Cap2

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Valentina Torricelli

O caixão descia vagasoramente levando minha paciência junto, o velório havia sido reservado para amigos e alguns aliados das empresas que obviamente tinham envolvimento com a máfia e os soldados que trabalhavam diretamente com Marcello.

A mídia já havia divulgado o acontecido, nas reportagens diziam ser uma tentativa de roubo que acabou em tragédia. Deixei que pensassem assim, afinal para a mídia somos ótimos empreendedores. Não dá pra negar esse fato mas á muito mais por trás das empresas multimilionárias.

Os homens falavam e sofriam por Marcelo, ouvi até discursos de que ele era um bom homem, não posso negar que quase gargalhei na hora que ouvi esses absurdos. Meu pai nunca foi um santo, era um mafioso não tinha um pingo de dó ou arrependimento em tudo o que fazia. Dizem que ele ficou assim depois da morte de mamãe.

Os coveiros tacavam terra sobre o caixão e pude reparar as expressões tristes de alguns dos homens ao meu lado, eu já estava entediada, por sorte as aulas de controle emocional sempre foram ótimas. Virei as costas para o caixão e caminhei em direção a saída do cemitério.

—Pra casa. - falei assim que entrei na velar blindada.

Igor apenas acenou com a cabeça, deu partida no carro e obedeceu as instruções.

***

Ao chegar em casa, Igor e eu caminhamos até o escritório e lá ficamos trabalhando, Igor estava resolvendo coisas sobre alguns de nossos aliados, que supostamente "investiam" em nossas empresas, mas na verdade só ajudavam no esquema de lavagem de dinheiro. Já eu me encontro focada em dígitos e números no computador, a procura de informações sobre o próximo passo dos Blanco.

Ouvimos duas batidas sobre a porta e Igor mandou que entrasse, um dos seguranças que ficavam do outro lado da porta abriu a mesma e nos olhou brevemente.

—Me desculpe senhora. - começou. —Hebert está aqui e deseja falar com a senhora. - Hebert era o braço direito de Marcello.

—Mande entrar. - Igor falou assim que recebeu meu aceno positivo.

O homem entrou e o segurança fechou a porta, continuando ao lado de fora.

—Boa tarde. Preciso conversar com você. - Hebert começou.

—Fale. - O homem olhou para Igor, que se encontrava de pé ao meu lado. —Você tem dez minutos. - falei ao olhar para o homem de cabelos grisalhos. —Tome uma água e volte. - falei para Igor, que se retirou rapidamente.

Hebert puxou a cadeira a minha frente e se sentou, como se tivesse algum nível de intimidade. O observei, cruzei minhas pernas e esperei que falasse.

—Sinto muito pela morte de seu pai. - começou. —Estou aqui pois ele me deixou ordens claras sobre sua posse na empresa. - arqueei as sombrancelhas e encarei seus olhos.

—Agradeço a preocupação, mas dispenso. - tentei soar simpática, mas não ligo se soou tédio ou irritação.

—Valentina, eu. - olhei no fundo de seus olhos e não o deixei terminar a frase.

—Senhora Torricelli. - ele me encarou.

—Como? - questionou e eu quis socar sua cara.

—É assim que deve se direcionar a sua nova chefe. - comentei. —Agora sai daqui.

—Senhora, eu. Sei pai queria que eu lhe treinasse para liderar tudo, serei seu braço direito, estou aqui a algumas gerações de sua família. - Podia ver medo em seu rosto.

—Caso eu precise dos seus serviços eu lhe chamo. - Apontei para a porta e ainda o observava.

—Ainda não acabou meu tempo. - Penetrei meus olhos no dele mostrando estar perdendo a paciência.

—Se eu disse que acabou é porque acabou. - Pude ver medo e raiva em seus olhos. Mas ele obedeceu e saiu dali num instante.

Igor entrou na sala assim que o senhor se retirou, fechou a porta e voltou para seu lugar.

—Está irritadinha valen. - Igor brincou.

—Me atormenta que eu lhe enfio uma das minhas facas enferrujadas. - Retribui a provocação e Igor sorriu. Ele é o único no mundo que zoa  e me desafia sem eu realmente querer matar.

—O que ele queria? - perguntou.

—Estava querendo me ensinar o que eu passei anos aprendendo. - Igor gargalhou a minha fala.

—Sabe que talvez precise dele para ser aceita pelos homens, e ele vai continuar no cargo né, está aqui desde o seu bisavô. - Dei uma risada irônica.

—vão ter que me aceitar com ou sem ele. Eu sou a única da linha de sucessão de Marcello. E fui bem treinada para o cargo. - Igor me olhou orgulhoso.

—Sei que não é isso que quer desde o começo. - Concordei com a cabeça. Igor é o único que sabe o quanto sofri para aceitar esse maldito cargo que me foi imposto desde a infância. —Mas também sei que você é a melhor, e vai se sair muito bem valen.

—Muito obrigada por tudo mesmo. - dei um pequeno sorriso.

—Eu que agradeço por ter me tirado de onde eu estava. Serei eternamente grato, e lhe pagarei com a minha vida caso precise. - Eu não aceito bem o fato de que Igor entraria e já entrou na frente de balas por mim, mas brigar não adiantava, era a decisão dele. Mas eu faria tudo para protegê-lo.

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CAPÍTULO REVISADO!

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