Existe um motivo?

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Pov Vanessa:

Olho para trás com olhos os arregalados e...

— Natan?

Eu digo, sem entender nada. 

O que ele faz aqui? Ah, óbvio. A irmã dele está surfando, obviamente veio assistir ela, que tipo de pergunta é essa? 

Mas assim tão cedo? Tipo, não me lembro dele gostar de levantar cedo.

E então o analiso, ele parece me analisar também e então cautelosamente ele se senta ao meu lado. Ele me olha, como se quisesse me ler, através das minhas expressões corporais e faciais.

E eu tento adivinhar o que se passa na cabeça dele… Por que ele não diz nada?

E então ele vira o rosto em direção a Vivian e não me observa mais.

O que há de errado?

— Tá tudo bem… com você?

Ele diz gaguejando, mas não tira os olhos da Vivian, não consigo ver o seu rosto. Gosto de olhar nos olhos das pessoas, enquanto converso… desse jeito é estranho! 

Mas de qualquer forma, eu respondo.

— Hum, sim. Tá tudo bem, sim! E você tá bem?

— Tô feliz… que esteja bem.

Ele fala mantendo os olhos na sua irmã! Por que ele não olha para mim? Ele tá conversando comigo e não tá olhando para mim? Isso me incomoda.

— Mas… e você tá bem?

Pergunto confusa.

— Ah, eu? Eu tô.

Ficamos em silêncio e então fico nervosa, seguro as minhas mãos sobre as coxas e inspiro baixinho tentando pensar em alguma pergunta para ele. Poxa! Ele deve estar chateado comigo, fui uma péssima amiga. Não sei o que ele tem passado, o abandonei completamente. E então num tom deprimido, eu faço a pergunta óbvia, que eu me fiz mentalmente. 

— Veio ver a Vivian surfar, né? Ela é ótima.

Falo na esperança de que ele foque em mim, para conversarmos.

— Não, eu nunca venho com ela. Não costumo acordar cedo… Vim para conversar com você. Ela me disse que você viria hoje. 

E então ele olha para mim.

Ele continua…

— Já que você não responde as minhas mensagens, tive que vir pessoalmente.

Ele sorri triste, enquanto diz estas palavras, que quebraram o meu coração.

Sou mais que péssima, sou horrível. Enquanto me divertia com o Pietro, nem lembrei do Natan. Agora ele está aqui triste e é por minha causa! 

Olho no fundo, de seus olhos, tentando pensar em um jeito de me desculpar. Eu simplesmente travei, não sai nem ar da minha boca. Então ele desvia os olhos, e volta a atenção para a Vivian, que continua em pé na prancha, totalmente determinada e confiante. Queria me sentir assim, como ela, nesse momento. Mas me parece algo fora do meu alcance.

Fecho os meus olhos e ouço o barulho das ondas, tiro as minhas mãos das coxas e as coloco sobre a areia. Pego a areia, sentindo a textura fininha e delicada em minhas mãos, eu gosto desta sensação. Respiro fundo, como a brisa gelada que senti no caminho para cá. Todas essas coisas me acalmam, sinto Deus em cada uma delas.

A brisa é a presença dEle… A areia que, me traz uma sensação tão boa, é quando eu me conecto com ele e o mar é o som da voz dEle, que me traz paz.

Eu inspiro, soltando a areia de minhas mãos.

Olho para o Natan.

— Natan, você continua escrevendo para Deus? 

Digo calmamente e então ele me olha inquieto.

— Hum, por que isso do nada?

— Não sei! As tuas poesias são lindas, tenho a certeza que Deus ama.

Eu me deito na areia e ouço o Natan respirar fundo. 

— Não…

Eu me levanto da areia incrédula, ele parou de escrever?

— Mas… por quê?

Digo desconcertada.

— É que, desde que você me deu um gelo… Eu não tenho sentido mais… nada. 

Olho para ele confusa.

— O quê?

— Você… trazia a luz para mim. Sei lá, não consigo escrever! Não sai nada. 

Nego com a cabeça.

— Você não precisa de mim, para seguir o teu ministério. É Deus que vai te dar à luz, não eu! Não pode precisar de mim desse jeito! Sou uma pessoa falha, como todas as outras. Errarei com você, não sou perfeita, você precisa de Deus. É Ele que vai te direcionar, você sabe disso.

— Eu sei, eu sei. Mas você não entende!

— Então me explica, por favor. Tentarei te ajudar, me fala o problema.

— É que…

Ele coloca as mãos na cabeça, chateado.

— Amigo, se acalma. Respira.

Falo manso, tirando levemente as mãos dele de sua cabeça.

E então ele me olha fixamente.

— Me diz o que tá havendo. O que está te agoniando desse jeito? Eu te conheço Natan.

Ele sorri com a última frase, aquecendo o meu coração.

— Pode me dizer?

Falo segurando em suas mãos, mantendo o meu olhar nele, se eu não o ouvi em todo esse tempo. Vou o ouvir agora. 

— Eu não posso.

Ele se solta das minhas mãos e desvia o olhar.

— Mas por que não?

— Prometi que não contaria.

— Ham? Mas do que se trata? Eu não entendo.

Digo confusa.

— Sabe, Vanessa. Se você não é fiel aos teus amigos, disso eu não tenho nada a ver, mas sou fiel aos meus. Entendeu? Esquece isso.

Ele se levanta limpando a areia de sua calça e então vai embora às pressas.

— EI! NATAN!

Eu grito, mas ele não me dá ouvidos. Continua andando sem olhar para trás.

Mas o que foi isso? Por que foi rude do nada? Sei que o Natan é impulsivo e impaciente, às vezes, mas sempre tem um motivo. 

Notas:

O que acharam deste capítulo? Tô  fazendo eles enormes para vocês! Então Interajam.🤨 Não esqueçam de avaliar e comentar. 😋

Agradeço pelos meus leitores fiéis, e também a você, que caiu aqui de paraquedas… se for o caso, leia a história 1. Se não, você não entenderá muita coisa kkkk.❤ Obrigada, beijos. Até a próxima.

Eu, você e Jesus 2. (ROMANCE CRISTÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora