Cachorro

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Pouco tempo se passou desde aquela noite, quando Shadybug e Luka fizeram um acordo: O rapaz deveria conseguir o Miraculous do Cachorro, e, em troca, a portadora o levaria ao seu pai. Não demorou muito para o jovem guitarrista conseguir o Miraculous, uma vez que Shadybug assassinava quase todos os portadores lacaios do Supremo que encontrava, obrigando o detentor das joias a recrutar com certa urgência novos portadores.

Uma vez concedido como portador do Miraculous do Cachorro, Luka procurou Shadybug, sobre os prédios, como essa o tinha informado.

— Você conseguiu, afinal.

— É, não foi tão ruim.

— Ótimo! Então vamos ao que interessa.

A portadora começou a vasculhar o compartimento dentro de seu ioiô; enquanto isso, o rapaz não tirava o olhar da mesma. Logo, Shadybug percebeu tal comportamento e parou imediatamente o que estava fazendo.

— O quê? — perguntou a garota, intrigada. Luka parecia estar muito à vontade para alguém que estava de frente com a portadora mais temida da cidade.

— Nada, nada... demais. É que você já não me parece mais tão ameaçadora.

Marinette, provavelmente, apenas bufaria ou ignoraria. Mas Shadybug tinha ainda menos paciência, e já não era seu namorado ali; no momento, era apenas um ajudante.

— Eu já matei animais maiores do que você, totó. Meça melhor suas palavras.

— He, he, desculpe. Qual a próxima fase do plano?

— Hum... você se encontrou com o Supremo. Sabe onde fica o covil dele?

— Não, os portadores que encontrei me vendaram. Quando abri os olhos, já estava no covil do Supremo.

— (suspiro) Ele ficou mais cuidadoso. Imaginei que isso pudesse acontecer — a garota retirou de seu ioiô a fita presente no antigo gravador dado pelo Supremo. — Fareje o Supremo através do cheiro dele nessa fita.

— Nossa! Você pensou em tudo. Você é incrível, mademoiselle.

Shadybug estranhou, mais uma vez, o comportamento inesperado do rapaz, principalmente um elogio dirigido a ela. Vindo dele, lhe parecia tudo, menos uma coisa boa. Entretanto, a garota pensou pouco sobre isso, e não disse nada, pois estava com outros focos em mente.

— Acho que não fomos apresentados direito. Prazer. Meu nome você já conhece, mas qual é o seu?

— Não temos tempo para coisas fúteis, cachorro.

— Ah, vamos lá. Pelo menos me diga o seu nome enquanto eu procuro o Supremo, isso não vai atrapalhar.

A portadora foi vencida pela impaciência, ela não tinha problema em responder uma pergunta, desde que o plano continuasse em andamento.

— (suspiro) Meu nome é Shadybug.

— Shadybug? Combina com você. Quem diria que teria tanta beleza na escuridão.

A garota rapidamente levou seu olhar ao rapaz, desconfiada, quase incrédula. Algo lhe dizia que ela estava apenas pensando besteira, mas suas suspeitas pareciam estar se confirmando. A jovem permaneceu quieta até ambos chegarem ao covil do Supremo, organizando seus pensamentos para não tomar uma atitude mal articulada.

Assim que chegaram ao local, Shadybug entendeu porque nunca havia procurado por ali. O lugar mais parecia um prédio abandonado, escuro — para não chamar atenção —, porém alto. O edifício possuía passagens subterrâneas e guardas com difícil visualização. Não seria fácil adentrar, mas isso é o que menos importava para a portadora.

— (suspiro profundo) Nada como relembrar as raízes — disse a garota com as mãos na cintura, contemplando o local.

Marinette estava a um passo de conseguir sua vingança contra o Supremo, e não havia nada que a segurasse agora. Ainda que tivesse assuntos pendentes, seriam resolvidos apenas mais tarde, após a morte do detentor das joias. Assim, Shadybug abriu seu ioiô e começou a programá-lo para visão de raio X.

