Capítulo 08

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Os pesadelos de Alayah voltaram para atormenta-la naquele dia, no pesadelo em meio ao breu, na sua frente conseguia ver seus pais parados, desfigurados e ensanguentados, e juntos ambos disseram ''Por que você nos matou minha filha?''.

Logo atrás dos seus pais a menina viu o Luca se aproximando, também deformado e cheio de sangue espalhado em seu corpo, ele parou na frente dela, como os pais fizera e disse a garota '' Não devia ter ficado com você Alayah''.

Depois disso as imagens dos três foram andando e se afastando lentamente da menina, mas antes de desaparecerem completamente eles disseram uma ultima frase para a garota.

''Você é um monstro!''

A mente de Alayah estava totalmente destruída, como se alguém tivesse jogado álcool e chamas a onde cresciam belas flores. Antes aquele terreno na mente da garota já havia sido devastado quando os seus pais morreram, mas agora que estava conseguindo superar o trauma e replantar coisas boas em sua mente, o destino mais uma vez lhe despertou demônios.

Alayah já havia despertado do pesadelo, mas a vontade da garota era de nem abrir os olhos para ver o que estaria em sua frente, sentia em sua pele os ventos a tocando com calma, e os chiados das árvores leves e tranquilizantes, fazendo da vontade de apenas voltar a dormir predominar a garota, mas, mesmo assim, com pouca vontade ela começou a se levantar.

Olhou para os lados e viu que nada havia mudado desde que desmaiou, Alayah sentia uma tristeza profunda ao olhar o corpo de Luca, o corpo já começava a levemente inchar e sua pele estava quase branca como papel.

Alayah soltou mais algumas lagrimas solitárias e insistentes, embora quisesse apenas ficar parada ali, uma decisão teria que ser tomada. Mas antes mesmo de se decidir, havia outra coisa mais importante a ser feita, a menina carregou o corpo morto de Luca até a toca que não estava muito longe deles.

Embora Luca não fosse tão pesado por ser magro, agora estava quase o dobro de seu peso, fazendo a garota até mesmo suar no processo parando para descansar por muitas vezes.

Quando finalmente alcançou a árvore, colocou o corpo do menino dentro dela e junto dele a bolsa do garoto, a menina não queria deixar a bolsa com ele, queria levar consigo para ter uma memoria de recordação, mas se sentia egoísta ao pensar isso, então com muita dor no peito decidir deixar a bolsa com o Luca.

Após penar e lamentar um pouco mais la dentro da toca junto ao Luca, a menina saiu e ficou olhando para o buraco que era a entrada. Alayah estendeu suas duas mãos, e pela primeira vez conseguiu acertar a onde mirava.

Ela acertou vários disparos na terra frente a árvore, fazendo a terra voar e começar a cair fechando o buraco. Após terminar, procurou e colocou algumas pedras pesadas em cima da terra, para que nenhum bicho pudesse entrar.

A garota se sentia estranha, já não havia mais alguém para ela proteger, algo diferente usou para ativar seus poderes. Embora Alayah não saiba, uma raiva densa, estrondosa e devastadora estava crescendo em si, o ódio em sua forma mais pura pelo homem que matou Luca.

Depois de ''enterrar'' Luca, a noite já começava a invadir a floresta e Alayah notou que não haveria mais toca para dormir, nem ninguém para acompanha-la, então começou a caminhar para de volta a cidade, saindo aos poucos de dentro da mata densa.

Em uma hora dessas o homem que matou Luca já havia relatado o ocorrido no dia anterior para a instalação, os superiores já estavam disponibilizando varias pessoas para formarem uma equipe para captura da garota e indo em direção para onde tudo teria acontecido na floresta, com a liderança de Ícarus sobre a equipe, um homem quimera metade leopardo-das-neves, a mesma quimera que havia matado Luca.

Alayah não tinha como saber o que estava por vir, muito menos Ícarus esperava que a garota estivesse vindo de encontro a eles.

A equipe de Ícarus se movia tão rápido quanto o ele, muitos eram silenciosos em seus passos outros não, e tinha alguns que nem desses passos precisavam para se locomover, quanto mais adentravam na floresta mais chegavam perto da garota.

Já estava escuro e a visão de Alayah não era como a de uma quimera, ouvia apenas passos correndo de longe em sua direção, a garota ficou em alerta, paralisada de medo do que seria.

Por instinto se agachou rapidamente, como se seus sentidos tivessem lhe alertado, um disparo de algo passou por onde agora estaria sua cabeça, não viu o que foi disparado, mas ao atingir a árvore atrás dela essa coisa explodiu, fazendo a menina se assustar e se jogar ajoelhada no chão gramado, rapidamente levantou sua cabeça e com o clarão que a explosão causou por trás, Alayah viu os corpos de varias pessoas que a cercavam entre as árvores, inclusive o de Ícarus, e tão rápido como a explosão cessou a iluminação, outro disparo foi efetuado.

Agora o disparo foi errado caindo perto do joelho de Alayah, não errou por inexperiência, mas sim pelo o clarão da explosão no breu da floresta, que causou um pouco de desconforto nos olhos de quem atirava.

Alayah agora enxergou o que estava sendo disparado, viu perto de seu joelho uma pena de ferro que se enfincou na terra, e em sua ponta uma luz vermelha que brilhava indicando o tempo de explosão, quando a menina terminou esse raciocínio seu tempo de reação não foi o suficiente, a explosão a jogou para longe.

Sua mente começava a ficar escura, apesar de a explosão não ter sido direta, o som que fez bem ao seu lado era estrondante, assim como a ardência em seu corpo do lado que as chamas da explosão tocou.

No fundo da floresta ouvia alguém rindo, sua mente logo imaginou que seria o homem que havia matado o Luca, seu ódio mais uma vez transbordou pelo corpo, quando o terceiro disparo de penas foi feito, o corpo inteiro de Alayah brilhava, inclusive as pontas de seus cabelos e o fundo de seus olhos, a pena explosiva ao chegar perto da garota derreteu e seus oponentes se afastaram para analisar os próximos movimentos que ela faria.

A menina quase não tinha controle sobre as emoções que estavam a dominando, fazendo vários pontos de energia radioativa saírem de fininho de sua pele pelo ar, de longe conseguia ouvir alguém a chamando. A menina deu um olhar profundo de ódio e desprezo ao Ícarus e dava para ver sua energia sendo focada nas mão para também atacar seus inimigos, mas Alayah viu a imagem de Luca em meio ao céu escuro, a chamando, flutuando e estendendo a mão para ela.

Não estava raciocinando bem e por instinto tentou alcançar o garoto, e surpreendentemente a menina voou, fazendo sua energia fluir dos pés para fora, impulsionando ela até o Luca que de mãos dadas saiu voando e levava ela para mais ao norte da floresta densa, o lugar a onde ainda não haviam explorado, as emoções estavam a controlando, não conseguia ver nada além da escuridão, era como se a verdadeira Alayah estivesse presa na mente enquanto outra pessoa a controlava.

As pessoas que estavam ali para capturar Alayah não tiveram reação, não tinha o que ser feito pois o voo da garota foi rápido demais, apenas a quimera de assas explosivas tentava acertar as penas mas sem sucesso perante a velocidade da garota.

Um puro ódio saiu da boca de Ícarus, gritando alto e com raiva, como a aquela peste teria olhado com desprezo para ele? aquela coisa.. aquela criança.

O ódio da quimera crescia em uma velocidade horripilante.

Mancha RadioativaOnde histórias criam vida. Descubra agora