alícia, nós somos os teus pais. Estamos aqui para o que precisares. — declarou a minha mãe num tom solene e amigável — O que fizeste pôs-te em perigo e aos teus amigos.

— Enfrentar um Alfa é muito perigoso até mesmo para um caçador experiente. — explicou o meu pai olhando-me com carinho.

— Então o que fazemos agora? — perguntei dirigindo-lhe um esgar tristonho.

— Entretanto, esperamos pelos teus amigos para formarmos um plano com cabeça, tronco e membros.

Oito horas depois, Ian, Kate, Melody e Evelyn chegaram. Estavam todos exaustos da comprida viagem e Melody ainda parecia um pouco perdida, mas fiquei aliviada por não estarem feridos.

Ian tentou não chamar a atenção dos meus pais, porque... bem, é óbvio que eles não vão gostar de ter um lobisomem, além disso, um Solitário, à sua porta. Apesar do seu esforço para esconder os olhos que o denunciavam, o meu pai logo o viu.

Esperei que pela primeira vez a sua reação não fosse atacar, mas estava redondamente enganada. Em apenas um segundo, ele tirou a arma que mantinha sempre à cintura e apontou-a à cabeça do lobisomem.

Ian não se mexeu nem um centímetro, enquanto Kate deixou um rosnado fugir-lhe da garganta, Melody e Evelyn pareciam aterrorizadas. Foi no meio deste caos que decidi fazer algo. Pode não ter sido a melhor ideia, mas foi a que consegui planear antes que o meu pai apertasse o gatilho.

Coloquei-me em frente da arma, protegendo Ian do possível disparo. Olhei nos olhos do meu pai como que em desafio.

— Sai da frente, Alícia! — ordenou ele severamente.

— Desculpa, pai, mas não posso deixar que o magoes. — respondi com toda a confiança que consegui — Ele é meu amigo.

— Como assim o teu amigo? — perguntou ele com uma expressão desconfiança no rosto cansado — Por que raio um lobisomem seria amigo de uma caçadora?

— Por favor, pai, tens de confiar em mim.

Os olhos do meu pai percorreram o meu rosto enquanto ele baixava a arma. Suspirei de alívio.

— Será que agora podem explicar-nos o que se passa? — perguntou Evelyn, abraçada a Melody.

— Aaa... — foi tudo o que consegui formular no momento.

— Talvez seja melhor nos sentarmos um pouco e tentar esclarecer este problema. — aconselhou a minha mãe pousando levemente as mãos nos ombros do meu pai.

Fomos todos para a sala de estar e a minha mãe convidou as minhas amigas a sentarem-se no sofá negro. Ian tentou manter-se afastado o mais possível do meu pai.

— Então, começando do início, eu descendo de uma família de caçadores de lobisomens. — expliquei ficando atenta às reações das minhas amigas — Kate e Ian são lobisomens.

Gargalhadas altas e escandalosas preencheram a sala. Melody contorcia-se no sofá para recuperar o fôlego.

— Claro. Já agora vais me dizer que o coelho da Páscoa caga ovos de chocolate! — exclamou Evelyn, sendo claramente sarcástica.

Aliança Improvável: entre sombras e segredosOnde histórias criam vida. Descubra agora