CAPÍTULO 7 - LONGE DELE/ PERTO DELE

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Eu não quis saber de muita coisa nos dias que se passaram. Eu estava longe dele. Não havia motivos para eu crer que Lan Zhan viria atrás de mim de alguma forma. Não havia um ponto. Eu soube disso ao sair cedo de minha casa um dia depois de ter saído do bar e deparar com ele saindo da sua casa também.

Não olhei em sua direção, ele tampouco me cumprimentou. Passei direto até o ponto de ônibus e peguei o primeiro que vi, respirando aliviado pela tensão do momento que acabara de passar. E foi assim pelo resto dos oito dias que não mantive contato com ele.

Era fodidamente difícil para mim tê-lo tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Eu estava detestando a ideia e no quinto dia longe, havia pensado em ir em sua casa para conversarmos um pouco, esclarecer nossa distância. Porém, nesse dia, eu vi Mian saindo com ele porta afora e quando ela me viu saindo de casa, agarrou Lan Zhan e lhe deu um beijo. Ele a afastou rapidamente e eu virei o rosto, ignorando-os e sai andando apressado até o carro de meu pai, que me esperava para uma festa de família.

Então tudo estava decididamente acabado para mim. Acabado do tipo, nada sequer havia começado, mas algo havia rompido. Algo muito valioso para mim, algo que me mantinha um pouco são naquela cidade idiota e no meu emprego de merda.

A única coisa que realmente funcionava era a propaganda que Lan Zhan havia feito para mim sobre a loja. Eu continuava recebendo visitas de conhecidos seus. Claro que não com a mesma frequência, mas eles estavam sempre lá, alguns repetidas vezes. E isso gerou incômodo em meus colegas de trabalho, inveja mesmo.

Percebi que os vendedores se afastaram de mim e ficavam cochichando pelos cantos. Isso me deixava frustrado. Eu não fazia nada. Não é como se eu avançasse nos clientes e eles fossem atendidos apenas por mim. É porque eles chegavam e perguntavam quem era Wei Ying e tcharam! Eu era Wei Ying, foda-se se os caras eram invejosos o suficiente para me odiarem só por isso.

Mas o meu erro foi acreditar que ficaria apenas nisso, no desprezo de meus colegas e na minha indiferença para eles. Ha, que inocente eu fui. Na verdade, que trouxa eu fui. Mas eu só fui descobrir isso alguns dias depois.

O meu chefe disse que ia viajar e que deixaria a loja em minhas mãos; eu fiquei completamente nervoso com aquilo, eu ia cuidar do local sozinho e não havia gostado de ideia. Ele, no entanto, disse que eu era o vendedor mais capaz e o melhor dali e que eu merecia muito mais do que apenas ficar vendendo bugigangas. Eu ri, franzindo a sobrancelha e fazendo a cara mais desesperada do mundo quando saí de seu escritório depois que ele me disse isso.

A notícia caiu como uma bomba para os outros funcionários. Eles não deixaram claro, mas ficaram completamente putos comigo e eu cheguei a ficar com medo do ambiente de trabalho se tornar mais hostil do que estava.

O dia de meu patrão viajar chegou e eu tive que faltar o primeiro dia assumindo a loja por estar com uma virose, pedindo para Richard, um dos vendedores, assumir o comando. Ele disse que tudo bem e foi um tanto irônico me chamando de chefe, mas eu resolvi ignorar.

Em casa, cuidando do resfriado, eu fiquei deitado na minha cama olhando velhas fotos. Na maioria delas, eu estava com Yang, meu ex, em Nova Iorque e tudo parecia tão mais colorido em minha vida. Nas fotos, nós parecíamos tão jovens e tão felizes. Apaixonados, mesmo que não estivéssemos. Pelo menos não Yang por mim.

Engraçado que, se fosse uns meses antes, olhar aquelas fotos me faria chorar e remoer tê-lo perdido. Na verdade, eu senti um profundo alívio por não sentir mais nada. Parecia até ridículo o quanto que eu pensava amar o Yang naquela época e o quanto eu não o amava depois de um tempo.

Eu rasguei as fotos, uma por uma e joguei no cesto de lixo de meu quarto, suspirando e virando na cama. Olhei para a janela e dela eu vi alguns reflexos; provavelmente, Lan Zhan estava em seu quarto vendo TV e eu tive uma grande vontade de levantar e espiá-lo um pouco, mas não o fiz. Espirrei um pouco e agarrei o travesseiro, fechando os olhos e me perguntando se ele pensava em mim.

Wei Ying Não Tem Muita Sorte!Onde histórias criam vida. Descubra agora