— Fez um bom trabalho, Couffaine. Seu pai está no hotel Le Grand Paris, quarto 107. Com um Miraculous, poderá invadir o lugar e confrontá-lo sem problemas. Agora, pode se retirar.

Apesar do trato dos portadores ter sido cumprido, Luka permaneceu no mesmo lugar, fitando seus olhos na garota; como havia feito o percurso inteiro.

— Eu tenho direito a um agradecimento?

Apesar de estar claro, Marinette duvidava de seus sentidos. Shadybug tinha apenas sua missão em mente, assuntos secundários seriam resolvidos em outro momento.

— O que você quer? Um osso? Só fez o que eu mandei fazer. Agora, pode sair.

— Então, deixe que eu agradeça — O rapaz se aproximou da portadora e segurou a mão da mesma, que estava claramente surpresa, fazendo a atenção desta voltar-se para ele. — Obrigado pela aventura, você foi a garota mais incrível que já conheci, eu espero que tenhamos outras oportunidades de nos encontrarmos. — O garoto levou a mão ao rosto da portadora, acariciando-o, e continuou. — Podemos não ser tão diferentes. Será que atrás dessa máscara não há algo além de ódio?

Já não restava mais dúvidas, Luka realmente estava apaixonado por Shadybug. Sentindo-se traída, o ódio pelo acontecido era sua única emoção, confirmando sua crença de que não existia "calor" em mais ninguém que ela conhecia, senão naquela que já morreu. Incapaz de conter seu próprio monstro interior, Shadybug apenas seguiu seus instintos.

— É... acho que há sim — a garota se aproximou do rapaz e o beijou, sendo retribuída imediatamente pelo mesmo. Após finalizar o beijo, Shadybug morde e arranca o lábio inferior do garoto, que se assusta e cai no chão sangrando intensamente, tentando inutilmente conter o sangramento com as mãos.

— Ha! Ha! Ha! Tolinho, era tudo ilusão! Achou mesmo que eu tava na sua?! Ha! Ha! Ha! Seu pecado não foi esse beijo, Luka; foi ter perguntado "Quer ser minha namorada?"

O rapaz, ainda em choque e desespero, não conseguia entender ao que a portadora se referia; pois nunca havia feito essa pergunta para Shadybug, mas fez para Marinette. E ela notou isso.

— Tá confuso? Já te faço entender. Transformar!

Imediatamente a portadora voltou a sua forma base, mas não antes de criar um talismã, ainda permanecendo sorridente, com a boca em sangue e com o mesmo olhar assassino de Shadybug.

— O que foi?! Não quer repetir que eu sou uma fracassada?! Ser a detentora da criação não parece ser grande coisa, não é mesmo?!

O rapaz abalado mal conseguia proferir alguma palavra.

— E-eu... eu não queria...

— Tarde demais pra sentir pena!

Marinette atira contra a cabeça do garoto com um talismã criado. Os olhos da garota sempre foram azuis, mas, por um momento, Luka poderia jurar que os viu vermelhos, pouco antes do disparo.

Marinette permaneceu ali por um tempo, observando o corpo jazido do rapaz; apesar do seu coração bater, estava tão morta quanto ele. A cada novo assassinato, a garota se tornava menos humana, tal fato é confirmado através da ausência de qualquer resquício de remorso após o ato cometido. Porém, algo dentro dela a fazia pensar se não deveria rever seus passos, provavelmente seriam distantes lembranças dos ensinamentos de Jacqueline e de Gabriel, mas a jovem já estava vazia por dentro. Após refletir um pouco, Marinette tirou de seu bolso um pequeno bloco de notas no qual havia nomes de muitos animais, alguns até repetidos, e escreveu "cachorro" na linha seguinte, riscando a palavra logo em seguida. Não estava nos seus planos matar Luka, mas, se foi feito, ela deveria tomar nota como todos os outros portadores assassinados.

Assim, a portadora recolheu o Miraculous do Cachorro e seguiu em direção ao esconderijo do Supremo.

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