S/n Edouard P.O.VEncho meu copo com o suco de uva em cima da mesa após me sentar e me juntar a minha família para o café da manhã. Diana, Jonathan, Michela e meus pais estão todos juntos, o que é uma surpresa para mim, ainda mais Jonathan que só pensa em trabalhar. Estou sentada ao lado de Michela e a mulher me dá olhadas sutis a cada segundo e isso já está me incomodando.
— S/n, como está indo nos ensaios? Kamila me contou a novidade. - Jonathan disse tendo a atenção de todos. Michela o encara esperando mais palavras do mesmo.
— Conte-nos, filha. Qual a novidade? - Minha mãe perguntou sorrindo. Tenho certeza de que quando ela souber que fui rebaixada ela irá surtar comigo. Minha mãe sempre me ajudou com os treinos quando está disponível.
— Isso, conte! Estou ansioso para ouvir da sua boca. - Ele disse totalmente empolgado. As vezes penso se ele realmente me ama como irmã, e as vezes penso que ele me odeia.
— Bom, eu...
— S/n, foi rebaixada na academia! Ela está no nível diamante agora. - Jonathan não se conteve e contou. Meus pais me olharam com os olhos arregalados.
— O QUE!? - Meu pai espalmou a mesa com suas duas mãos. Meu corpo tremeu pelo susto. Michela e Diana estão de boca aberta olhando para meu pai. As veias em seu pescoço estão saltadas e ele está vermelho. — Você foi rebaixada? - Gritou o mais velho. Me levantei da cadeira após ele sinalizar e parei a sua frente. — S/n, olhe nos meus olhos e me diga que Jonathan está mentindo. Diga para mim que você é a melhor e que isso é uma brincadeira de muito mal gosto do seu irmão. - Olhei em seus olhos sentindo os meus arderem a cada segundo de tanto que seguro para não chorar. Minha mãe se levantou da cadeira ficando ao meu lado. Os olhos do meu pai estão vermelhos e suas mãos tremem.
— Marido, acalme-se. Não precisa disso tudo. - Meu pai, totalmente fora de controle, puxou minha mãe pelo braço a tirando de perto de mim. — O que é isso, Bernard? Está maluco? - Minha mãe tentou puxar o braço, mas ele segurou com força. — Está me machucando.
— Nunca mais se meta quando eu estiver falando com nossos filhos. S/n merece punição. - Ele a empurrou para longe quase fazendo ela cair. Tentei ir até ela, mas meu pai segurou meu braço me puxando até a sala. Ouço as vozes de Michela e Diana pedindo para ele me soltar e se acalmar, mas ele não parou. — Eu não acredito que isso seja verdade.
— Eu sinto muito, papai. - Minha voz falhou e as lágrimas caíam grossas e doídas. Ele não estava escutando o que eu dizia, não estava olhando para mim. Meu pai se encontrava de costas para mim andando de um lado para o outro. — Papai, me desculpa por isso. Eu vou melhorar na academia e vou voltar para o nível maior. Eu prometo, pai. Prometo para você e... - Me calo após sentir o peso de sua mão em meu rosto.
— Eu disse a sua mãe que você seria uma vergonha para nós. Eu disse para ela, mas ela não me escutou, ela não me escutou. - Ele se aproximou de mim tocando em meu rosto. — Filha, minha garotinha, por que você está sempre me desapontando?
— Papai, eu sinto muito. - Novamente ele me impediu de falar tapando minha boca. Os olhos dele estavam quase saltando para fora.
— Não fale sem eu permitir, S/n. - Suas mãos pararam em meu pescoço onde ele apertou sem muita força. — Por que você não pode ser como seu irmão? Por que não pode ser perfeita como todos da nossa família? Você me envergonha, S/n. Tenho vontade de te deserdar e deixar você sem nada, tenho vontade de tirar meu sobrenome de sua certidão para não ter que acordar sabendo que você é minha filha. Você é um fardo.
— Papai, eu... - Suas mãos apertaram mais forte meu pescoço, forte o suficiente para que eu não consiga falar ou respirar.
— Eu nunca quis ter você como filha, eu nunca quis ter uma filha, mas sua mãe dizia: "Esse é o meu sonho, sempre quis ter uma menina." E eu, como um bobo apaixonado deixei ela cuidar de você, e depois eu fui me apegando a aquele bebê pequeno e lindo. Você era perfeita, S/n. - Seu aperto em meu pescoço afrouxou e ele me olha com seus olhos lacrimejantes. — Por que você não pode ser perfeita? Por que tem que me decepcionar tanto?