O dia estava nublado, com ventos fortes que faziam as árvores dançar uma melodia lenta e triste, Alayah quase conseguia sentir gotas em sua pele, como se a umidade do ar estivessem a consolando.
O som que as árvores faziam quando balançavam suas folhas era quase como um chiado de chuva, a menina notou todos os animais se recolhendo para suas tocas, e os pássaros voando de volta para seus ninhos.
A menina estava para fora do interior da árvore, como de costume esperando Luca chegar, nunca haviam tido combinado, mas a função do menino sempre fora a de recolher as frutinhas para os dois.
Alayah sentia seu coração angustiado, como se algo dentro dela quisesse gritar, avisar, alertar, seus sentimentos foram interrompidos pela cena que viu em sua frente.
A menina desceu seus olhos para a grama distante, e no meio dela viu um rato selvagem caminhando no chão, o roedor foi até o riacho, bebeu um pouco de água e olhou para o céu, como todos os outros animais, ele viu a tempestade que estava a caminho.
O roedor deu meia volta e já estava correndo de volta para o seu ninho, sua ''casa''.
Toda essa cena se passou em questão de segundos enquanto a garota observava, também notou algo na grama se mexendo, se espreitando perto do rato, mas o roedor não notou.
E assim como o sentimento que Alayah já tanto sentiu durante esta jornada, ali estava o exemplo perfeito de presa e caçador, algo que nunca mudaria, algo que já é programado, esperado e natural, o mais forte se sobressaindo sobre o mais fraco, a clara carta que se negou a enxergar, o enredo mais clichê e padrão de todos os livros antes já lidos, o roteiro perfeito que quase todos os filmes tiveram.
E assim como toda essa cena do roedor durou segundos, o ataque de seu predador também. Uma serpente negra pulou e deu o bote no rato, se enrolando e aplicando seu veneno, não demorou muito para a serpente começar a engolir o roedor.
Os olhos azuis que observavam paralisados, logo começou a soltar lágrimas, só então Alayah notou que haviam muitas lágrimas suas caindo.
Somente depois de sentir seu choro quente caiu em si, dispersou seus instintos em uma balançada da cabeça e voltou a pensar em quem realmente importava, Luca.
Parada no mesmo lugar, frente a toca, a garota agora pálida e com frio dos ventos que a abraçavam, esperava o menino sorridente a quem se apegou.
Luca voltava para a floresta depois de mais uma manhã jogada fora, todo dia a mesma esperança, e sempre que voltava para a mata, a mesma angustia.
Mas havia uma diferença nesta manhã, o garoto não havia notado, mas estava sendo perseguido, a única coisa que notou era a tempestade que vinha.
Os ventos estavam jogando contra o olfato do menino e favorecendo o do inimigo, eles se cortavam em sua face e levavam seu cheiro para trás, os ventos tiravam qualquer cheiro dos arredores de Luca, apenas levava os cheiros em contramão a sua corrida, tornando mais fácil ainda a perseguição que acontecia.
Tampouco conseguia escutar muita coisa, o chiado das árvores confundiam seus ouvidos, apenas seguia seu caminho de volta para a toca.
Por um segundo sentiu que seu coração acompanhava o de outro alguém, e sentiu toda a angustia que o outro também estava sentindo. Luca ignorou e voltou a continuar seu caminho aumentando a velocidade, o inimigo até poderia perde-lo de vista, mas conseguiria rastrear seu cheiro.
Ainda era dia, mas qualquer um que olhasse para o céu poderia dizer o contrario, as nuvens densas e cinzentas que fechavam o sol davam o aspecto de inicio de noite.
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Mancha Radioativa
FantasyAlayah Lamoth se vê diante a uma catástrofe, tendo que lidar com as perseguições e assasinatos em massa que acontecem no dia a dia daqueles que possuem poderes. Dada as circunstâncias, o mundo pode ser injusto e cruel, ela tem uma escolha important...