as canções de aquiles 🔞

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eu o reconheceria apenas pelo toque, pelo cheiro; 
eu o reconheceria cego, pelo modo como exalava
o ar e
como seus pés batiam na terra. eu o reconheceria
na morte,
no fim do mundo."eu irei," ele disse. "irei para troia."
— as canções de aquiles.

·˚.

A Trupe chegou a Pemberley para um casamento que, bem, havia sido cancelado. Diego tentou avisar os amigos, mas a carta não seria entregue a tempo. Assim, quando eles chegaram, foi uma grande comoção.

— Apenas você para nos fazer vir ao interior para nada, mon amour! — exclamou Bruno, ao deixar as malas em um dos quartos da casa Martins, com um ar dramático que combinava perfeitamente com seu tom teatral.

Bruno era um ator de teatro nada convencional para a alta sociedade. Usava maquiagens e roupas femininas, com a licença poética dos espetáculos. Embora amasse isso, ser do teatro em uma sociedade altamente conservadora lhe dava alguns privilégios, como, por exemplo, ser ele mesmo, afetado e extravagante. Seu visual chamativo contrastava com os arredores tradicionais de Pemberley, tornando-o uma figura fascinante.

Com ele chegaram Lennon e Larissa, que compunham A Trupe.

Lennon era o organizador das peças por onde passavam, negociando espaços e público com uma habilidade impressionante. Era conhecido por seu carisma e capacidade de transformar qualquer espaço em um palco deslumbrante. Larissa, por sua vez, os acompanhava como a modista mais conhecida da França, tendo assinado vestidos e peças para grandes teatros e famílias ricas. Sua criatividade sem limites transformava simples tecidos em obras de arte, e ela sempre estava em busca de inspiração, mesmo nos lugares mais improváveis.

Juntos, os três formavam A Trupe, uma companhia teatral que transcendeu fronteiras e preconceitos. Frequentemente, as peças de teatro faziam audições para elenco e pessoas para trabalhar nos espetáculos, mas sempre de forma rotativa. Os únicos que se mantinham firmes eram os três, donos da companhia itinerante que levava espetáculos cheios de glamour, ousadia, liberdade e libertinagem. A Trupe não apenas apresentava peças; eles ofereciam experiências que desafiavam convenções e celebravam a diversidade.

Diego os conheceu quando, por uma simples aposta, participou de uma das audições para um papel principal em um dos espetáculos e, por incrível que pareça, foi aprovado. Nunca foi sua intenção atuar, mas se divertiu muito e acabou conhecendo um mundo novo, onde ser ele mesmo era motivo de aplausos e amizades novas. Através do teatro, Diego encontrou uma liberdade que nunca havia experimentado antes, e sua conexão com A Trupe se tornou uma parte vital de sua vida.

Eles se tornaram inseparáveis, até Diego decidir que voltaria para casa. Agora, apesar de não haver casamento, estava feliz por eles estarem ali. Sua mãe os recebeu muito bem, separou quartos para todos e pediu aos criados que preparassem refeições e banhos. Lady Martins estava empolgada por conhecer os amigos do filho, admirando suas roupas exóticas e suas histórias vibrantes. A presença da trupe trouxe um ar de novidade e excitação à casa, que normalmente era tranquila e previsível.

— O que se faz para se divertir neste lugar, querido? — questionou Larissa, enquanto fuçava as roupas de Diego com um olhar crítico.

Mal havia chegado e já declarara seu total desinteresse pelas roupas que o amigo estava usando, dizendo que ele não podia se sujeitar a tamanha simplicidade. Diego mal piscou e a garota já estava cortando uma de suas camisas. Ele não entendeu muito bem o que ela tinha em mente, mas confiava em seu talento.

— Eu vi um clube quando chegamos — comentou Lennon, folheando um jornal local com curiosidade. — É um clube exclusivo, mon chéri?

Estavam todos no quarto de Diego, que se tornara uma grande bagunça cheia de tecidos, acessórios e cosméticos espalhados. Ele estava amando tê-los ali, sentindo-se novamente parte do mundo vibrante e acolhedor que A Trupe representava.

razão e emoção | dimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora