razão e emoção | dimaury

mudança boa e esperada

◜não tenho medo de mostrar meus
sentimentos e de fazer coisas imprudentes,
pois acredito que o que não se mostra, não se sente◞
— jane austen

·˚.

Querido sobrinho,

Escrevo da colônia do Brasil — não conte a corte, mas em breve será declarada independência —, onde estou relatando os acontecimentos deste continente incrível.

A região se chama Mato Grosso do Sul, e não muito longe daqui, foram encontradas minas de ouro! É espetacular o que podemos aprender em um novo lugar.

Recebi sua carta e não pude deixar de responder. Meu querido sobrinho, sinto muito por não poder estar presente e conhecer seu marido, mas devo-lhe dizer que sempre soube que você seria quem nasceu para ser, um dia. Uma pessoa com muito amor dentro de si, fico verdadeiramente feliz que tenha encontrado alguém para, finalmente, direcionar este amor.

Quando lhe presenteei com o baú anos atrás, queria lhe dizer muito mais, mas meu irmão jamais permitiria. Sinto muito por isso, Diego. Não espero que esqueça o que meu irmão lhe causou, mas espero que o perdoe, para o seu bem.

Você se tornou um homem incrível e cheio de coragem, e espero conhecer seu marido um dia!

Seja feliz, meu sobrinho, seja feliz e tenha uma vida plena!

Beijos e felicitações de seu tio Ed.

·˚.

Segundo as leis terrenas, não poderiam se casar. Segundo as leis divinas, também não. Mas segundo as leis do amor, podiam, sim. E o fizeram.

Ainda que não tivesse ocorrido nenhuma cerimônia, nada que de fato oficializasse, houve um chá da tarde, regado a histórias de família, risadas, muito sol e biscoitos, e harmonia. Era um encontro simples, mas carregado de significado e afeto. Para eles, isso era o suficiente.

Diego nunca sequer imaginou que teria isso. Encontrar seu melhor amigo e o amor de sua vida em uma única pessoa é algo raro, algo que ele nunca imaginou que vivenciaria. E ali estava ele, junto às suas famílias, brincando com os dedos de Amaury, enquanto riam e conversavam naturalmente.

Se o mundo houvesse mais disso, simplicidade e amor puro, talvez muita coisa se resolvesse.

— Vocês se mudarão mesmo? — questionou Georgiana, roubando um biscoito do prato de Bianca.

— Sim! Na próxima semana! Ana, minha criada que agora é nossa governanta, cuidará de tudo, até já conversou com um conhecido que será o caseiro, Seu Jorge! 

Respondeu Diego, que se apressou para dizer em empolgação, fazendo o visconde rir ao seu lado.

Haviam decidido que, se estavam casados, deveriam morar juntos. Fora a decisão mais fácil que já tomaram na vida. Mudariam-se para a casa de campo da família Martins, que era usada apenas uma vez ao ano, no verão. E agora, seria o lar definitivo deles.

A propriedade era afastada de tudo, com um campo enorme, quase interiorana. Poderiam cultivar o que quisessem e ter suas próprias criações. Ainda cuidariam dos negócios de suas famílias, no entanto, teriam o seu próprio lar.

— E quando poderemos visitá-los? — perguntou Bianca, com um sorriso travesso.

— Não sei se quero vocês lá, acho que já as suportei por tempo demais. — brincou Amaury, fazendo a irmã de Diego rir.