Capítulo 3

12 2 0
                                    

MÊS: Maio

Meu time teve 2 amistosos esse mês e os 2 ganhamos, mas foi muito difícil vencê-los por isso os treinamentos estão mais frequentes e árduos. Meus joelhos doem, principalmente o direito e sinto minha cabeça latejando. Tem como piorar? Acho que sim, sempre tem.
Não posso falar com o Atlas sobre isso, por que? Brigamos. Assumo que sou bastante ciumenta e ele também é, mas ele não admite isso.
No dia, eu estava falando com meu irmão pelo WhatsApp, eu e ele temos muita intimidade e por isso o contado dele está salvo como: V 💞. Quando ele me mandou mensagem de noite, o Altas viu como o contato estava, não, está salvo. Ele se irritou e perguntou quem é, eu expliquei e ele não entendeu, porque a família dele é muito... não sei qual palavra usar, irmãos são irmãos, não existe eu te amo, apelidos carinhosos ou um emoji de coração ao lado do apelido do irmão, isso na visão do pai dele sobre irmãos. Como ele foi criado assim, entendendo ele ficar chateado e não entender que é assim que trato o Vinni.

. . .

De noite, especificamente às 2:34 da manhã, recebo uma ligação da mãe do Altas. Acordo com o barulho, me levanto da cama e vou até a mesa da cabeceira, atendo a ligação, coloco o telefone a 1 centímetros de minha orelha e antes que possa falar qualquer coisa, Alyssa me diz, sua voz exala preocupação e ansiedade:
- Cadê o Atlas? O que aconteceu com ele?
Não recebi notícias dele, não sei o que aconteceu. Digo confusa:
- Não sei doque está falando.
Ela respira fundo, se acalma um pouco e diz:
- O pai dele me ligou e contou que ele sofreu um acidente de carro, você não sabia?
Sinto meu coração parar por alguns segundos, sinto minhas pernas sem força alguma, sento na cama e falo, não sei como minha voz está calma, estou desesperada:
- Eu e ele brigamos, sabe em que hospital ele está?
- Te mando a localização.
Jogo o celular em cima do travesseiro e começo a me arrumar, minhas mãos estão tremendo e muito. Me arrumo em menos de 5 minutos, pego meu telefone, vejo em que hospital meu amado está e saio correndo até lá, chego em 15 minutos e ao ver o pai do Altlas, corro até ele e pergunto:
- Como o Atlas está?
- Em cirurgia.
Sento em uma cadeira perto e respiro fundo, estava segurando o ar desde que entrei no hospital, Brock senta ao meu lado e diz:
- Você sabe como ele é, teimoso
Olho para ele e falo:
- Por que? Como ele sofreu um acidente?
- Ele saiu para jogar bola, um amigo mais velho dele deu uma carona para ele, no caminho... um carro tava correndo e acertou eles na curva da rotatória.
Sinto um nó se formar em minha garganta. Não posso perdê-lo, não agora. Não quero que ele morra brigado comigo.

. . .

Uma enfermeira vai até nós e diz:
- A cirurgia foi difícil, tivemos que amputar a perna esquerda dele.
Brock se levanta e caminha até ela:
- Posso vê-lo?
- Ele já está acordado, a cirurgia terminou há algumas horas, não avisei porque estavam todos dormindo. Um de cada vez pode vê-lo.
Brock olha para mim, entendo o recado, me levanto e a enfermeira me leva até o quarto em que ele está, assim que ela sai do quarto, vou até ele, abraço ele por muito tempo e depois, digo:
- Desculpa ter brigado com você, me perdoa porfavor... você não tava errado, nem eu. Fomos criados de maneira diferentes, por isso temos opiniões diferentes e eu devia ter lembrado disso, desculpa.
Ele beija minha bochecha e diz:
- Eu te perdoou e eu sinto muito por ter ficado bravo, você tem razão, ninguém tinha culpa.
- Todo casal briga, é normal.
- Verdade
Olho para a perna dele esuqerda, vejo somente a coxa dele, a perna dele realmente foi amputada. Ele sorri e diz:
- Meu avô tem uma prótese que ele nunca usou, ele comprou semana passada. Acho que ele pode me emprestar, agora eu sou meio robô, meio humano.
Sorrio, o jeito que ele disse foi fofo e engraçado. Beijo ele e falo:
- Estava preocupada com você, não me assusta assim de novo.
- Sim, senhora. Sabe que não foi minha intenção, né?
- Eu sei... eu te amo.
- Também te amo.

Abraço ele e sinto o ar mais leve agora. Me pergunto como minha vida seria se ele tivesse morrido e como seria a vida dele se eu morresse... ele viveria bem sem mim? Eu viveria bem sem ele? Não quero pensar nisso agora, nem nunca... mas vou pensar um dia. Afinal não sei quando vou morrer, nem como, mas sei que vou.

O Amor Ainda Não Está MortoOnde histórias criam vida. Descubra agora