Capítulo 05

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Enquanto as crianças voltavam para a toca na floresta, as notícias corriam na cidade de Eslavish, tudo o que as pessoas falavam era sobre um casal que haviam sidos assassinados em sua casa, o cheiro podre despertou o alerta nos vizinhos, haviam escutado gritos dias antes, mas não se importaram de verificar, e se não fosse pelo cheiro ruim, é de se duvidar que alguém faria algo a respeito como chamar as autoridades.

As autoridades haviam fechado a residência com faixas amarelas para restringir o local, quando entraram foram direto da onde vinha o fedor de morte, quando chegaram, grandes partes dos corpos já estavam comprometidos pelas larvas, o fedor era tão intenso que chegava a causar ânsia nas autoridades.

Embora grande parte danificada e de difícil acesso a visão, dava para ver partes dos corpos mortos desfigurados, como braços, troncos, parte da barriga e do pescoço, como se tivessem derretido de alguma maneira.

Logo após isso a equipe de limpeza e tratamento recolhia os corpos para analises.

Finalmente acharam os documentos do casal e os de sua filha, mas não tinha nem sinal da garota. Após investigarem os vizinhos e recolherem depoimentos, a principal suspeita seria sequestro, pois se tivesse sido um animal a garota teria pedido socorro a alguém.

A hipótese de ser o despertar do poder da garota também era levantada, porém não tinham provas e nem sinal de nada do que teria acontecido.

Enquanto as investigações aconteciam na região central de Eslavish, Alayah estava em seu quinto sono na floresta, no interior da árvore.

E assim como ontem, Luca havia saído para recolher mais algumas frutinhas para eles, Alayah levantava lentamente, despertando tão devagar quanto os seus olhos se abriam, sua mente ainda estava embaçada, aos poucos ela ia conseguindo organizar seus pensamentos.

A menina levantou e já foi em direção ao riacho, seus olhos estavam grudentos, ela juntou um punhado de água nas mãos e esfregou em seu rosto afim de conseguir dar uma limpada.

Depois caminhou até a toca e se sentou ao lado de fora, notou que Luca ainda não havia chegado, então pensou em espera-lo ali enquanto apreciava um pouco da natureza que tinha ao seu redor.

Luca estava demorando mais que o de costume, o que será que teria acontecido? apesar destes pensamentos rodearem Alayah, ela não estava preocupada, sabia que o menino era esperto e rápido.

De longe a menina conseguiu avistar o Luca, correndo de quatro, de volta em sua direção, rapidamente ela se levantou para esperar ele chegar até ela, e em questão de segundos ele já estava parando de pé em sua frente.

- Bom diaa! - Disse ele para ela.

- Você demorou, oque houve? - Ela o questionou enquanto os dois entravam para dentro do interior da árvore.

- Não foi nada, só me atrasei .. - Luca disse a ela desviando o seu olhar para o chão.

Apesar de não se conhecerem a muito tempo, Alayah notou que ele estava mentindo para ela.

- Por que você ta mentindo pra mim? - A garota foi direto no ponto, estava curiosa.

- Ahh-ah, tabom.. - Ele disse baixinho e logo completou - Eu fui até o lugar da onde eu fugi, queria ver se alguém conseguiria fugir de lá hoje, assim como eu. - Ele disse a ela enquanto os dois sentavam lado a lado.

- Mas e se tivessem te pegado ou te visto?! - Alayah demostrou um leve tom de preocupação em sua voz.

- Todo mundo que me vê correndo como um cachorro, pensa que sou um, pois não da tempo de verem tão bem a minha pele por causa da velocidade. - Ele explicou para ela, já havia tentando isso antes nas ruas fora da floresta.

A menina notou que ele estava com uma nova pulseira bem estranha em seu braço, como se fosse apenas um cordão amarrado.
Eles começaram a almoçar, sentados, a Alayah ainda queria conversar com ele sobre o assunto anterior então falou - Como você fugiu da primeira vez? - Alayah o questionou.

E Luca então explicou para ela, a instalação de onde ele conseguiu escapar, era cheio de salas com grades, como prisões. Onde o menino ficava havia mais crianças que ficavam com ele, outras quimeras de diversos tipos diferentes que estavam presas juntas.

Mas na frente da prisão deles, haviam outras salas de prisões separadas, onde ficavam alguns adolescentes e até uns adultos, mas todos separados uns dos outros, e estes haviam em seus corpos partes de ferro, como se tivessem sido modificados, Luca via neles o metal na pele junto dos parafusos visíveis.

Quando havia experimentos, vinham 3 guardas retirar um a um da jaula das crianças quimeras, um guarda se certificava que todos estivessem escorados na parede, longe, enquanto escolhiam uma das crianças para levar para a sala de testes.
Os outros dois guardas algemavam e se certificavam que o escolhido não conseguisse escapar.
Sempre que uma criança voltava, faltava alguma parte do corpo ou voltava com o comportamento estranho e diferente.

Luca uma vez escutou outras três crianças maiores que ele conversando, estavam falando sobre fugir, um deles tinha memorizado os corredores que davam acesso a saída e disse que logo na porta de saída tinha cheiro de morangos. Diziam que seria fácil rastrear o cheiro se algo acontecesse com o que memorizou os corredores.
Luca ouviu a conversa mas se permaneceu em silencio.

No dia em que as crianças colocaram seu plano em pratica três deles ficaram e um fugiu, os guardas conseguiram segurar os três maiores, cada guarda segurou um, mas Luca saiu correndo entre eles, sem nem pensar em mais nada, usou o seu olfato para guia-lo até a saída, sentindo o cheiro de morangos.

Como nenhum outro guarda tinha ciência do que havia acontecido, nem repararam no ''cachorro'' correndo rápido, e, quando um dos três guardas dispararam o alarme de fuga, Luca já estava fora da instalação fugindo.

Em frente a instalação havia uma loja de morangos expostos para venda, por isso o cheiro forte, o que permitiu a fuga de Luca.

Seus instintos o levaram para a floresta, mas ainda nas ruas achou sua pochete, achou ela bonita e se sentiu estiloso com ela e voltou a correr para a mata.

Os dias seguintes para ele foram os piores, se sentia angustiado por ter fugido sozinho e ter abandonado seus amigos, e desde então Luca todo dia corre ao redor da instalação, esperando outras crianças correrem por aquela porta.

Alayah estava surpresa, não esperava receber uma informação tão forte como esta, e mais uma vez olhou para as cicatrizes do menino, por quanta coisa ele deve ter passado?

Ela viu a simplicidade do garoto com um grande olhar de compaixão ao notar novamente a pulseira nova de cordão.

Sentiu seus olhos marejarem juntos ao do garoto e então disse - Pelo menos estamos juntos agora, nada vai mudar isso! - Ela dizia feliz para o menino e abriu um grande sorriso, as lagrimas de ambos cessaram e deram espaço para um novo sentimento que estava surgindo, um sentimento de compreensão, parceria, amizade e de que estavam a caminho de se tornarem confidentes.

A menina da cidade agora estava se tornando a menina da mata, a cada dia que se passava a floresta ia se tornando cada vez mais a sua casa, já havia memorizada grande parte dela, mas ainda havia uma grande mata densa que não tinham explorado.

Seus treinamentos seguiram, embora ainda não acertasse a árvore central, a vegetação e árvores que circulavam a clareira iam desaparecendo, já que todos seus disparos era lá que ela acertava.

Se sentia um pouco besta por ainda não saber direcionar seu poder, mas estava aprendendo a conseguir controlar seus ataques.
Antes para ativa-los ela lembrava do que havia acontecido ao seus pais, entretanto, agora pensava em somente proteger o Luca, para nunca mais algo de ruim acontecer a ele, embora ele nunca soube dessa nova motivação da garota, em nenhum treino o menino faltava, mesmo sem treinar, ele gostava de apenas estar lá, fazendo companhia para a Alayah, para observa-la.

Depois de alguns dias, Luca ainda ficava vigiando os arredores da instalação, esperançoso, mas o resultado era sempre o mesmo, exceto que em um certo dia, ele não havia notado que havia sido seguido por alguém.

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