Quando Molly acordou na manhã seguinte, ela se deu conta de que não vira Mike retornar ao quarto. Checando o relógio ao lado da sua cabeceira, constatou que eram apenas seis da manhã e na cama próxima a janela estava Mike, embolado num emaranhado de cobertores e lençóis.
Por um momento ela tentou voltar a dormir, mas foi inútil. Enrolando-se em seu roupão, Molly calçou as pantufas e pegou a mochila com o notebook. Desceu as escadas cuidadosamente, preocupando-se em não fazer tanto barulho.
Seu objetivo era procurar um local para trabalhar um pouco. O sofá do lounge pareceu convidativo naquele momento.
Normalmente o lounge seria o último lugar onde ela se acomodaria, mas como a pousada estava fechada pelos próximos dias, aquilo significava também que eles não tinham hóspedes curiosos.
As horas passaram num piscar de olhos e quando o relógio do notebook marcou sete e meia, William desceu as escadas já completamente vestido e criando um grande contraste com o visual e Molly. O Príncipe de Wales estava abotoando os punhos de sua camisa social, alheio a sua presença.
Molly sorriu levemente ao se lembrar da adolescência, quando ela passava horas em seus pijamas e William, como de costume, livrava-se de suas roupas de dormir assim que se colocava de pé.
O rangido que veio das escadas fez Molly fazer uma careta e assim também William.
— Oh, você está acordada. — William comentou. — Bom dia. Já tomou café da manhã? — perguntou educadamente.
— Não, mas eu fiz chá. — Molly disse enquanto fechava o notebook e se levantava.
Ela pegou o roupão que estava sobre o braço do sofá e tornou a vesti-lo, corando levemente ao perceber que seu roupão estava desamarrado. Suas pernas pálidas ficaram visíveis para William de relance.
— Bem... posso providenciar torradas, feijão e salsichas. — William sugeriu. — Ovos também.
— Posso ajudá-lo. Só vou me trocar. — disse com os olhos baixos e fazendo caminho para a escada.
Os dois fizeram uma careta quando Molly pisou no mesmo degrau barulhento que William pisara há alguns instantes. Vinte minutos depois e, muito mais apresentável, Molly passou pela porta da cozinha com os cabelos amarrados, usando short jeans, cinto, regata e seu par de tênis brancos.
William tinha preparado mais chá, tinha enchido a torradeira com pães e, naquele momento, preparava as salsichas e os ovos. As latas de feijão estavam cuidadosamente reservadas próximas a ele.
Molly tirou a manteiga, o leite e a geleia da geladeira. Aproveitou também para escolher algumas frutas.
— O que o Mike come no café? — perguntou William.
Em resposta, Molly abriu o armário e sacudiu uma caixa de sucrilhos de chocolate. William sorriu, acompanhando com os olhos enquanto ela tirava uma tigela do armário e pegava uma colher.
— Como eu posso ajudar? — Molly perguntou.
— Você pode abrir as latas de feijão. — William sugeriu. — Não consegui encontrar o abridor de latas.
Após uma busca meticulosa nas gavetas, Molly encontrou um dos abridores de lata e se pôs a abrir as latas de Baked Beans. William sugeriu que preparassem bacon e, embora eles já tivessem muitas opções para o café da manhã, concordava com ele que poderiam fazer algo caprichado para surpreender James.
Molly não percebeu o par de olhos que acompanhava cada um dos seus movimentos. William, que tinha ficado responsável pelo fogão, não parava de olhar sobre o ombro. Ele não queria se sentir atraído por Molly, mas era quase embaraçoso pensar que a bela garota por quem se apaixonara só tinha ficado mais bonita, enquanto ele não tinha um fio de cabelo na cabeça.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Águas Passadas
RomansaMolly Hammond é uma escritora de sucesso. William é seu ex-namorado e um príncipe - um de verdade. Quando recebe a nota de falecimento de sua mãe, Molly se vê obrigada a voltar para casa e confrontar várias pendências do passado.