Kapitel V

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A viagem até o porto está sendo até que tranquila, isso se desconsiderarmos o desconforto geral de ficar mais de quatro horas sentados em um banco de madeira.

Depois que meu sangue esfriou um pouco minha ficha caiu completamente: vou sair do meu país, da terra em que nasci, cresci, casei; vou abandonar toda uma vida. É totalmente insano pensar na quantidade de insalubridade que aconteceu nessas últimas três semanas, minha vida girou completamente, e no processo me jogou de um lado para o outro como uma bolinha dentro de um pequeno pote sendo sacudido. Por um lado essa quantidade de acontecimentos é bom, não que seja legal ser espancada, estuprada, quase ser assassinada duas vezes, ter abortado um filho e fugir igual uma presa corre do predador, mas esses eventos, vindos de forma consecutiva e acelerada não deixaram tempo para eu descansar e realmente parar para pensar em todas as mudanças que estão acontecendo. Então eu basicamente sou uma ignorante no que diz respeito a minha própria vida.

- Não está acostumada com tudo isso né?

Olho para Vanelope sentada ao meu lado, adiante é possível ver a escadinha que se formou com eu em uma ponta e Tommy do outro, fechando a linha das pessoas mais novas do grupo.

- Por que eu não estaria?

- A senhora é uma nobre, tenho certeza de que suas carruagens eram requintadas e luxuosas.

Sorrio de forma triste enquanto a respondo:

- Eu quase não saia de casa, e quando saia era para reuniões do Konig ist Konig, seria descabido usar carruagens luxuosas para isso, chamaria muita atenção. Isso daqui - indico o espaço ao meu redor, - estou completamente bem.

- Por que o nome é Konig ist Konig? - A Wania pergunta.

Olho bem para ela, das duas irmãs ela parece ser a mais distraída, mesmo sendo a mais curiosa, sempre querendo saber as respostas das coisas, notei brevemente que Wanda não gostava muito da atitude da filha mais nova, já eu achava simplesmente maravilhosa a sua mania de questionar tudo, os porquês, os quandos e comos, será uma adulta perfeita, consciente de que as coisas não precisam ser como as pessoas dizem que devem ser, ela nunca será uma incauta. Sorrio antes de finalmente responder:

- Bem, se o poder de governar as pessoas e administrar um país foi concebido ao Rei, não tem porquê a Santíssima Igreja se intrometer em assuntos do estado, certo? - Ela parece pensar um pouco, mas o vinco no meio de sua testa revela sua confusão. - Veja bem, se sua mãe pede para você fazer algo, tem motivos para Vanelope palpitar no que for que esteja fazendo? - Ela nega com a cabeça. - Então, se Deus deu poder ao Rei, por que a igreja devia intervir em tudo que ele faz? Konig ist Konig é um pedido para que líderes religiosos não intefiram nas decisões governamentais e cuidem do povo apenas como fiéis não como suditos.

- Faz sentido, mas se a igreja não participasse da política, isso não a prejudicaria de alguma forma?

- Exatamente lindinha, se o rei governar por si mesmo, sem a ajuda da igreja, ele provaria que a política funciona sem estar anexada a religião, o que poderia levar alguns a questionar a autoridade divina da Santíssima Igreja. Pensa comigo, se o soberano no país consegue tomar decisões sem consultar diretamente o Soberano do Universo isso talvez faça outros pensarem que a igreja não é necessária para tudo que ela diz ser, que as orientações de Deus são sim precisas, mas que não deviam influenciar no modo como tratam a população, as pessoas temeriam somente ao rei e a divindade que eles acreditam de forma separada, sem associar um ao outro, questionariam o que lhes foi ensinado durante anos por um padre, a Igreja perderia o poder de manipular a vida das pessoas e a oportunidade de se beneficiar de algum jeito com isso desapareceria. Eles deixariam de lucrar com base no medo que eles mesmos implantam no atual sistema.

Como Uma RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora