Eu peguei um táxi e fui até o trabalho do Lian, na esperança de encontrá-lo no horário da tarde. Porém, o bar estava apenas sendo limpo por alguns funcionários e eu perguntei a um deles onde Lian morava. Ele me deu o endereço e eu voltei a entrar no táxi, a testa no vidro e as lágrimas molhando minhas bochechas.
O taxista parou e eu pedi para ele esperar um pouco que eu ia arrumar o dinheiro da corrida. Eu não tinha um tostão furado no bolso e isso era a coisa mais embaraçosa que alguém poderia passar, mas o que eu podia fazer? Pensei em subir na casa do Lian e lhe pedir algum dinheiro e ajuda e qualquer coisa que ele pudesse oferecer, nem que fosse um ombro para chorar.
Eu cheguei em frente ao seu apartamento e bati na porta algumas vezes, nervoso pela demora para abrir. Ouvi uma pancada vindo de dentro e sussurros e então, depois de algum tempo, Lian abriu a porta meio ofegante. E sem as calças.
Quero dizer, ele estava coberto, com um lençol. Quando ele me viu ele meio que arregalou os olhos e eu suspirei, olhando para baixo e nem aí para o estado dele.
– O Lan Zhan vai ter um filho com a Mian. Eu sai da casa dele e peguei um táxi e sequer tenho dinheiro para pagar. – Choraminguei e ele me olhou com pena. – ...eu não tenho mais nada.
– Ah, Wei Ying, poxa. – Ele falou e me puxou para um abraço. Eu tive que apertá-lo com força, sendo consolado pelo meu amigo.
Quando eu entrei na casa foi que eu fui entender o porquê de ele estar sem roupa e nervoso por eu ter batido na porta; Hua Cheng saiu de dentro de sua casa pelos corredores todo vestido e com o rosto vermelho e sorriu para mim meio enviesado.
Eu soltei um oh abafado e corei, afastando de Lian.
– Cristo, vocês estavam...– Parei e cobri meu rosto com as duas mãos. – ...me desculpem, eu não sabia. E eu nem devia ter vindo aqui, vocês são amigos do Lan Zhan e... Eu acho que vou embora.
– Não. – Hua Cheng disse e se aproximou. – Não, Wei Yingie, você não vai. Não importa o que aconteceu aqui, nós somos amigos do Lan Zhan, mas nós somos teus amigos também e estamos aqui para te apoiar acima de tudo. – Eu lacrimejei novamente e Lian me apertou um pouco mais. – Esperem, eu ouvi sobre o táxi, vou descer para pagar ok?
Eu assenti e Hua Cheng saiu da casa, dando um beijo na testa de Lian e um beijo em meu rosto antes de ir. Lian me puxou para sentar no sofá e foi até a cozinha me pegar um copo de água, me entregando com pena de mim.
Cara, eu me sentia um lixo mesmo. Parecia que tudo havia perdido o rumo e que a minha vida estava sendo triturada em um daqueles caminhões de lixo maneiros que fazem barulho de madrugada quando passam. Era o inferno.
Hua Cheng voltou pouco tempo depois e sentou ao meu lado. Eu expliquei para os dois o que tinha acontecido e eles ficaram em choque, sempre dizendo que sentiam muito e que a Mian não prestava e devia ter armado tudo aquilo. A única coisa em que eu pensava era que a pessoa que eu amava estava à mercê da mulher que carregava um filho dele.
Lian disse que eu podia ficar na casa dele por um tempo e eu agradeci do fundo do meu coração, afinal eu não tinha para onde ir. Eu sabia que seria um incômodo, já que, aparentemente, ele e Cheng estavam engatando um relacionamento, mas fazer o que? Eu não tinha alternativas.
Eu me tranquei no quarto que Lian havia me cedido e deitei na cama macia, sentindo o cheiro de lençol mofado. Ele disse para eu esperar que ele trocaria a roupa de cama, mas eu apenas ignorei isso e deitei de bruços, aproveitando minha depressão.
Lian entrou no quarto um pouco depois e me fez levantar para trocar os lençóis. Depois disso, ele me tirou o avental que eu ainda vestia e me levou até o banheiro para lavar o meu rosto.
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Wei Ying Não Tem Muita Sorte!
RomansWei Ying, recém formado em música, volta da faculdade para a casa dos pais em sua pequena comunidade chinesa em Nova Jersey, EUA. A vida dele parece estar indo por água abaixo e ele está completamente sem expectativas. Isso até ele conhecer o vizinh...