Kapitel XVIII

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Gustav Bakersfield se escora no batente da porta, observando o menino o agarrado ao meu pescoço, um sorriso zombeteiro corta seu rosto e seu olhar desperta medo. De algum modo, Gustav parece sempre estar pronto para desembainhar uma espada de dentro das calças e cortar a cabeça alheia fora antes que pudesse sequer piscar ou implorar pela vida. Às vezes me pergunto se é apenas o treinamento recebido no Palácio ou se tem mais coisas por trás do olhar e instinto assassino que ele emana.

- Atrapalho?

- Aparentemente sim. - Respondo seca.

- Garoto, sua mãe te chama.

Thomas não pestaneja em sair do meu quarto e correr pelo corredor em disparada.

- Bater na porta antes de entrar é o básico dos bons modos...

- Não ligo para isso.

- E do bom senso, poderia estar me trocando.

Ele cruza os braços ainda encostado na madeira do batente, seu sorriso se torna maldoso quando responde:

- Com um menino aqui dentro? Eu teria muito mais motivos para entrar sem aviso e tomar providências a cerca de uma atitude tão descarada. E também, de qualquer modo, tem pouca coisa que felizmente eu ainda não vi.

- O que quer?

Imito a postura dele, encostando o quadril na mesinha ao meu lado e cruzando os braços, não me deixando afetar pelo o que ele disse.

- Gosta do meu irmão?

Sou pega de surpresa pela pergunta, por isso me desequilíbro, tombando um pouco mais para o lado, sinto meu coração disparar e meu peito começar a queimar. Pigarreio tentando não corar e manter uma postura séria enquanto Gilbert começa a tomar conta de mais pensamentos do que o necessário.

- Por que quer saber?

Ele entra no quarto em passadas lentas e postura preguiçosa.

- Não sei... talvez porque flagrei vocês dois tentando se beijar a uns dias atrás?

- Tentando?

- Sim, eu não posso considerar aquela coisa um beijo - ele ri baixinho - você parecia uma parede.

Meu sangue ferve de forma quase instantânea.

- Consegue não ser desagradável toda vez que abre a boca?

- Com você? - Ele abre um sorriso ladino - com você não consigo. Sabe Monalisa - de novo os arrepios sobem pelo meu corpo deixando uma sensação medonha nos meus ossos - você desperta o pior de mim, minha raiva, meu ódio, minha impaciência, minha intolerância...

- Nossa! Isso quase uma declaração de amor. - Sussurro para mim mesma.

- Por isso, pode não enrolar e responder a droga da minha pergunta antes que minha vontade de te esganar apareça?

- O que isso tem a ver com sua vida?

- Tudo. Minha vida está dependendo dessa resposta.

Solto um suspiro audível.

- Acho que sim.

- Acha?

- Esse não é o tipo de coisa que você sabe com certeza de uma hora para outra!

- Conviveu por dois anos com Gulliver e não se apaixonou completa e irrevogavelmente por ele, mas em menos de três meses acha estar apaixonada por alguém?

- A vida é assim, quer que eu faça o quê?! Retire o corpo de Gulliver de onde quer que esteja e passe o resto de minha vida chorando encima de um cadáver que carimbou a autorização da minha morte?

Como Uma RainhaOnde histórias criam vida. Descubra agora