Capitulo 9

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MÊS: Janeiro

Atlas viajou, me sinto sozinha e triste por estar longe dele. Quando ouço o barulho de notificação, não estou com vontade nenhuma de me levantar da cama, mas levanto do mesmo jeito, pego o telefone e volto a me deitar na cama com ele, em minhas mãos. Sorrio quando vejo quem é, respondo a mensagem:
- Oi! Sim, já acordei.
- Você mudou, não acorda mais depois das 10 da manhã?
- Me respeite!
- Eu respeito!
- Enfim, o que desejas?
- Queria saber como você está.
- Viva, né?
- Também. Ebaaa! 🙄.
- Acordei assim.
- Ele viajou hoje?
- Ontem. De noite.
- Entendo. Sente falta dele?
- Claro que sim. Ele é tudo para mim.
- Que bom!
- Seja sincero, Scar. O que você quer?
- Quer sair?
- Para que lugar do mundo?
- Não sei, lembra de quando andávamos sem rumo?
- Estávamos nos arredores do colégio, é diferente. Agradeço a tentativa, mas tudo que quero é ficar nesta cama.
- Quando estiver mais disposta, me diz?
- Te aviso.
- 👍
Coloco o telefone ao meu lado, penso nessa conversa, penso no meu passado com Scar e por mais que odei senti isso. Assumo que sinto falta de como eramos antes. Mas não vou arruinar meu namoro atual por causa de 1 garoto que entrou na minha vida no passado.

. . .

- Oi, o que está fazendo?
- Tentando não chorar.
- Não fica assim.
- Não é por causa disso que está pensando, vi 1 filme trágico agora. Me sinto depressiva
- Você é.
- Quer ficar solteiro?
- Não, obrigado. Já jantou?
- Já. Minha mãe fez asinha de frango frita. Estava muito bom! E você?
- Miojo.
- Tem momentos em minha vida que penso que você ama mais miojo doque eu. Estou falando sério.
- Não mentiu.
- Me respeite.
- Eu respeito, as vezes.
- As vezes? 5% do tempo?
- Diria 3%.
- Palhaço.
Ele sorri e escuto vozes femininas. Não sei de quem é, mas depois de 15 segundos, ele volta a olha para mim e diz:
- Desculpa, minha madrasta está me chamando para 1 missão. Te ligo amanhã.
- Tchau.
- Cadê o "Eu te amo"?
- Eu te odeio.
- Eu também te amo.
Ele desliga e coloco o telefone em cima do travesseiro. Queria estar olhando para o rosto dele agora, mas ele desligou para fazer algo para a madrasta. Não sei o porquê, mas estou com ciúmes e raiva dela. Acho que sou bem ciumenta, mas não sou possessiva. Eu acho. Decido fazer algo que não faço há... 4 anos. Acho que são 4 anos, não tenho certeza. Não tenho muita noção de tempo.
Pego meu caderno, abro ele e escrevo na 21° página, começo a escrever:

Na solidão, meu coração se desfaz.
Numa tristeza que ecoa sem fim.
As noites são longas, os dias, fugaz, sem teu calor, sem teu amor em mim.

Mas no fundo do peito, uma chama a arder.
Uma esperança que insiste em brilhar.
Mesmo na dor, consigo entender, que em breve tu vais regressar.

A tristeza dá lugar a uma doce melodia.
Um prenúncio de felicidade a dançar.
Pois sinto que o fim da agonia, está perto, estás para chegar.

E assim, na solidão que aos poucos se vai.
Encontro a paz de quem sabe esperar.
Meu amado, minha luz, meu cais.
Voltarás, e juntos vamos sonhar.

Sinto vergonha de mim mesma por ter escrito algo tão... meigo, apaixonado, triste, idiota? Não sei como descrever. Quero abrir um buraco e passar o resto de minha vida dentro desse buraco imaginário. Não sei o porquê, mas pego meu telefone, abro o WhatsApp e mando uma foto deste poema, pelo menos, acho que o nome disso é um poema. Mando a foto para Atlas. Espero que ele não leia agora, espero que ele leia amanhã, quando estiver no colégio, porque ele sabe a hora em que estou no colégio e quando vou embora. Então ele não mandará nenhuma resposta ao meu poema. Sinto vergonha de mim mesma. De ter feito esse poema. De ter ficado tão apaixonada por ele. Meu Deus! Me sinto ridícula.
Fecho os olhos e durmo.

. . .

Não paro de pensar em Atlas e Scar, encontro minha mente em um armagedon quando os 2 estão em minha nela. Fico triste porque Atlas está longe e triste porque sinto falta do romance que vivi com Scar. Me pergunto se ele ainda mora na mesma casa, acho que não. Meus pensamentos param, quando escuto o professor dizer:
- Senhorita Lily, quem foi Hitler?
- Foi 1 político alemão e líder do Partido Nazista.
- Muito bem.
Me impressiono comigo mesma por lembrar disso, agora os 2 saem de minha cabeça e consigo me concentrar na aula, não sei por quanto tempo. Mas agora, consigo.

. . .

A última aula é artes, a que mais odeio. O professor pede que façamos 1 poema sobre depressão, assunto meio estranho, mas farei mesmo assim.

Na sombra fria da mente, um vazio.
Uma noite eterna sem luar.
Um peso no peito, sem alívio.
Uma dor que insiste em ficar.

Os dias são cinzas, sem cor.
Os sonhos se perdem no ar.
Cada passo é um esforço, um clamor, num silêncio que só faz aumentar.

No espelho, um olhar sem brilho.
Reflete a alma em frangalhos.
Buscando um fio, um trilho, na escuridão dos atalhos.

Mas, em meio à tormenta, um suspiro.
Um sussurro de vida a renascer.
A esperança, ainda que frágil, respiro, na promessa de um novo amanhecer.

Mostro para o professor assim que termino, ele lê rapidamente e depois diz:
- Uau! Você é muito boa. Parabéns!
Me sinto envergonha. Odeio mostrar meus poemas aos outros, mas era 1 atividade e precisava entregar.
Volta o armagedon.

O Amor Ainda Não Está MortoOnde histórias criam vida. Descubra agora