• Respostas(?) •

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(7 meses antes.)

- Antônio, você já se decidiu? – Questionava Ângela, à frente de sua casa.

A ilha estava cada vez mais movimentada, desde a notícia de que Antonio estava na ilha a tanto tempo, e a grande pergunta que não se calava, sobre seu futuro.

- Sendo sincero, eu sempre soube a resposta correta para essa situação toda Angel. Espero que ela possa me perdoar.

/ Voltando para aquela noite /

Com a caixa em mãos, Antonio estava sentado na poltrona decidindo o que faria com aquelas informações. Fotos, palavras, os vídeos que havia visto no Instagram da loira, continham ele, mas ele não sentia que era ele mesmo. Todas as memórias, os sentimentos, até mesmo o desejo, não existiam para Antonio. Ergueu seu olhar para Amanda, que se mantinha de cabeça baixa, pés cruzados e mãos tão pequenas, que apertavam a colcha da cama, demonstrando o nervosismo e a ansiedade da mulher. Engoliu a seco, após uma respiração profunda e pausada.

- Eu posso levar isto comigo? Preciso de ler, entender e tentar sentir quem sou pra você, e você pra mim. Posso?

- Sim. Todas elas são para você, nada seria mais justo. Eu estarei aqui esperando, até que você termine de ler e possa me dar uma resposta. Eu entendo, eu não existo em sua memória, como você na minha, mas espero que estas cartas te façam compreender o que passamos, o que somos.

- Obrigada Amanda. Eu prometo que farei o meu melhor.

Antonio levantou da poltrona, com a caixa fechada em mãos. Se aproximou de Amanda, e como uma mania, beijou a testa da loira.

- Me espera, por favor.

Amanda apenas concordou. O coração disparado em ver seu marido tão perto, o cheiro dele, o toque quente dos lábios. Ela esperou tanto por este dia, e o máximo que pode fazer é observá-lo e aguardar.

Antonio saiu do quarto a passos largos. Os pensamentos bagunçados, doloridos até mesmo enquanto andava para fora da pousada, em direção a caminhonete. Entrou na mesma, ligou o rádio e deu partida, dirigindo em direção à praia no lugar mais deserto que ele podia pensar. Ao chegar ao local, estacionou próximo a areia, pegou a caixa, foi a beira das rochas e se sentou, onde a água batia em seus pés de forma calma pela fraca onda que se quebrava a metros antes nas rochas, e chegava suave até ele. Recuperando a coragem que ele havia perdido dentro do carro diversas vezes, pegou a primeira carta.

• Pensamentos •

Carta 1 – Grávida. Ela estava esperando mais um filho. Será que ela perdeu? Ela tem apenas dois meninos e uma meni... Será que era engano? Eu... Eu sempre quis uma menina... Seria incrível ter uma filha, poder cuidar e proteger a ela. Caramba.

Carta 2 – Promessas... Eu realmente odeio quebrá-las. Os filhos dela parecem ser espertos e são fortes. E são gêmeos, que benção em dobro ela teve. E eu também. São meus filhos, eu sei que são. Mas eu não os sinto... Que pai de merda vocês tem.

Carta 3 – Eu sinto muito Amanda. O sofrimento que causei a esta mulher. Com um mês do meu acidente... Eu já estava consciente, eu poderia ter voltado. Mas eu não sabia que havia para onde voltar. Destruída? Foi assim que eu lhe deixei? Caramba. Que inferno eu a deixei.

Carta 4 – Eu amo violeta. E preciso ver esse tal bruxo. Sentiu falta de discutir comigo? Isso me fez rir. Eu sou insuportável em discussões, não largo o osso. Você realmente me amava.

Carta 5 – Então é essa a sensação fria que sinto? O vazio? Era você quem preenchia e...

A dor de cabeça volta, a pontada forte na nuca, os flashes...

(27/08/2014)

- Antonio!

Amanda corria pela casa, procurando pelo marido. Clara corria atrás dela, quase gritando junto enquanto segurava a caixa do teste em mãos. Antonio ao ouvir os gritos, levantou rapidamente do sofá e foi em direção as escadas.

- O que?! O que houve?!

- EU ESTOU GRÁVIDA!












(Voltando a si)

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