Dylan Legrand
Los Angeles, Califórnia. 06/08/2017Giro a chave da minha moto com os dedos enquanto assisto mais uma vez meu pai enchendo o saco. Eu gostaria de ser poupado de tanta gritaria. Sinto meu sangue ferver. Estou louco para respondê-lo a altura, mas não posso. Não enquanto ainda morar debaixo do seu teto.
— Você vai ficar aqui e estudar mais sobre os negócios da família! Não vou permitir que saia e faça o que quiser! — meu pai berra, batendo o copo de vidro no balcão da cozinha.
— Ontem eu passei a noite folheando cada papel que você me entregou, papai. Não acha que isso já não foi o suficiente? — respondo, cruzando os braços.
Cortei meus dedos várias vezes com os papéis que meu pai me entregou. Passei a noite em claro para ficar livre de qualquer outra obrigação. Minhas pálpebras estão pesadas e eu poderia cair no chão a qualquer momento, mas ainda assim, ele nunca acha que é o suficiente. Se eu ateasse fogo nessa casa com meu pai dentro, talvez ele ficasse mais calminho. Só uma suposição.
— Você é um preguiçoso! Seu irmão consegue decorar isso de olhos fechados! — ele grita, furioso. — Deveria agradecer por ele ser tão paciente com você. Seu irmão foi muito compreensível depois que você rasgou os documentos importantíssimos dele!
— Ótimo. Peça para o seu filhinho ler os papéis para você, papai. Aposto que ele adoraria pagar de bom moço — Sorrio, indo até a porta. — E sobre os documentos, pode ter certeza que eu faria tudo de novo.
Bato a porta com força antes que ele pudesse falar mais alguma coisa.
É sempre a mesma história. "Seu irmão é melhor nisso" "seu irmão não comete erros igual você". Porra, ele é perfeito então?
Aquele canalha está longe de ser perfeito. Nunca conheci ninguém tão perverso quanto ele. Às vezes me pergunto se sou adotado. Não posso acreditar que faço parte dessa família de malucos.
Caminho com passos largos até a oficina do tio do Ethan. Minha moto deve estar pronta depois de tanto tempo lá. Paguei uma boa grana para que estivesse nas minhas mãos ainda hoje.
Olho para o lado, vendo um pequeno parque. Ele parece mais desgastado desde a última vez que eu o vi. Claro, já fazem três anos.
De longe, consigo ver as ondas ruivas do cabelo de Ethan. Ele está sem camisa e tem graxa em seu corpo.
A oficina é bem grande. Dá pra perceber que tem muitos clientes só pela quantidade de carros e motos. A placa em cima do lugar diz "Oficina dos Owen." Que nome criativo.
— Tio, meu amigo chegou! — Ethan grita, acenando para mim com as mãos levantadas.
Não demora muito para que eu esteja na sua frente. Ser alto e ter pernas longas possui suas vantagens, e uma delas é andar rápido.
Um homem idêntico ao Ethan sai de dentro da oficina. Ele tem bastante músculos. Suponho que seja pelo trabalho pesado.
— Bom dia, senhor Dylan. Me chamo Matteo, mas pode me chamar de Matt — o tio de Ethan sorri, erguendo sua mão na minha direção. — Meu sobrinho falou muito de você
— Espero que somente coisas boas — Sorrio de volta, apertando sua mão.
— Não se preocupe, esse garoto falta colocar sua foto debaixo do travesseiro quando vai dormir.
— Tio! — Ethan esperneia, trazendo minha belíssima moto.
Eu o olho e não posso evitar que uma risada escape da minha boca.
— Isso é verdade, Ethan? — zombo, inclinando a cabeça.
— Não é! O tio Matteo está mentindo! — ele discorda quase imediatamente.
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A arte dos seus olhos
RomanceAlexa Morgan finalmente tem a chance de experimentar o ensino médio depois de anos estudando em casa. Sua vida parece tomar um rumo emocionante quando ela chama a atenção de Dylan Legrand, um misterioso garoto recém-chegado de Paris. No entanto, o d...