12 - DE VOLTA AO LAR [edited]

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Rápido demais, as notícias de que William e Harry discutiram em público se espalharam por todos os tabloides britânicos. Não tinha um vídeo ou o teor da conversa, mas tinha os comentários dos hóspedes da pousada cujo proprietário era um amigo íntimo dos dois príncipes.

Era um eufemismo dizer que James tinha ficado irritadíssimo com os dois amigos. Ele mandou uma mensagem de texto para ambos e solicitou que qualquer lavagem de roupa suja entre os dois fosse feita bem longe do seu empreendimento e sem perturbar a paz dos seus hóspedes.

Especialmente longe de Molly e de Mike.

Foi o que Meade frisou na mensagem de texto enviada para os irmãos. 

William não tinha tentado falar com Molly de novo, embora sentisse que precisava se desculpar com ela. Contudo, tinha recebido um e-mail categórico de Molly no dia seguinte à briga que o pedia para receber os arquitetos que visitariam o sobrado para a reforma, providenciar um local para receber as doações que ela já tinha separado e contratar alguém para terminar de remover o carpete do segundo andar do sobrado.

Como ainda tinha alguns dias antes de voltar a completa atividade, William decidiu que removeria o carpete por sua conta. Do lado de fora, seus oficiais de proteção fumavam e cochichavam sobre ele, deduzindo que William estava enlouquecendo, mas a verdade é que ele só estava evitando o pai que deixava mensagens na sua caixa postal, pedindo para ir ao seu encontro e discutirem os danos que a alteração entre Harry e ele podiam ter causado à firma.

Na semana que se seguiu, William não estava interessado no que o pai tinha a dizer. As únicas ligações que ele não estava ignorando eram as de Catherine. Ela estava o pressionando cada vez mais para que a separação fosse oficializada.

Ele a lembrou de como o pai dele costumava conduzir aquelas coisas, lembrou-a de que ela seria destituída do Sua Alteza Real e que ela não teria mais agentes de proteção.

Por sua vez, Catherine argumentara que quanto mais eles delongassem aquilo, mais complexo seria. William não podia deixar de concordar, porque as crianças estavam confusas.

Charlotte perguntou a Catherine se John era seu namorado e a mãe respondera que sim. Charlotte então quis saber se pessoas casadas poderiam namorar outras pessoas e Kate respondeu que não. Foi difícil explicar para a menina que embora ainda estivesse casada com o pai no papel e fizessem aparições públicas, eles não se consideravam mais casados.

Foi refletindo naquilo que William dirigiu até o sebo da cidade para entregar as caixas com a doação dos livros de Molly. Posteriormente, seguiu para o bazar da igreja onde deixaria os pertences de Scarlett.

Ele tinha deixado as caixas com os voluntários do bazar, quando no seu caminho de volta ao Range Rover foi abordado pelo diácono que fizera o sermão no funeral de Scarlett Hammond.

— Sua Alteza Real. — o velho diácono saudou-o, tinha toda a intenção de cair numa profunda reverência, mas William jamais permitiria que um homem de mais de oitenta anos se curvasse a ele.

— Por favor, não. — suplicou-o, contendo-o pelas laterais de seu corpo já frágil. — Sou homem como o senhor.

Não era uma reação comum de William. Ele sabia que era natural que as pessoas se curvassem, era considerado rude que William "recusasse" uma reverência de um súdito, porém, era evidente que aquele homem que caminhava apoiado numa bengala não gozava de plena saúde.

— Então, depois de tantos anos o senhor decidiu retornar a Tetbury. — comentou o diácono Matthews

— Para ser sincero, eu nunca deixei de vir a Tetbury. Eu gosto muito da vida rural. — William o disse. — A única razão pela qual minhas visitas se tornaram mais recorrentes foi porque quero estar mais perto das memórias de Scarlett e me fazer presente para meus amigos. Sou um velho amigo do viúvo.

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